Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Pelourinhos 20 / Igrejas 84 / Municípios 04 - Lisboa

 * Victor Nogueira

Paços do Concelho e Pelourinho

«Embora com data desconhecida, o primeiro pelourinho da cidade de Lisboa foi referido pela primeira vez no final do século XIV. Pela atribuição do foral de D. Afonso Henriques, em 1179, terá sido erguido um pelourinho, embora não haja informações sobre o mesmo.

Antes do terramoto de 1755 o Largo do Pelourinho situava-se no lado oposto da Praça do Comércio, junto de onde é hoje a Rua dos Fanqueiros e junto da Muralha Fernandina.

No século XVI este largo passou a ser denominado de Pelourinho Velho, fazendo notar que já existiria um novo. Este poderia ser uma coluna autorizada por D. Manuel I em 1510 para substituir as de madeira. Este Largo do Pelourinho Velho foi um dos espaços totalmente destruídos pelo terramoto de 1755, e com ele a coluna que ali existiria, segundo as imagens desse tempo.

O Pelourinho atual foi erguido no espaço onde hoje de situa, que se passou a denominar de Largo do Pelourinho. Em 1886 teve a nova e definitiva denominação de Largo ou Praça do Município. O Pelourinho foi construído depois do terramoto de 1755, em ferro, mármore e cantaria, ao contrário da maioria dos pelourinhos, para substituir o anterior que ficou destruído com o terramoto. 

Embora oitocentista, mostra sinais do estilo manuelino, possivelmente sinais do pelourinho manuelino original. O pelourinho atual é uma coluna monolítica (uma só pedra) em mármore de Pero Pinheiro sobre uma base octogonal de cinco degraus em cantaria calcária. Em estilo revivalista, a coluna é formada de três colunelos torsos de secção octogonal e lados côncavos. Um bolbo torso encima a coluna e serve de suporte à base do fuste. Este assenta sobre um tabuleiro duplo quadrangular, sustentando um plinto bojudo com concheados e motivos vegetalistas. O conjunto é encimado por um tabuleiro oitavado e sobre ele uma esfera armilar a rematar o conjunto.

No início o pelourinho tinha os 4 ganchos metálicos numa cruzeta de ferro, habitual nos pelourinhos, e um gradeamento, que foram entretanto retirados. »

(Visitar Portugal,https://www.visitarportugal.pt/lisboa/lisboa/santa-maria-maior/pelourinho)

Ao lado dos Paços do Concelho situa-se a antiga  Igreja de S. Julião. «A primitiva Igreja de S. Julião não se encontrava no local que ocupa hoje, mas sim a norte da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira (cruzamento da Rua de S. Julião com a Rua Augusta).

Com a destruição causada pelo terramoto de 1755 a igreja foi reconstruída no local onde outrora se erguera a Patriarcal de D. João V, igualmente arrasada pela catástrofe. A reconstrução foi concluída em 1802. Catorze anos depois, um incêndio destruiu o recheio do templo, que teve de sujeitar-se a novas obras, as quais se prolongaram até 1854.

Em 1910, o Conselho Geral do Banco de Portugal decidiu comprar a antiga Igreja de São Julião e os seus anexos, devido ao crescimento do Banco. De 1910 a 1933 decorreram as negociações entre o Banco de Portugal e a Arquiconfraria de São Julião. Em 7 de junho de 1933, foi celebrada a escritura de compra e venda do edifício, altura em que foi dessacralizada.

Em 30 de novembro de 1938, o Banco submeteu à Câmara Municipal de Lisboa (CML) um anteprojeto elaborado pelo arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, a fim de substituir por um único prédio os diversos edifícios que constituíam o conjunto da sede e da antiga Igreja de S. Julião e anexos. Todavia, esse requerimento não teve resposta favorável da edilidade.

Posteriormente o Banco decidiu aproveitar os espaços disponíveis para áreas técnicas, casas fortes, arquivos e, ainda, estacionamento temporário para cargas e descargas de materiais, equipamentos e pessoas.

A decisão para a reabilitação e restauro do edifício da Sede do Banco de Portugal foi tomada em 2007, tendo em conta a necessidade de reabilitação geral do edifício, incluindo o seu reforço estrutural; o cumprimento dos eurocódigos em termos de resistência antissísmica e proteção contra incêndios; a adoção de vários dispositivos de segurança e de saídas de emergência; e a instalação do Museu do Dinheiro.» (Museu do Dinheiro, in https://www.museudodinheiro.pt/patrimonio/1/antiga-igreja-de-s-juliao)

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