Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Azurara - em busca da azenha quinhentista

* Victor Nogueira

Nem sempre o Google Maps é de fiar. Ele indica uma desafogada via rodoviária ligando a Rua das Figueiras à Travessa do Padrão, na margem esquerda do Rio Ave. Fiado nesta informação, sigo por esta, que não é senão um caminho vicinal, vou descendo até ao rio, fazendo o percurso final a pé, deixando o Fiesta a meia-encosta. Chego ao fim do caminho, que o Google diz ser a Travessa das Figueiras mas a placa toponímica lá em cima, defronte à casa arruinada, indica ser a do Padrão. Desemboco num terreno descampado à beira-rio - para montante a ponte da Rua da Igreja - e para jusante o caminho não é uma estrada mas estreita vereda em matagal marginando résvés as águas fluviais, junto a uma rampa que suponho tenha sido para tirar e pôr as embarações de e para as águas. Resolvo retroceder e na Rua das Figueiras pergunto a um velhote que placidamente sobe com a bicicleta pela mão se não há caminho para a azenha. Diz-me que o acompanhe e, a partir da bifurcação, sigo as suas indicações, vou sucessivamente pela Rua de Cima e pela Travessa da Azenha, caminhos de terra e mato donde por entre a vegetação, aqui e ali, se vislumbra o açude,  cruzo-me com um casal e duas crianças que retrocedem lá de baixo e ... ei-la defronte de mim, com escudete liso e porta emparedada. É muito mais bela vista de Vila do Conde a azenha quinhentista reconstruída pelos Marqueses de Vila Real, no século XVI e que  remontaria ao século XIII.  Para montante da azenha nenhum caminho existe.

De aordo com a ficha do IPPC  a azenha é "de planimetria rectangular, formada por um único volume, a sua estrutura assemelha-se a um fortim, tendo sido possivelmente inspirada na arquitectura militar da época, em que as fortificações se renovavam ao nível das estruturas.  As fachadas laterais são rasgadas por janelões, e na principal foi aberta a porta, encimada pela pedra de armas dos marqueses de Vila Real. O conjunto é rematado por uma cornija coroada por merlões com seteiras."  in http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72546/

Nesta zona houve outras azenhas em ambas as margens, mas apenas resta a que tenho defronte de mim.



(azenha vista de Vila do Conde)

Pouco mais há para ver e retrocedo sobre os meus passos, agora vislumbrando à minha direita a mole imensa do Convento de Santa Clara, na outra margem.

Travessa do Padrão










(rampa para movimento de embarcações ?)








Travessa das Figueiras




Outeiro de Sant'Ana


~

(Capela de Sant'Ana e cruzeiro)

Rua das Figueiras



Rua de Cima e Travessa da Azenha


(açude)





(Rio Ave)











(azenha)







(açude)







(Avenida Figueiredo Faria e "meia-laranja", em Vila do Conde)


fotos em 2016.09.26, 
salvo as duas  primeiras, de anos anteriores

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