Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Pelourinhos 26 / Igrejas 87 / Municípios 10 - Amarante e Arcos de Valdevez

 * Victor Nogueira


Fotos victor nogueira - Arcos de Valdevez (pelourinho e Casa da Câmara) Amarante (Paços do Concelho e Convento de S. Gonçalo)

Os Paços do Concelho de Amarante foram instalados num dos claustros do Convento de S. Gonçalo, para o efeito adaptados em 1863. No mesmo conjunto edificado está instalado o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso 

VER 

Amarante - Igreja e Convento de São Gonçalo

Amarante e o Rio Tâmega

«A povoação de Valdevez terá sido, até ao século XII, cabeça do território de Ribeira-Lima, devido em grande parte à sua posição estratégica privilegiada entre o Norte de Portugal e a Galiza. Durante a alta Idade Média, a administração local começou a centralizar-se em torno da localidade de Arcos, que, como o topónimo indica, se desenvolvera em torno da antiga ponte do rio Vez. Alguns autores referem um primeiro foral, dado ainda por D. Afonso Henriques, em c. 1129, mas o único documento deste género conhecido com certeza é o foral manuelino de 1515. O concelho conserva ainda o seu pelourinho quinhentista, originalmente levantado no centro da Praça Municipal, diante da antiga Casa da Câmara. Em c.1700 foi levado para o lugar da Valeta, junto do rio Vez, onde se reuníam as lavadeiras, e só em 1895 foi colocado, pela Câmara Municipal, no largo fronteiro à Igreja Matriz de Arcos de Valdevez.

O pelourinho possui plataforma de quatro degraus quadrangulares de aresta, sobre os quais assenta a coluna e o capitel / remate. A coluna arranca de um pequeno toro, e tem fuste composto por uma coluna central, envolvida por três colunelos espiralados, equidistantes, cuja torção não ultrapassa um terço do diâmetro total. É encimado por uma moldura plana circular, que se interrompe nos colunelos, e na qual se pode ler a legenda JOANS / LOPEZ / MEFEZ. O capitel é em cesto ou taça de grandes dimensões, e decorado com três escudos régios sobre cada colunelo, intervalados por séries de três gomos. Sobre cada escudo levanta-se uma peça curva semelhante a um arcobotante, unindo-se as três no topo. Em cada terço do cesto do capitel levantava-se originalmente uma pequena esfera armilar, sobre colunelo torso, e encimada por motivo flordelisado; estão em parte mutiladas. No topo do conjunto repousa esfera idêntica, sem coroamento.

O conjunto é claramente manuelino, não apenas pela tipologia arquitectónica, mas igualmente pelo discurso ornamental, com destaque para a heráldica régia. É de realçar ainda o interesse da inscrição com indicação da autoria, que remete para o conjunto da obra de João Lopes-o-Velho, activo no Norte de Portugal e na Galiza entre o início do século XVI e c. 1559. Ainda que não se conheça a data do seu levantamento, é frequente referir o ano de 1531 (REIS, António Matos, 2000), que ainda justifica o referido carácter tardo-gótico e a influência manuelina do pelourinho. (SML / DGPC)» 

VER  Templos religiosos 35 - Arcos de Valdevez

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