Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 17 de setembro de 2016

Vila do Conde entre a praça nova e santa catarina das areias

* Victor Nogueira


Mesmo no coração de Vila do Conde ainda há caminhos de ar vicinal, ladeados com muros de pedra e algumas janelas e portas emparedadas, para além da Viela dos Gatos (1). Em busca da Capela de Santa Catarina das Areias, passei primeiro pelas medievas Rua e Travessa da Senra, cruzo a Rua Comendador António Fernandes da Costa - no troço da antiga Estrada Velha (Vila do Conde / Póvoa) -  e depois pela Rua de Santa Catarina, encontro o templo, com galilé, ao virar do caminho, com ar de abandono, numa reentrância e em pequena elevação, ao lado duma casa abandonada e degradada em cuja fachada existem dois registos de azulejos, um representando talvez Cristo e outro ou Santa Catarina ou a Virgem Maria. 

A Rua de Santa Catarina tem uma grande extensão e por detrás dos muros de pedra que a ladeiam  há campos (de acordo com o Google Maps), que desconheço sejam ou não cultivados, vastas propriedades, estas ja na zona piscatória de Caxinas (no que foi o lugar das Areias) e relativamente perto do mar. Seria este um dos trajectos - então rurais - preferidos do poeta Antero de Quental. Haja ou não prédios construídos nestes estreitos caminhos, é uma Vila do Conde desconhecida  que se me desvenda, já ao entardecer fresco, mesmo de refrigério, com o sol a mergulhar no horizonte, as fotos com ar algo fantasmagórico, impreciso. Nas traseiras das casas da Rua de Santa Catarina e nos seus pequenos quintais, há fornos barbecue.


De acordo com o IPPAR a capela de Santa Catarina foi construída, provavelmente, nos finais do século XV. A primeira referência a este edifício religioso data de 1518, do Tombo Verde do Mosteiro de Santa Clara.  Aqui e nesse tempo existiria uma aldeia de pescadores. Santa Catarina é invocada, em muitos lugares  como padroeira dos navegadores e de todos os que habitam os litorais. Esta pode ser uma explicação para que, no lugar das Areias (hoje de Santa Catarina) se tenha edificado esta capela. No seu alpendre passava as tardes o poeta Antero de Quental (que, quando viveu em Vila do Conde, entre 1881 e 1891, habitou numa moradia bem próxima, na Praça Velha), vislumbrando dali o mar que, provavelmente, lhe lembrava a sua longínqua ilha de S. Miguel. Relativamente à arquitetura, trata-se de um exemplar tardio-medieval Salientamos o singelo pórtico de arco quebrado. A fachada é encimada por uma pequena sineira de arco único. A parte exterior é prolongada por alpendre, actualmente encerrado por questões de segurança.  (in http://paroquiadeviladoconde.pt/catarina.php)

As fotografias seguem com inversão cronológica esta minha perambulação.

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(1) Vila do Conde e a Viela dos Gatos

Travessa de Santa Catarina




Esta Travessa inicia-se na Rua Comendador António Fernandes da Costa e termina na Rua de Santa Catarina
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Rua de Santa Catarina



  
  




  














Em muitos templos por estas zonas não falta o receptáculo para "esmolas"





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Travessa da Senra














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Rua da Senra















2016.09.16

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