Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Trabalhos agrícolas no mindelo 01

* Victor Nogueira
(texto e fotos)


OS TRABALHOS NO CAMPO DE MILHO






No quintal tem sido tempo de arrancar a maioria das plantas, de podar a palmeira e de preparar a terra para as sementeiras que serão quando for a próxima Lua Nova. Preparava-me para sair, aproveitando o tempo soalheiro, deslocando-me a Vila do Conde ou mais adiante para tomar café com a menina da Póvoa. Mas de repente um cheiro incomodativo feriu a minha pituitária e apercebi-me que no campo defronte de mim começara a adubagem do terreno com água choca, isto é, com água das pocilgas, pelo que resolvi fazer a reportagem fotográfica da faina agrícola. 

Uma tarde destas quando saí ainda o milheiral estava ali, mas quando regressei ao anoitecer já fora tudo colhido mecânicamente. Já não há desfolhadas, eiras e cantorias ou milho rei.

Os trabalhos hoje foram pois a adubagem do campo seguida da sua aragem, o depósito e o arado puxados por tractores, cada um com seu condutor, o ar empestado. O que me recorda as moscas, que aqui mais parecem carraças ou sarna, habituadas  que estão ao gado, aparentemente imunizadas aos insecticidas domésticos. E desde ontem provocaram-me uma intensa comichão com três babas que me puseram no braço, aparentemente resistentes ao Fenistil e aos anti-histamínicos.. Nem tudo são rosas e doce lirismo nos bucólicos campos (en)cantados por poetas e poetisas.


1. Antes e depois da colheita






2. - Adubagem








 3. Aragem ou gradagem











 (nas fotos acima vê-se em duas "folhas" o campo que está estrumado e o que não estava ainda)







4. - Fim dos trabalhos




salvo  "Antes e depois da colheita", as fotos foram tiradas em 2016.10.25 / 26 

terça-feira, 25 de outubro de 2016

sic transit gloria mundi - a vivenda N. Senhora do Carmo, em Setúbal


* Victor Nogueira
(texto e fotos)

Este é um dos edifícios em ruína e condenados ao camartelo, tal como a vivenda na Av. dos Combatentes, ambos do estilo "Casa Portuguesa" do arquitecto Raúl Lino, autor dos projectos dos Paços do Concelho e do degradado e vandalizado Palácio da Comenda. Ao camartelo não escapou a Vila Maria (na Cachofarra) e estarão também condenados o Palácio Feu Guião e o Palácio dos Cabedos, tendo sido poupado o mirante situado no entroncamento da avenida Antero de Quental com a estrada dos Ciprestes. integrado no Parque Urbano da Várzea. Este mirante é possivelmente  um dos primeiros exemplares em betão armado, feito em Portugal. Mas voltemos à Vivenda de N Sra do Carmo, de que a seguir se reproduzem fotos de maquete existente no Museu  do Trabalho Michel Giacometti, executada por José Gregório.







Vivenda N. Sra do Carmo - Maquete executada por José Gregório

A Vivenda N. Sra do Carmo possuía um solário ou varanda envidraçada e garagem, mas não era, pela sua dimensão, uma das mais faustosas. Contudo o seu proprietário marcou/ostentou nela e publicamente a sua posição, com painéis de azulejos reproduzindo a sua figura (em corpo inteiro), a a da esposa (busto) e barcos, para além da reprodução de imagem de N. Sra do Carmo. Tal como escrevi a propósito de outro edifício: Sic transit gloria mundi e o Palácio dos Arciprestes 
















fotos tiradas em 2016.06.17

ADENDA
 - outros exemplares  da "Casa Portuguesa", em Setúbal  (1)


Bairro Salgado - Rua Garcia Perez, 36



Vivenda na esquina da Avenida dos Combatentes com a Rua Dr. Aníbal Álvares da Silva


(1) Fotos retiradas de  TIPOS DE ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO: UM EXEMPLO PORTUGUÊS, por Luísa Silva,  in http://www.ipernity.com/blog/271077/453693

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

upload fotos - Setúbal - a escola 1º de Maio e o Parque da Lanchoa


* Victor Nogueira
(texto e fotos)

Onde hoje é a Avenida Bento Jesus Caraça e o Parque da Lanchoa eram o Bairro (de lata) Mal-Talhado e campos agrícolas onde pastavam ovelhas e cabras e existia uma nora que foi desmantelada. A demolição de casas do Mal Talhado permitiu a abertura da avenida, que no entanto se interrompia perto da Escola, devido à existência duma casa (à direita, na 1ª foto) que foi demolida em duas fases: na 1ª permitia a circulação numa das faixas e depois da demolição total a circulação nas duas e nos dois sentidos.

O Parque esteve para não ser construído. Com efeito, em 1986 o recém eleito Presidente da Câmara,, Mata Cáceres, numa entrevista a um jornal da cidade afirmou que aquele projecto era uma loucura dos técnicos da Autarquia e que aquele espaço seria para construir prédios. O não ter a maioria absoluta e a oposição da JF de S. Sebastião impediram a betonização do espaço, embora o Parque tivesse ficasse amputado  relativamente ao projecto inicial, com a construção de duas bandas de edifícios de habitação.

Construção da Escola Primeiro de Maio




Construção do Parque Verde da Lanchoa




vista actual do Parque e da Escola Primaria



domingo, 23 de outubro de 2016

Cecil Beaton: retratos com câmara e caneta

 
(actualizado às )

Fotógrafo britânico escrevia sobre as estrelas que passavam pela sua objectiva e era muitas vezes brutalmente honesto.
 A avaliar pela quantidade (e qualidade) das exposições e livros que lhe têm sido dedicados nos últimos anos, talvez não seja exagero dizer que o britânico Cecil Beaton (1904-1980) se tornou tão famoso como as estrelas que fotografou durante mais de 50 anos. Estrelas do cinema e da música, das artes plásticas e da literatura, como Marilyn Monroe, Greta Garbo, Grace Kelly, Mick Jagger, Colette, Francis Bacon, Aldous Huxley ou Lucian Freud passaram pela sua câmara e também pelas páginas do seu diário tantas vezes cínico e corrosivo, que manteve entre 1922 e 1980.
Cecil Beaton: Portraits & Profiles (edição Frances Lincoln, 2014), compilação organizada pelo seu biógrafo, Hugo Vickers, já tem uns meses nas prateleiras das livrarias mas merece bem um olhar mais atento e pode ser uma boa sugestão para as festas que se aproximam. Porquê? Porque é um volume que combina a fotografia sofisticada de Beaton, tantas vezes elogiosa para o modelo, com excertos dos seus textos cuidados e francos – é o mínimo que se pode dizer – que chegam a raiar o insulto quando se trata de falar, por exemplo, da designer de moda Coco Chanel ou da actriz Elizabeth Taylor. Comum aos dois registos - o da câmara e o da caneta, ambos reflexo de um autor talentoso – é o olhar incisivo do homem a quem se devem retratos icónicos do século XX e a quem, graças aos comentários verrinosos e cheio de duplos sentidos, o poeta francês Jean Cocteau chamava “Malice in Wonderland”.
 “Ele era um homem de grande inteligência visual”, escreve Hugo Vickers na introdução de Portraits & Profiles, um texto curto em que fala um pouco do seu método de trabalho quando fotografava em estúdio – foi também repórter de guerra (norte de África, Médio Oriente e Índia), escritor, figurinista, cenógrafo e decorador de interiores – e do seu hábito de registar em palavras os seus modelos, fosse em frases soltas, fosse em forma de pequenas biografias. “Cecil identificava as falhas de cada um e trabalhava para as eliminar”, explica, acrescentado que o britânico fotografava quem queria e que foram poucos os que lhe disseram “não” (a escritora Virginia Woolf está entre eles).
Com Audrey Hepburn, por exemplo, Beaton escolheu uma pose para lhe esconder o pescoço demasiado fino, o queixo pontiagudo e o nariz longo, escreve o biógrafo e organizador do volume. Com Marilyn Monroe decidiu persegui-la pelo seu quarto de hotel durante 45 minutos, disparando sem parar. Quando se sentou para escrever sobre ela, mal deu por terminada a sessão, fez notar a sua ingenuidade, falou de uma criança a brincar no mundo dos adultos e vaticinou-lhe um fim triste: “A sua voz tem a sensualidade da seda ou do veludo”, diz, e a “verdade desconcertante é que Miss Monroe é uma sereia de faz-de-conta, tão pouco sofisticada como uma criada do Reno, tão inocente como um sonâmbulo”.
Já com Liz Taylor, Cecil Beaton foi tudo menos complacente - “Ela é tudo o que eu não gosto”, escreveu. “Sempre abominei os Burton [Liz e o marido, o actor Richard Burton] pela sua vulgaridade”, admite, indo ainda mais longe: “Os seus seios, enormes e caídos, eram como os de uma camponesa a amamentar o filho no Peru”, “comparada com ela, qualquer pessoa é delicada”.
Mas nem só as actrizes passam pelos seus settings elaborados – para Beaton, pensar a fotografia é, antes de mais, pensar o cenário em que ela acontece - nem pelas páginas dos seus cadernos. O artista plástico Salvador Dalí tinha mau hálito, o pintor Lucian Freud revelou-se um “ser humano profundamente vibrante” e o amigo Francis Bacon era de um “charme tremendo”; Aldous Huxley, como acontece com muitos dos “altamente inteligentes” era “a simplicidade em pessoa”; e Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, tinha um talento “natural” para posar, com “uma figura, mãos e braços extremamente femininos” e, apesar de “sexy”, com um género impossível de definir: “Ele podia ser um eunuco”, concluiu.
As fotografias de Cecil Beaton e as suas pequenas biografias são crónicas de época escritas por um snob que não se importava nada de o ser. E ainda bem.
Lucian Freud
CORTESIA: CELIL BEATON - PORTRAITS & PROFILES


Cecil Beaton
CORTESIA: CELIL BEATON - PORTRAITS & PROFILES

https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/cecil-beaton-retratos-com-camara-e-caneta-1678049

sábado, 22 de outubro de 2016

J.J. Castro Ferreira - Oeiras - O Parque dos Poetas

fotos jj castro ferreira







Parque dos Poetas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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O Parque dos Poetas é um projecto da Câmara Municipal de Oeiras que pretende homenagear a cultura portuguesa. Foi inaugurado em Junho de 2003, proporcionando um espaço de lazer, de cultura e de desporto, procurando cruzar a poesia e a arte dos jardins.
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Tem jardins, alamedas, parque infantil, fontes, parque de merendas, anfiteatro ao ar livre, entre outras possibilidades a descobrir.