Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Templos religiosos 35 - Arcos de Valdevez

 * Victor Nogueira

Estive em Arcos de Valdevez por várias vezes, designadamente em 1998, 1999 e 2014. A vila situa-se nas margens do Rio Vez e aqui se travou uma batalha entre D.Afonso Henriques e o rei de Leão que este perdeu, tendo o armistício então firmado sido confirmado pelo tratado de Zamora, que reconheceu a independência do Condado Portucalense. Ao longo da margem direita do rio se desenvolva uma frondosa alameda onde um conjunto escultórico relembra o acontecimento.



Igreja da Misericórdia e cruzeiro

«A igreja que hoje conhecemos, com a casa do Consistório anexa e o cruzeiro implantado na zona posterior, é o resultado de múltiplas intervenções, que tomaram por base o templo primitivo, cuja construção teve início no mesmo ano da fundação da Irmandade da Misericórdia de Arcos de Valdevez, ou seja, 1595. No inicio do século XVIII, o estado de ruína da sacristia levou a mesa a encomendar o projecto de uma nova fachada para esta dependência e, também, para a igreja. Datados de 1710, estes desenhos foram concretizados, somente, e 1733, dotando o frontispício do templo da linguagem barroca, que se observa, também, na casa do Consistório, no mesmo alinhamento, mas ligeiramente recuada (ARIEIRO, 1995, p. 31). Remonta a esta mesma intervenção a abertura do amplo nicho sobre o portal, que alberga o retábulo de talha dourada dedicado a Nossa Senhora da Porta. Não se conhece a origem desta invocação, mas é possível que radique na existência de uma imagem de Nossa Senhora da Misericórdia sobre o portal da antiga igreja (ARIEIRO, 1995, p. 31).»

«O cruzeiro, no exterior, foi objecto de diferentes intervenções, relacionadas com a substituição, em 1752, do original, executado em 1601, pelo que hoje conhecemos (ARIEIRO, 1995, p. 23). Ergue-se sobre dois degraus e desenvolve-se através de base decorada por motivos vegetalistas, coluna de folhagens superiormente canelada, capitel com passos da vida de Cristo esculpidos (no horto, preso à coluna, com a coroa de espinhos e com a cruz aos ombros) e remate com Cristo crucificado. Em 1854 foi mudado para o adro da igreja, em 1941 para a zona Este do templo e por fim, em 1988, para o largo onde hoje se encontra, na fachada posterior da igreja e que corresponde ao antigo cemitério da Misericórdia. (Rosário Carvalho)» (1)


Capela de N. Sra da Conceição 

«É o monumento mais antigo da Vila, na transição entre o românico e o gótico, provavelmente edificada ainda nos finais do século XIV, embora em 1410 o Abade de Sabadim, João Domingues, refira querer ser sepultado na igreja que construíra em Arcos. Esta pequena capela funerária apresenta-se singela na espacialidade e decoração, embora sejam de assinalar os elementos decorativos do arco da entrada principal (gótico), bem como os escassos vestígios das pinturas do arco triunfal, provavelmente do século XV/ XV. A instituição da Confraria de Nossa Senhora da Conceição em 1691 e a construção do altar em talha no século XVIII, marcam os últimos momentos evolutivos da capela que, posteriormente, é votada ao total abandono até às intervenções de reabilitação de 1961 e 68.» (2)


Igreja de N. Sra da Lapa  ou da Praça

«O culto de Nossa Senhora da Lapa, de origem beirã, terá chegado à vila por volta de 1758, apresentando-se o templo concluído em 1767. A igreja caracteriza-se pela singularidade das soluções arquitectónicas que patenteia, nomeadamente pela planta centralizada, pela colocação da torre atrás da capela mor, e, sobretudo, por uma ampla e alta cúpula, criando uma solução inovadora e simples. O conjunto, atribuído a André Soares, é marcadamente barroco. O interior, com três elementos característicos de cuidada talha ao nível dos retábulos e grades, é um exemplo típico de estilo Rococó.» (2)










Igreja do Espírito Santo

«A igreja foi edificada por mercê de D. Pedro II sobre os alicerces de um templo anterior, provavelmente medieval, entre 1690 e 1700. Caracterizam-na a sua particular riqueza interior, com exemplares notáveis de altares de talha e pinturas dos finais do século XVII e segunda metade do XVIII. Em 1765 o Mestre bracarense André Soares edifica a capela do Calvário, situada do lado Sul, um elemento notável de sensibilidade, formando um conjunto artístico nitidamente de estilo Rococó.» (2)


Pelourinho e Capela do Calvário, adossada à Igreja do Espírito Santo


«Em 1515 D. Manuel I concede foral à vila, facto que impulsiona a construção do pelourinho. Até 1700 esteve colocado no centro da Praça Municipal, altura em que é mudado para a beira rio, sendo posteriormente, em 1895, implantado num largo junto à fachada Sul da Matriz, regressando à sua localização original em 1998. Da autoria de João Lopes, trata-se de um exemplar singular, com um pilar torso e roca cónica, apresentando um fuste robusto enrolado por três colunelos, colmatado por um capitel em forma de taça, decorado com os escudos nacionais e esferas armilares. È um dos poucos exemplares que apresenta o nome do canteiro gravado.» (2)

Igreja do Espírito Santo


Ponte românica sobre o Rio Vez, vendo-se na outra margem o Cruzeiro do Senhor dos Milagres





Cruzeiro do Senhor dos Milagres

«Construído em 1831 por solicitação popular, este cruzeiro de cariz religioso e neoclassisista localiza-se junto ao tabuleiro Sul da ponte velha da Vila, ocupando uma área própria para a sua implantação. O pedestal em forma de paralelepípedo de faces almofadadas em losango, apresenta gravações e estrias diversas, incluindo, de igual modo, uma peanha de reduzidas dimensões rematada numa forma piramidal. A imagem representativa de Cristo é de significativa decoração, surgindo expressiva e com proporções anatómicas de cuidada proporcionalidade.» (2)


Alminha




Monumento ao Recontro de Valdevez - Da autoria do escultor José Rodrigues, representa dois cavaleiros em confronto iminente, montados sobre cavalos e armados de longas lanças, elmos defensivos e escudos, representando assim, e de forma alegórica, a contenda que em 1141 opôs os exércitos de Afonso Henriques aos de seu primo Afonso VII de Leão e Castela,


Casa do Terreiro ou dos Silveiras, no Jardim dos Centenários


Parque infantil no Jardim dos Centenários


Ponte sobe o Rio Vez








Esta rua é uma galeria de arte




Ao fundo a Igreja do Espírito Santo


Paço do Giela

«O Paço de Giela é um exemplar notável de arquitetura civil privada medieval e moderna, considerado um dos mais importantes Monumentos Nacionais, assim classificado em 1910. A sua origem está profundamente ligada à formação da importante “Terra de Valdevez”. A edificação da “casa-torre” de Giela marca um novo momento de proteção e domínio senhorial e régio sobre a região, destacando o edifício pela sua profunda originalidade e importância. Atualmente é visível a torre medieval bem como o corpo residencial, com janelas “manuelinas” e entrada fortificada, maioritariamente edificado no século XVI. A torre terá sido construída em meados do século XIV, substituindo uma pequena torre abandonada no século XI, e correspondendo a uma fase de ocupação de forte influência medieval e de vigor dos castelos.» (in https://pacodegiela.cmav.pt/pt/o-paco.html?hrc=2)




Rio Vez


(1) Igreja da Misericórdia de Arcos de Valdevez

   

(2) 

 Município de Arcos de Valdevez

 Fotos em 1998, 1999 e 2014

Arcos de Valdevez - Nestes campos se travou uma batalha entre D.Afonso Henriques e o rei de Leão que este perdeu, tendo o armistício então firmado sido confirmado pelo tratado de Zamora, que reconheceu a independência do Condado Portucalense. Rio Vez. Pelourinho. Igreja Matriz (interior). Rio serpenteante, com solar ao fundo. Largo João Verde, poeta que defende a união da Galiza com Portugal, sentimento muito expandido nesta zona. No terreiro Igreja de N. Sra da Cepa (ou da Capa?), Igreja da Misericórdia e Casa do Terreiros ou dos Silveiras. Lá em baixo o Paço do Giela, com sua janela manuelina e torre com ameias (que não fotografei), no meio do arvoredo duma herdade e à beira-rio. Pelourinho manuelino de autoria do canteiro João Lopes o Velho, que  também construiu os chafarizes de Caminha e de Viana do Castelo. Alameda/parque arborizado à beira rio (na gíria local o Trasladário). História da chávena do café - vendida num lado, negada noutro, oferecida num terceiro. Igreja do Salvador (talha dourada). Do outro lado do rio um cruzeiro - do Senhor dos Milagres - e casa brasonada. Caravana festiva do F.C.P. Feira do Livro, pouca frequência, livreiros locais, sendo um alfarrabista de Braga. Torre da Igreja da Lapa e candeeiro. 1º Cruzeiro (misericórdia), 2º Cruzeiro (Junto à casa da Ponte) (Notas de Viagens 1998.06.07)

Arcos de Valdevez  Ruas do Clero, do Lira, da Praça e do Trasladário. Rua e Arco da Valeta, Largo e Rua dos Milagres, Largo da Lapa, Quelha das Hortas.  Ver significado de Quelha (em lxa existe tb a rua do Quelhas)  (Notas de Viagens 1999.08.30)

VER  

Arcos de Valdevez - Igreja do Espírito Santo

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