Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Pelourinhos 33 - Loriga (Seia), Maiorga (Coutos de Alcobaça) e Longroiva (Meda)

 * Victor Nogueira 


2021 12 13 Pelourinhos -  Loriga (Seia) Foto Isabel R.-   Maiorga (Coutos de Alcobaça) e Longroiva  (Meda) Fotos victor nogueira 

Loriga era vila sede de concelho desde o século XII, tendo recebido forais em 1136 (João Rhânia, senhorio das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas, no reinado de D. Afonso Henriques), 1249 (D. Afonso III), 1474 (D. Afonso V) e 1514 (D. Manuel I).   Deixou de ser sede de concelho em 1855 após a aplicação do plano de ordenação territorial levada a cabo durante o século XIX. O pelourinho (século XIII reconstruído) encontrava-se erguido num pequeno largo da povoação até finais do século XIX. Rendo entretanto dido demolido, ficaram apenas uns poucos escritos e relatos verbais transmitidos através de gerações que deram sempre conta da existência desse monumento nesse local. A reconstituição do Pelourinho de Loriga teve como base uma versão escrita pelo Capitão Dr. António. A reedificação foi finalmente concretizada em 1998.  (https://jpmsantos.wordpress.com/ http://www.loriga.de/cenarios.htm)


«Maiorga constituía uma das 14 vilas dos coutos de Alcobaça, com cartas de povoação assinadas pelos respectivos priores, em 1303 e 1361, renovadas em 1454 por D. Frei Gonçalo Ferreira. Recebeu foral novo de D. Manuel, em 1514, na sequência do qual se terá erguido o pelourinho que ainda se conserva na povoação. O concelho foi extinto e integrado em Alcobaça, do qual é actual freguesia.

O pelourinho levanta-se num largo de boa inclinação, diante da igreja matriz e da capela do Espírito Santo, antiga igreja da Misericórdia de Maiorga. Assenta em plataforma de quatro degraus alternadamente circulares e estrelados, de aresta, bastante desgastados, estando o último parcialmente embebido no pavimento, de forma a compensar o seu desnível. A coluna tem base de secção circular, decorada com oito arestas verticais e duas molduras horizontais em bocel. O fuste é inteiramente espiralado, com espiras ornadas de botões, e aneís encordoados relevados na base, no topo, e a meia altura. O capitel é oitavado, com faces ornadas de folhagem, e ábaco igualmente oitavado, em molduras sobrepostas, de lados ligeiramente côncavos. O remate é um tronco cónico truncado no topo.

O monumento é claramente datado do período manuelino, compondo um interessante conjunto com o portal da capela do Espírito Santo, do mesmo estilo. É possível que pertençam ambos a uma mesma campanha de obras, como por vezes acontecia, aproveitando-se a presença de mestres canteiros nos estaleiros das obras principais para a lavra dos pelourinhos.» (Sílvia Leite – DGPC)


«Longroiva, actual freguesia de Meda, foi sede de concelho entre 1124, quando terá recebido foral de D. Teresa, e 1836, data da sua extinção. Detinha uma posição estratégica determinante, durante a Reconquista, e veio a pertencer por via da sua importância militar aos cavaleiros da Ordem do Templo, por doação de 1145. Foi depois comenda da Ordem de Cristo. Teve foral novo dado por D. Manuel, em 1510, talvez contemporâneo da construção do pelourinho. Este monumento foi derrubado em 1883, e as pedras foram aproveitadas em obras particulares. Foi restaurado em 1961, junto da antiga cadeia, tendo sido possível recuperar pelo menos a peça de remate.

O pelourinho ergue-se sobre plataforma de factura moderna, constituída por três degraus octogonais, de aresta, o térreo parcialmente embebido no pavimento, e o superior apresentando uma inscrição. Nele pode ler-se D. 1883 R. 1960, aludindo às datas de derrube e reconstrução. Sustenta coluna de secção octogonal e faces lisas, com cerca de quatro metros de altura. No topo do fuste assenta directamente o remate, composto por bloco prismático alto, onde se adossa um grande escudo régio coroado, como coroa aberta, e terminando em bico. No remate está cravado um cata-vento de galo em ferro, moderno.

Ainda que seja geralmente referido que a coluna é original, a observação da mesma indica que se trata igualmente de obra recente. Desta forma, apenas o remate corresponderá ao monumento primitivo, aparentemente quinhentista. A reconstrução foi feita de acordo com a reconstituição conjectural do arqueólogo e etnógrafo Adriano Vasco Rodrigues.» (SML - DGPC)

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