Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Pelourinhos 47 - Soajo (Arcos de Valdevez) e Vila da Ponte (Sernancelhe)

 * Victor Nogueira


2021 12 27 Fotos victor nogueira - Soajo (Arcos de Valdevez)  e Vila da Ponte (Sernancelhe)  (pelourinhos)

Soajo - «O antigo couto de Eiró, que esteve anexo ao Mosteiro de Ermelo, recebeu muitos privilégios ao longo dos séculos, e teve foral dado por D. Manuel em 1514. O concelho foi extinto no século XIX, e integrado em Arcos de Valdevez. Conserva um pelourinho, levantado diante do antigo edifício dos Paços do Concelho.


Soajo - Pelourinhos de Portugal Emissão filatélica 2001

O pelourinho assenta directamente em plataforma de três degraus quadrangulares de aresta, de factura muito tosca, e bastante desgastados. A coluna é cilíndrica, mas igualmente muito tosco, tendo secção ligeiramente menor na base. Não existe capitel; o topo da coluna, de talhe arredondado, é simplesmente ornado com uma carranca esquemática, aparentemente representando um rosto sorridente. O remate é constituído por uma laje triangular, ao modo de ábaco ou tabuleiro, bastante saliente.

O monumento é muito curioso, e também difícil de caracterizar, masmo em termos cronológicos. Várias explicações têm sido adiantadas para a representação do topo do fuste, mas nenhuma é consistente. Tratar-se-à de um pelourinho relativamente tardio, que alguns autores têm considerado do século XVII. A cara, redonda, poderá ter um simbolismo solar, ou lunar.» (Sílvia Leite – DGPC)


«Vila da Ponte esteve integrada no concelho de Sernacelhe até 1661, quando recebeu foral de D. Afonso VI, e se constituiu concelho independente. No século XIX, foi extinto e integrado novamente em Sernacelhe. Dos duzentos anos em que teve autonomia administrativa, Vila da Ponte conserva o pelourinho como principal testemunho. Ergue-se num largo central da freguesia, junto da antiga cadeia, e onde ficaria igualmente a casa da câmara.

O pelourinho assenta em plataforma de quatro degraus octogonais, de aresta, servindo o superior - um pouco mais elevado - de base à coluna. Esta tem fuste liso, de secção oitavada, conseguida através do leve chanfro das arestas de um pilar quadrado. A coluna é ornada, a curta distância do topo, por duas molduras crescentes octogonais. O fuste segue ainda num curto troço, que toma o lugar do capitel, e é finalmente rematado por quatro molduras crescentes ainda octogonais, a formar cornija. A peça terminal é constituída por um bloco de secção igual à do fuste, que lhe aprece dar continuidade, e é encimado por uma pirâmide oitavada com remate embolado. Na bola crava-se uma haste com pequena esfera medial, e cruz de Cristo no topo.

O monumento terá sido construído na sequência do foral seiscentista, de acordo com a sua tipologia, ainda que muito singela.» (Sílvia Leite – DGPC)

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