Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Pelourinhos 51 / Municípios 30 - Vila Nova de Cerveira e Vila Real

 * Victor Nogueira



2021 12 31 Fotos victor nogueira e Carolina Figueiredo - Vila Nova de Cerveira (pelourinho, antiga Casa da Câmara e Paços do Concelho) e Vila Real (pelourinho)

Bordejando a estrada segue o rio Minho para montante, por entre o aprazível arvoredo e o cintilar das águas. Vila Nova de Cerveira é palco da bienal de arte, que não visitamos. Ruas estreitas, as muralhas dum castelo à beira-rio. Um vasto e aprazível passeio arborizado, as embarcações esguias presas a varapaus na margem portuguesa, eis a imagem que perdura na minha lembrança

Tal como o castelo com alguma imponência em terreno chão, junto ao rio Minho. Ferry boats ligam as duas margens: portuguesa e espanhola.  (Notas de Viagens, 1997.08.21)

Vila Nova de Cerveira -À beira do rio Minho. Largo com esplanadas e muita gente, obelisco e canhões. Castelo/pousada (pequeno, com casas, igreja, pelourinho e antiga casa da Câmara no interior). Catedral barroca. Bienal de Artes. (Notas de Viagens 1998.06.11)


«A fundação de Vila Nova de Cerveira é geralmente atribuída a D. Dinis, cujo esforço povoador, a par da construção do actual castelo, ampliou muito o número de moradores da pequena localidade pré-existente. No entanto, a povoação de Cerveira existiria já desde os alvores da nacionalidade, inclusivamente como burgo fortificado, de acordo com a sua situação fronteiriça. Assim, terá existido uma torre, ou mesmo um primitivo castelo, ainda na época de D. Afonso III, quando urgia fazer frente às ainda frequentes incursões leonesas. A "pobra", ou póvoa, de Vila Nova de Cerveira, possivelmente numa zona distinta do aglomerado inicial, é por fim fundada por D. Dinis, que lhe outorga o primeiro foral em 1321. A vila recebe Foral Novo de D. Manuel, em 1521; no entanto, o actual pelourinho terá sido levantado apenas em 1547, de acordo com a data inscrita no mesmo monumento.


A Casa da Câmara construía um dos símbolos do poder municipal, dando corpo ao poder da assembleia dos homens bons, enquanto representantes do concelho. A primeira fase deste edifício é do século XVI, embora tenha amplas reformas no século XVIII, altura em que foi colocado o escudo barroco na fachada. Mais antigo é o escudo que contém a heráldica concelhia: o cervo sustendo o escudo real.

Ergue-se este pelourinho naquela que foi certamente a sua implantação original, no interior das muralhas do castelo, diante do edifício que foi o da antiga cadeia e Paços do Concelho, reconstruído em 1598 e alterado em 1768. Possui aspecto muito rústico, para o que contribui o facto de o fuste parecer assentar directamente sobre o soco. Este é constituído por uma plataforma de três degraus quadrangulares, em pedra toscamente aparelhada, sendo o degrau térreo mais semelhante a uma plataforma elevada, destinada a vencer o desnível do pavimento. Sobre este soco assenta um largo plinto, dando a impressão de um outro degrau, distinto apenas no talhe biselado das arestas. O fuste, esguio e liso, é de planta octogonal, mas remata num troço de planta quadrada, ao modo de ábaco. Sustenta um capitel paralelepipédico ornamentado com quatro escudetes, exibindo as armas de Portugal e as armas dos Viscondes de Vila Nova de Cerveira, em faces alternadas. Conserva ainda a data de execução, 1547, respeitante ao senhorio de D. Francisco de Lima, 5º visconde. Entre o topo do fuste e o capitel estão os quatro ferros de sujeição, em cruz, terminados por serpes. Falta apenas a golilha, instrumento de sujeição dos condenados à exposição pública, que foi arrancada por volta de 1850. O capitel é rematado com um "chapéu" cónico, com oito faces, encimado por um boleado. Todo o conjunto é em granito.»  (SML – DGPC)

Paços do Concelho (Foto Carolna Figueiredo)



Paços do Concelho - Arquitectura civil política e administrativa, novecentista e revivalista.  O carácter rústico que envolve o portal principal, aponta para um gosto clássico, surgindo alguns elementos revivalistas neobarrocos, nos pormenores decorativos das consolas e fechos dos arcos. O andar nobre é marcado por janelas de sacada na fachada principal, as da sala de sessões abertas para sacada única, assente em consolas.  

Em   1909 o Governo Civil aprovou o projecto para um novo edifício, assinado pelo arquitecto Carlos Fernando Leituga. Em 2015 é aberto um concurso publico para adjudicação da construção dos novos paços do concelho, segundo um novo projecto, mais reduzido Em 1921 a obra ´r dada por concluída com a inauguração do novo edifício.  (Paulo Amaral 2004 in    Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira - Monumentos.p


Vila Real - Largo do Pelourinho


A saída de Amarante pela IP 4 tem uma vista muito bonita, mas não sem podem tirar fotos. O caminho é muito montanhoso e verdejante, com videiras e pinheiros e casas espalhadas pelas encostas; de vez em quando avista-se o campanário duma igreja. Nalguns troços árvores queimadas testemunham pretéritos incêndios.

Atravessamos o rio Ovelha (?) a 27 km de Vila Real e os vales lá ao fundo são profundos, mal se distinguindo por entre a neblina. 

As encostas já não são de cultivo, estando cobertas de erva rasteira, nem sempre uniformemente. Os nossos ouvidos zunem por causa da altitude e das diferenças de pressão; estamos na serra do Marão. Há um dito popular: “Para cá do Marão mandam os que cá estão”.

A neblina é cada vez maior; são 17h 40m e estamos a 17 km de Vila Real. Dois km depois começa uma íngreme descida e a visibilidade aumenta.

Vila Real - Cena: mulher chamando pelo “amarelinho”, que se descobre ser um gato, para dar-lhe de comer.

Rua pedonal com casas de dois pisos e varandas de sacada em ferro forjado. Muito comércio.   Rua Sarmento Pelotas, herói da I Guerra Mundial, que vai dar ao rio. Varandas de madeira e cruz em madeira do Senhor dos Desamparados. Portal com almofadas e ombreira superior trabalhadas.

Placa central ajardinada, com fonte e igreja num dos topos. A meio a Catedral e a casa de Diogo Cão. (Notas de Viagens 1999.09.02)


Vila Real, a cerca de 425 m de altitude. Nesta cidade, lá no fundo do vale, passa o rio Cabril, subafluente do Corgo, desaguando este no Rio Douro. Começa a chover copiosamente. A caminho de Chaves o arvoredo é mais variado e com verde de muitos matizes. Nesta zona há muitos castanheiros.

Vila Real Foto a uma ponte. Carro que chocou com a placa central, cujo motorista ia bêbado ou na “marmelada”. (Notas de Viagem 1999.10.24)


De Lamego à Régua pela estrada velha, cheia de curvinhas e postes de electricidade com fios de alta tensão atravessando o espaço. Muitas barreiras nas curvas estão partidas por vários acidentes de automóveis que foram parar lá abaixo.[Numa das vezes em que pelo IP4 fomos a Vila Real estava um nevoeiro cerrado, mal se vendo um palmo á frente do nariz. Mas, apesar disso havia automóveis que nos ultrapassavam a uma velocidade “louca”, como e a estrada fosse retilínea e a vista desimpedida)  Cultura do trigo em socalcos. Qual será a sensação dos ocupantes dos carros que se precipitam no abismo? Ponte do caminho de ferro desactivada. Há várias pontes que atravessam o rio Douro. Passamos na Régua pela 2ª vez.

A caminho de Vila Real encontramos um cavalo branco a pastar na montanha (foto)

Vila Real - Fotos à casa onde nasceu Diogo Cão, descobridor de Angola, ao palácio dos Condes de Vila Real. Igreja de Nasoni ou Clérigos, anjo e tecto.  Fotos: igreja de Nasoni (onde Fátima noutra vez ficou no exterior) – altar mor Igreja de S. Pedro – anjo (talha dourada) e tecto (pintura) – foto ao altar-mor Igreja de S. Domingos – fotos ao vitral e pormenor da porta lateral.

Saída de Vila Real – 1354 km. (Notas de Viagens 1999.10.30)


«Vila Real, como o nome indica, é localidade de fundação régia, tendo recebido o primeiro foral em 1272, pela mão de D. Afonso III, e renovação dada por D. Dinis em finais do século. com a denominação de Vila Real de Panóias. Teve foral novo, manuelino, em 1515. Do pelourinho que então terá sido erguido, à semelhança do que então se fazia por todo o país, restavam apenas alguns fragmentos guardados na Câmara Municipal, entre 1865 (quando a vereação deliberou apeá-lo, por dificultar a passagem das carruagens) e meados do século XX. Terá sido a partir destes vestígios, bem como de antigas fotografias e gravuras, que a vereação mandou fazer o actual monumento, aparentemente cópia do original. De acordo com o testemunho de alguns autores, o actual pelourinho aproveita ainda a coluna quinhentista octogonal, ou parte desta, e algumas cantarias avulsas (Correia de AZEVEDO, 1972).


O monumento manuelino foi levantado na antiga Rua da Praça, hoje Largo do Pelourinho, onde a réplica se encontra igualmente na actualidade, embora não tenha sido sempre assim. Quando as pedras foram remontadas, em 1939 - 40, o pelourinho passou a levantar-se diante do edifício dos Paços do Concelho, onde ficou até 1996, data na qual regressou à primeira localização. Consta de um soco formado por três degraus oitavados, de parapeito, o primeiro destes ficando semi-enterrado na calçada; sobre este soco ergue-se o fuste oitavado, assente num paralelepípedo ainda octogonal, de faces lisas. O fuste é rematado por uma gaiola, pequena peça de arquitectura de planta oitavada, vazada em quatro faces por aberturas em arco redondo, e integrando micro-contrafortes cilíndricos, rematados por florões, nas faces intermédias. Assenta num capitel em forma de cúpula invertida, de oito faces. O conjunto é coroado por uma cúpula rematada em florão, sobre o qual se fixa uma cruz em ferro com bandeirola.

A reconstituição data da mesma altura em que outros pelourinhos do país foram feitos de novo ou recolocados nos locais originais, participando de um entusiasmo revivalista que servia igualmente a vontade de afirmação dos municípios. » (SML – DGPC)

VER

Vila Nova de Cerveira (1)

Vila Nova de Cerveira (2) e rio Minho

Entre Caminha e Vila Nova de Cerveira, passando por Vilar de Mouros, em 1998

Templos religiosos 37 - Vila Praia de Âncora, Vilar de Mouros e Vila Nova de Cerveira

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