Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Entardecer em Setúbal, visto das escarpas de S. Nicolau com o estuário do Sado como fundo


* Victor Nogueira  texto e fotos
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A tarde esteve soalheira mas com núvens brancas, o estuário do sado refulgia como se um espelho levemente ondulado fosse e as gaivotas esvoaçavam em terra, sinal de que - segundo a popular sabedoria - haverá tempestade no mar. Mas ... para cada situação, há (quase) sempre um provérbio que afirma o seu contrário ou contraditório. Pescando na Proverbial, convém estar sempre de bem com Deus e com o Diabo, não vá este tecê-las.

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Nascer do Sol em Setúbal visto do alto da torre no cimo duma encosta

* Victor Nogueira (texto e fotos)
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A manhã está nevoenta e parece ter chovido. Ao alvorecer gaivotas em bandos esvoaçavam defronte à minha casa, em voo gracioso, ora batendo as asas com elegância, ora planando calmamente, demasiado rápidas para conseguir "fixar" o seu voo pela máquina fotográfica. A bola de fogo levantando-se no horizonte estava encoberta pelas nuvens alaranjadas e o estuário do Rio Sado parecia um rio prateado serpenteando languidamente pela planície. Pura ilusão pois o estuário é como se fosse um lago. A manhã está desconfortavelmente plena de humidade, que se infiltra desagradavelmente pelo meu corpo. Neste alto da torre no cimo duma encosta mal se distinguem os sons na avenida, lá em baixo, cheia de movimento do trânsito automóvel: agora um autocarro depois uma motorizada ou um automóvel, com o ruído de fundo continuo do que parece ser um aparador de relva no Parque Verde. Parece mas não deve ser.

[Nalgumas das fotos ficaram gaivotas mas a velocidade de obturação era demasiado lenta e surgem "desvanecidas", apenas uma informe mancha, como se fosse impreciso novelo]
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Amanhecer 
Quase noite, quase luz, quase som, quase silêncio, quase sono, quase sol, quase bruma
quase asa, quase água, quase areia, quase negro, quase azul, quase mundo, quase flor, quase riso, quase mágoa,
quase fogo, quase paz, quase prosa, quase poesia …
tudo magia!


1 de Novembro de 2011 às 0:27 · 

Setúbal - Doca da Pesca - Ainda a parada de golfinhos





quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mostra faz retrospectiva do fotojornalismo



27/10/2011 | NA ÚLTIMA DÉCADA

Tragédias, mas também registros de momentos bons, descontraídos, algumas curiosidades, tudo isso pula aos olhos nas fotografias da mostra "Testemunha Ocular", que o Senac Lapa Scipião, em São Paulo, exibe para o público. A exposição, que apresenta 682 imagens realizadas por fotojornalistas da Associação dos Repórteres Fotográficos do Estado de São Paulo (Arfoc), é uma retrospectiva dos últimos dez anos, um panorama de fatos e cliques espontâneos que reavivam a nossa memória recente. O fotógrafo Erick Pinheiro, do jornal Cruzeiro do Sul, participa da exposição, que reúne 229 profissionais. Bruno Cecim, que trabalhou no jornal Cruzeiro do Sul, também tem foto na mostra. A imagem foi feita enquanto ele trabalhou neste jornal.

"Os anos passam e as questões continuam as mesmas, como violência, enchente, corrupção e meio ambiente, por exemplo", diz o curador da mostra, João Kulcsár. Infelizmente, constatação inevitável.

O olhar crítico e ágil do fotojornalista o diferencia dos outros fotógrafos conceituais, como diz Kulcsár. Aliado ainda a essa característica há o fato de que as imagens realizadas por repórteres fotográficos são "mais populares e fáceis para as pessoas", o que faz da mostra, enfim, uma contribuição para "uma forma de alfabetização visual". "Os fotojornalistas são nossa memória do País e da sociedade e deveria ser dado mais valor a essa missão", afirma Kulcsár. A exposição, assim, é um apanhado de fotografias que foram destaques, entre 2000 e 2010, em jornais e revistas do Brasil de peso, como o Cruzeiro do Sul, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, Veja e Época, entre outros, e as veiculadas por agências.

Todo ano a Arfoc-SP, presidida por Paulo Whitaker, promove uma retrospectiva com obras de seus associados, e desta vez, em parceria com o Senac, a entidade apresenta um panorama bem mais amplo, de uma década. Do total de imagens selecionadas para a exposição, 105 estão apresentadas em painéis, impressas em diferentes formatos e reunidas nos núcleos temáticos Conflitos, Meio Ambiente, Esporte, Política e Cidades. "Usamos o conceitos dos cadernos de jornais, por áreas", diz João Kulcsár. Já as mais de 500 outras fotografias escolhidas para a mostra são exibidas por meio de projeção multimídia.

Os segmentos não deixam de prestigiar imagens que estão em nossa (triste) "memória afetiva", que lembram fatos marcantes como o caso da morte da menina Isabella Nardoni (2010); o episódio da universitária Suzane Von Richthofen, envolvida no assassinato de seus pais (2002); ou o desastre, em 2007, com o avião da TAM, que deixou 199 mortos no Aeroporto de Congonhas. Mas é também dos núcleos Conflitos e Cidades que florescem muitas das obras a revelar a parte cultural e estética do cotidiano.

A mostra, futuramente, vai passar por outras unidades do Senac, entre elas, do interior de São Paulo. A exposição, ainda, promove debate aberto ao público na segunda-feira, às 19h15, com a participação do editor de fotografia da Folha de S. Paulo, João Wainer, e com Juca Martins, da Agência Olhar Imagem.

A exposição fica em cartaz até 17 de novembro. Os horários de visitação são os seguintes: de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados das 9h às 16h. O Senac Lapa fica na rua Scipião, 67 - Lapa; São Paulo. A entrada é franca. Informações: (11) 3475-2200.


Parque Verde da Lanchoa e jardim suspenso no alto da torre no cimo duma encosta

* Victor Nogueira