Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 8 de agosto de 2009

1884: Filme de rolo substitui a chapa

Calendário Histórico

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Em 8 de agosto de 1884, foi dado um passo revolucionário na fotografia. Dois inventores norte-americanos pediram a patente do filme de rolo. Até então, cada foto era gravada numa chapa.

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Uma fotografia era um presente muito especial no século 19, porque qualquer retrato implicava muito trabalho. Não dava nem para pensar num instantâneo que registrasse um momento agradável. O grande empecilho era o longo tempo de exposição. É por isso que as velhas fotografias mostram pessoas rígidas, com expressões de quem está fazendo esforço e olhares parados.

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Esforço também tinha que fazer o fotógrafo, até porque muitos lugares pitorescos não eram de fácil acesso. O fotógrafo profissional Wim Cox recorda todo o sacrifício para fazer uma única foto:

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"Como nem sempre se chegava de carro até o local, era preciso carregar todo o equipamento: uma sacola de couro com a câmera e parte das chapas, o back com o resto das chapas e mais uma sacola com as objetivas. Então se escolhia o local para armar a câmera e também a objetiva a ser usada, pois não havia como ampliar as chapas. Faziam-se então negativos, que eram copiados. Não havia ampliações. As cópias eram no tamanho da chapa original".

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Câmeras conforme o tamanho da foto

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Em outras palavras: quem quisesse fotografias de diferentes tamanhos, precisava de câmeras de diferentes tamanhos. A técnica fotográfica foi criada pelo pintor Louis Jacques Daguerre. Fascinado pela "arte de pintar com luz", ele desenvolveu o "daguerreótipo". Na sua época, fotografar era algo somente para intrépidos profissionais, o que mudou totalmente a partir de 1884.

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Foi quando George Eastman e seu amigo William Walker registraram a patente do filme de rolo. Com um adaptador, ele podia ser fixado a qualquer câmera que funcionasse à base de chapas. Karl Steinfort, da Sociedade Alemã de Fotografia, descreve a importância da invenção de Eastman:

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"O decisivo foi que, a partir de então, a pessoa que fotografasse só precisava fazer o que qualquer um sabe fazer: focalizar o motivo e apertar o botão. Todo o processo seguinte, a revelação do filme, era feito industrialmente no laboratório. Na época, comprava-se uma câmera com um filme de rolo para cem exposições. Quando ele chegasse ao fim, mandava-se revelar no laboratório de George Eastman, com câmera e tudo. Recebia as cem fotografias prontas e a câmera com um novo filme de rolo, de modo que quem pudesse pagar pelo equipamento e o serviço podia fotografar".

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Surgia, portanto, algo assim como o primeiro modelo das atuais câmeras descartáveis. A firma de Eastman, aliás, continua firme no ramo da fotografia. Seu nome: Kodak. No entanto, o início da fotografia como hobby não significou automaticamente o fim das câmeras com chapas. Fotógrafos profissionais continuam trabalhando com elas até hoje.

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O que fizeram foi substituir a chapa de vidro primeiramente por papel fotográfico e depois por filme plano. Para grandes formatos, essa técnica continua sendo insuperável, pois a exposição e a nitidez podem ser reguladas com maior precisão do que com as modernas câmeras fotográficas de tamanho pequeno.

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Técnica antiga é boa para aprender a fotografar

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O que Wim Cox também ressalta é o "efeito pedagógico" da fotografia com chapas: "Foi com ela que aprendi a ajustar direito e fazer boas fotos do ponto de vista formal. A questão é tratar, desde o começo, de não fazer erros, então se consegue ser muito preciso e exato. Naturalmente que assim se perde a espontaneidade e a vivacidade da fotografia".

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Instantâneos não combinam mesmo com a velha câmera de chapas. Fato é que, sem o filme de rolo, o foco automático e a regulação automática do diafragma, a fotografia não seria tão popular como hoje.

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Julia Bernstorf (ns)

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in DW World - 2009.08.08

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