Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 19 de dezembro de 2021

Pelourinhos 39 / Igrejas 88 / Municípios 22 - Palmela

 * Victor Nogueira


2021 12 19 Fotos victor nogueira - Palmela - pelourinho e Paços do Concelho


Ns encosta, já fora das muralhas da antiga vila de Palmela e circunvizinhos situam-se  o pelourinho, os Paços do Concelho e as Igrejas da Misericórdia e de S. Pedro, com a torre de menagem do castelo lá no alto.






Igreja da Misericórdia e pelourinho, na Praça Duque de Palmela

«A importância de Palmela no contexto da península de Setúbal remonta, verdadeiramente, ao domínio islâmico, altura em que as estruturas existentes no topo do monte (algumas de cronologia romana) foram transformadas num poderoso castelo, que, ano após ano, a arqueologia vai dando a conhecer (FERNANDES, 2004). Depois das conquistas de D. Afonso Henriques, em 1147, a fortaleza foi doada à Ordem de Santiago, que aqui estabeleceu comenda, passando, já no século XV, a ser sede da instituição. Data dessa altura a construção da Igreja de Santiago, principal monumento religioso da vila, e o convento anexo, transformado, no século XX, em pousada. Com a instalação dos santiaguistas, Palmela alcançava o momento de maior apogeu, instituindo-se como ponto fundamental na ordem interna nacional quatrocentista.

A construção do actual pelourinho, em 1645, (muito provavelmente em substituição de um outro, contemporâneo do foral que D. Manuel passou a 1 de Junho de 1512), não se relaciona com aquele momento de importância de que a vila desfrutou na Baixa Idade Média, mas já com um período de relativa decadência. Localizado na principal praça da vila baixa, a que se desenvolve fora das muralhas do castelo e pela colina em direcção ao vale, confrontando com a Igreja da Misericórdia, ele constitui uma das mais interessantes peças de património urbano da época moderna da localidade.

Realizado em calcário da região, compõe-se por três partes, claramente diferenciadas na vertical. A base é hexagonal e em forma de caixa, definindo pequenas molduras em cada face, e assenta sobre plataforma octogonal de dois degraus. A coluna possui fuste cilíndrico liso, separado da base por dupla moldura circular, e capitel cúbico pouco pronunciado decorado inferiormente por folhas de acanto. Nas quatro faces do capitel, existem outros tantos ganchos de ferro, rematados com figurações zoomórficas, que constituem os elementos restantes do tempo em que o pelourinho serviu de forca da vila. O monumento é coroado por ligeira base, com a inscrição comemorativa da sua construção, a que se sobrepõe o brasão nacional, coroado e rematado por cruz axial, e ladeado por uma palma, "possível ligação ao topónimo Palmela" (MALAFAIA, 1997, p.298).

Aquando da extinção do concelho, em 1855, o pelourinho foi apeado e armazenado, voltando ao seu local de origem em 1908, por vontade e acção da população que, por essa altura, lutava pela restauração do concelho, algo que só viria a acontecer a 8 de Novembro de 1926, depois de instaurada a 2ª República.

Em adiantado estado de degradação, até há alguns anos, o monumento foi objecto de um restauro técnico em 2002. Com efeito, "as superfícies da pedra encontravam-se contaminadas com crostas negras", os elementos em ferro estavam corroídos, o que havia conduzido à "fractura e fissuração dos elementos pétreos" e a uma "acentuada inclinação e deformação do topo da coluna", desequilibrando-se, desta forma, o conjunto (VARANDAS, 2003, p.33). Entre os trabalhos de consolidação efectuados, destacam-se o desmonte do coroamento, a substituição dos elementos em ferro, a escovagem mecânica a seco e a limpeza húmida das superfícies pétreas e ainda o refechamento de juntas por argamassa (IDEM, p.33), medidas que contribuíram para o total restauro do conjunto e para uma muito melhor ligação afectiva da comunidade com este antigo símbolo de liberdade e de autonomia concelhias.»  (PAF - DGPC)


A igreja da Misericórdia de Palmela é um templo do final do século XVI, de uma só nave com revestimento de azulejos do século XVII do tipo "tapete" e altar de talha dourada. Situada no Largo do Pelourinho, esta igreja tinha na ala contígua o antigo Hospital da Misericórdia, que actualmente foi renovado e abriu como alojamento local, tendo como nome Porta da Arrábida.





Igreja de S. Pedro e Paços do Concelho



Paços do Concelho - Edifício presumivelmente do século XVII sofreu ao longo dos anos várias intervenções. O Salão Nobre serviu como Tribunal no século XVIII e, poucos anos após o terramoto de 1755, funcionariam no edifício conjugadamente o Tribunal, a Câmara, o Açougue e a Prisão.   O Salão Nobre ostenta uma galeria de retratos de reis de Portugal – do Conde D. Henrique a D. Manuel. Em 2019 começou um programa de recuperação destas pinturas murais e do ptóprio edifício, que as fotos documentam.

A Igreja de S. Pedro, matriz de Palmela, remonta ao século XVI, apresentando três naves com colunas toscanas e revestida interiormente por painéis de azulejos barrocos datados do século XVIII, historiando cenas da vida do orago, para além dum importante conjunto escultórico e pictórico setecentista.

Fotos em 2021 12 18 (Canon 199.12)

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em Palmela


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