Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Águas em Oeiras 01

* Victor Nogueira

Barcarena, Carnaxide, Caxias, Leião, Linda a Pastora, Oeiras, Paço de Arcos, Porto Salvo e Vila Fria são pontos deste périplo pelo Concelho de Oeiras durante o presente milénio até à data. São fontes, chafarizes, bicas ou  espelhos de água, de traça modesta ou monumental, em pedras  esculpida, embrechada ou cobertas de azulejos, Nalguns dos locais a água está por todo o lado, como em Oeiras: no Parque dos Poetas, no Jardim Público ou no do Palácio do Marquês de Pombal


Oeiras -  Fonte das 4 Estações (antiga Horta ajardinada) - Palácio Marquês de Pombal


Oeiras -  Fonte dos Poetas - Palácio Marquês de Pombal 
Trata-se de uma grande fonte decorada com quatro bustos em mármore dos Poetas Épicos: Tasso, Homero, Virgílio e Camões


Oeiras- Fonte dos Embrechados - Palácio do Marquês de Pombal





Oeiras - Aqueduto da Quinta e do Palácio do Marquês de Pombal


Oeiras - Ribeira da Laje no Palácio do Marquês de Pombal  


Oeiras - Ribeira da Laje no Jardim Público


Oeiras - Chafariz no Largo Marquês de Pombal
Fonte em pedra, antecedida por três degraus também em pedra. É constituída por duas bicas, um tanque e um corpo trabalhado, encimados pelo brasão do Marquês de Pombal e Conde de Oeiras


Oeiras - "Mãe-de-água"  do curso de água que alimenta a Ilha dos Amores no Parque dos Poetas





Oeiras - Ilha dos Amores no Parque dos Poetas


Oeiras - Fonte Decorativa no Lago de Camões, no Parque dos Poetas


Oeiras - Fonte do Oeiras Parque - Avenida do Conselho da Europa (EN 249-3)


Oeiras - Fonte de Santo António no Jardim Público


Paço de Arcos - Fonte de Maio, na Avenida Conde S. Januário



Paço de Arcos - Fonte da Travessa da Ermida 7 



Paço de Arcos - Chafariz Velho - Avenida Marginal (EN 6)
Datado de 1775, é uma das últimas obras do governo de Pombal. Nos anos 50 foi totalmente revestido a azulejos alusivos aos Descobrimentos.


Porro Salvo - Chafariz (pormenor) - Praceta Manuel Pereira Coentro, junto à Capela de N. Sra de Porto Salvo




Caxias - Cascata na Quinta Real


Caxias - Quinta Real


Caxias - Ribeira de Barcarema


Carnaxide - Chafariz construído no século XVIII pelo rei Dom José depois do terramoto de 1755, constituído por um tanque rectangular e duas bicas, com o brasão real. - Rua  5 de Outubro, junto à Igreja de S. Romão


Leião - Lavadouro público - Estrada de Leião


Leião . Chafariz - Estrada de Leião


Linda-a-Pastora - Chafariz junto à Capela de S. João Baptista - Rua Manuel Pereira de Azevedo


Linda-a-Pastora - Chafariz - Avenida Tomás Ribeiro



Vila Fria - Fontanário



Quinta do Torneiro  - Entroncamento da Estrada da Quinta do Torneiro com a Estrada de Paço de Arcos


Barcarena - Ribeira de Barcarena na antiga Fábrica de Pólvora


Barcarena - azenha na antiga Fábrica de Pólvora


Barcarena - tanque na antiga Fábrica de Pólvora


Rio Tejo em Paço de Arcos, com o Forte e Farol do Bugio no horizonte. à entrada da barra


Para além do meu conhecimento pessoal serviram  de orientação  para esta série:

 * Monumentos de Oeiras, em https://www.igogo.pt/monumentos-oeiras/

Chafarizes Fontes e Fontanários em Oeiras (fotos de Luís Miguel Inês no blog  

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Paço de Arcos e a Festa do Senhor Jesus dos Navegantes 01

* Victor Nogueira

Nesta soalheira tarde de domingo o objectivo era fotografar os Chafarizes em Carnaxide e as Fontes de Maio, da Travessa da Ermida e a  Velha, estas três últimas em Paço de Arcos e todas elas no Concelho de Oeiras.

No caminho para a Fonte Velha na Estrada Marginal de Lisboa para o Estoril deparei com  carros de bombeiros vedando o trânsito automóvel e a partir de certa altura comecei a ouvir lá longe o rufar compassado de tambores e cânticos religiosos, um dos quais reconheci. Lembrei-me que este é o tempo das Festas do Senhor Jesus dos Navegantes, da devoção dos pescadores e mareantes que outrora existiam em Paço de Arcos. Olhei para o Tejo e lá vislumbrei algumas poucas embarcações a primeira das quais transportando a imagem devocional. Similares em Oeiras são as Festas em Honra de Nossa Senhora de Porto Salvo, mas a essas creio que nunca assisti.

Mirones amontoavam-se agora junto à antiga Ermida do Senhor Jesus dos Navegantes, hoje aberta, e defronte à Capela do Paço que foi dos Condes de Alcáçovas, de cuja varanda D. Manuel I teria assistido à partida das naus em demanda do caminho marítimo para a Índia, capitaneadas por Vasco da Gama.

Entro na Ermida onde anteriormente nos meus longínquos 21 anos, na juventude, com a minha tia-avó Esperança assistia à Missa, a excepção no ramo paterno alentejano, de ateus ou  agnósticos, contrariamente ao que sucedia no católico e nortenho ramo materno. Assisti pois nesse tempo à missa, umas vezes aqui, outras na capela do Paço. De nada me lembrava e chamo-me a atenção uma galeria donde o pessoal grado outrora deveria assistir à missa, a exemplo do que sucedia na capela do Palácio  do Marquês de Pombal em Oeiras. Irmãos em Cristo, sim, mas com peso, conta e medida, sem misturas.

Ao rufar dos tambores os fiéis encaminhava-se para e ermida, muitas pessoas idosas e alguns jovens, a maioria dos Escuteiros. Mas nada de parecenças com a Procissão de António Lopes Ribeiro, outrora declamada por João Villaret.



Este é pois o tempo das Festas de Paço de Arcos, de Feira anual no Jardim Público com o seu coreto, com as barracas de comes e bebes e das diversões, por onde em tempos mais recentes se passeava Isaltino de Morais, cumprimentando tudo e todos, até este escriba que votava em Setúbal, mas isso desconhecia ele, mesmo quando me dirigia um cumprimento e ao restante pessoal quando entrava neste ou naquele café da vila ou misturado com a multidão no Jardim Público da Vila de Paço de Arcos. 

Sobre esta Festa, que escrevia eu outrora, em 1972 ?

Hoje não vamos a Lisboa. Passearemos apenas aqui em Paço de Arcos. Sairemos aqui de casa, apreciarei a casa [vivenda]  onde moram as minhas tias [na Avenida Conde S. Januário], que tem um jardim pouco cuidado, que pertence à senhoria [a D. Manuela], que mora no r/c - nós moramos no 1º andar. Atravessamos a linha férrea, iremos até ao Paço dos Condes de Qualquer Coisa - na foto - um recanto bonito e antigo. Tomaremos a rua Costa Pinto - com prédios que devem ser do tempo do Marquês de Pombal e, junto à tabacaria, viraremos para o jardim, onde agora está a "feira" [Festa do Senhor Jesus dos Navegantes]. Veremos os cartazes do cinema [Chaplin] [1972] e as pessoas que passeiam. Sentamo-nos no jardim, trocando ideias sobre as notícias do jornal. Ali um jovem casal de namorados troca de vez em quando uma beijoca (quando o polícia não olha!). Esperemos que nenhuma das duas velhotas se escandalize. Retomaremos o passeio pela marginal, ultrapassaremos a doca e iremos até à praia tomar banhos de sol. De mar não, por causa da poluição. E como o tempo falta - a tiragem do correio é às 17 horas - regressaremos passando pelo Mercado e rumo aos CTT, apreciando os prédios do J.Pimenta, junto à Igreja nova [e de estilo moderno], onde nunca entrei. (MCG - 1972.08.02)

Encontro-me no jardim, rodeado de pessoas, digo, de crianças brincando e do trânsito automóvel. O chão está coberto de folhas secas e amarelecidas, que o vento transporta. Esse vento fresco que me fará ir embora mais cedo porque se torna desagradável. Ultimam se os preparativos para a Festa do Senhor Jesus dos Navegantes (Paço de Arcos), que se realizará nos últimos dias deste mês de Agosto, pelos vistos mês das feiras e festarolas. (MCG - 1972.08.23)

Ou em 1997 ?

A Festa do Senhor Jesus dos Navegantes, para além do arraial, inclui uma procissão que percorre as ruas da vila e a benção dos barcos (de pesca), tradição abandonada, retomada e de novo abandonada pois a pesca ... foi um ar que lhe deu! (1997.09.16)


Paço dos Arcos, dos Condes de Alcáçovas, actualmente unidade hoteleira








Hoje, as caravelas são outras




A Ermida do Senhor Jesus dos Navegantes


A Capela do Paço dos Arcos





O pálio do Senhor Jesus dos Navegantes





fotos em 2017.08.22