Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Pelourinhos 27 / Municípios 11 - Arraiolos e Azurara

 * Victor Nogueira


Arraiolos (pelourinho) - Azurara (Casa da Câmara e pelourinho)

«O Pelourinho de Arraiolos levanta-se numa pequena praça, fronteiro ao edifício do antigo Hospital do Espírito Santo e da antiga Casa da Câmara e cadeia comarcã, rodeado pelo típico casario baixo do centro da vila. Foi provavelmente erguido na sequência da doação do segundo foral de Arraiolos, dado por D. Manuel, em 1511, de acordo com a sua feição quinhentista.

O soco é constituído por quatro degraus circulares em calcário, o primeiro dos quais está parcialmente embebido no pavimento, com troços restaurados. Sobre estes assenta uma quinta plataforma circular, formando já a base do monumento, e distinguindo-se dos inferiores por, tal como os restantes elementos, ser em mármore branco de Estremoz. O fuste é dividido sensivelmente a meio por um fino anel, sendo a metade inferior facetada e lisa, e a metade superior torsa, e sinistorum. O capitel é aqui reduzido ao seu modelo mais simples, com coxim circular e ábaco quadrado, de cujas faces laterais partem os quatro braços dos ferros de sujeição, recurvos na base e rematados com cabeças de serpes ou dragões, de onde pendem argolas. O conjunto é rematado por uma esfera lisa, sobre peanha facetada, tendo ambas estado caiadas durante muito tempo (mas não actualmente).

O monumento foi derrubado em 1757, num acto de vandalismo, e terá ficado partido (fuste e remate) na ocasião. Foi reerguido por ordem do rei D. José, no mesmo ano. » (SML – DGPC)

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«O antigo concelho de Azurara, actualmente integrado no concelho de Vila do Conde, recebeu foral do conde D. Henrique (confirmado por D. Afonso) ainda em 1102. A localidade permaneceu durante séculos como um importante porto marítimo, a par da barra de Vila do Conde; a produção de embarcações nos seus estaleiros contribuía para o seu funcionamento como um centro de dinamização da expansão ultramarina. A importância estratégica de Azurara não lhe garantiu novo foral manuelino, mas da passagem de D. Manuel por estas terras, em 1502, resultou um forte impulso no avanço da edificação da então matriz, a Igreja de Santa Maria, no adro da qual se ergue o pelourinho, diante da fachada Norte e junto da entrada lateral.

O soco é constituído por dois degraus circulares, de parapeito. Sobre estes assenta uma singela base prismática, rematada em calote, sustentando o fuste, liso e de seção circular. O capitel é verdadeiramente o remate do pelourinho, em forma de urna, constituída por meia calote esférica decorada com dentículos de tipologia clássica, e por um pescoço sobre o qual se levanta um espigão de ferro. O conjunto inscreve-se geralmente entre as muitas picotas manuelinas que então se ergueram por todo o território; no entanto, e pese embora o apelo da proximidade da igreja referida, cuja construção contou com grande auxílio e interesse da parte de D. Manuel, será de considerar que pelo menos o remate do pelourinho é de elaboração posterior. » (SML  - DGPC)

Defronte do pelourinho situa-se a antiga Casa da Câmara, com escudo de D. Manuel na esquina e sede actual da Junta de Freguesia. Azurara foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX.

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