Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Pelourinhos 35 / Municípios 19 - Monte Real (Leiria)

 * Victor Nogueira


Fotos victor nogueira – Monte Real – Pelourinho e Casa da Câmara

(...) Eu e a Armanda [Meles] alugámos duas bicicletas e fomos passear na estrada do aeroporto. (...) Na esplanada do cinema há uma máquina de discos e tenho me entretido a tocá-los. Temos jogado às cartas [Vivre l'amour, Burro em pé,....] (...) 5ª fomos ver o pelourinho e as ruínas do Paço de Santa. Isabel . [Fartei me de andar para ver um padrão velho e quatro paredes]. (1963.08.27/31 - Diário III)

Foto no pelourinho, defronte do que teria sido a Casa  da Câmara, que chama a atenção pela escadaria exterior que dá acesso ao 2º piso. Perto uma igreja que foi gótica, cuja reconstrução nada conservou da traça primitiva. Pela 1ª vez dou conta dos afamados Paços da Rainha, reduzidos a um rectângulo ameado, sem tecto, espécie de adro duma igreja que entretanto se construiu. (Notas de Viagens 1999.08.22)

«Monte Real foi elevada à categoria de vila em 1292, por disposição do rei D. Dinis, através de Carta de Foral. Em 1573, de acordo com inscrição, edificou-se o pelourinho actual e a realização da Casa da Câmara deverá ser contemporânea, ou pouco posterior, embora não existam suficientes elementos tipológicos de caracterização.

O edifício situa-se na principal praça da localidade, definindo o eixo urbano primordial e dialogando com o pelourinho, constituindo estes dois elementos patrimoniais os mais poderosos símbolos do antigo estatuto concelhio da localidade.

Como hoje a conhecemos, a Casa da Câmara compõe-se de dois andares e adopta um modelo planimétrico regular, com disposição harmónica e racional de vãos no alçado principal. Deve resultar de uma profunda alteração, verificada pelo final do século XVIII, embora esta seja uma perspectiva que carece de confirmação, através de um estudo rigoroso da documentação remanescente alusiva a este antigo município e do próprio conjunto edificado.» (PAF – DGPC)

«A Póvoa de Monte Real, nos arredores de Leiria, foi elevada a vila em 1292, por mercê do rei D. Dinis, que encontrava no seu clima e nas nascentes de água termal um ameno local de veraneio. Nasceu assim a Vila Real de D. Dinis, mais tarde conhecida por Monte Real, certamente em função do Paço dionisino então erguido na zona alta da povoação, e do qual ainda restam alguns vestígios. O actual pelourinho, obra quinhentista tardia, situa-se no sopé da estrada de acesso à vila velha, servindo de marco limítrofe para a antiga circunscrição. Trata-se de um singelo conjunto de fuste cilíndrico, talhado na base em forma quadrangular, levantado sobre três altos degraus circulares, e rematado por uma "pinha" cónica; como única decoração ostenta o escudo de armas de Portugal, embora seja provável que tivesse incluído uma decoração superior metálica, ao modo de cata-vento. Regista-se ainda a data de 1573, inscrita no topo do fuste.»  (SML – DGPC)

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