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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Fotógrafo Gustavo Moura expõe em preto e branco


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Talhado na Memória': Fotógrafo Gustavo Moura expõe em preto e branco no mês da Consciência Negra

29/11/2011 | 15h34min

Será aberta nesta quarta-feira (30), às 19 horas, a exposição fotográfica ‘Talhado na Memória’, do fotógrafo paraibano Gustavo Moura. na Galeria da Ladeira, do Ateliê Multicultural Elioenai Gomes, dentro das comemorações do Mês da Consciência Negra. A entrada é gratuita e ficará aberta a visitação até o próximo dia 20 de dezembro, no horário das 11 às 16h.

A exposição consta de cerca de 20 fotografias em preto e branco, tamanhos variados, com imagens clicadas há mais de vinte cinco anos, pelo fotográfo Gustavo Moura quando foi à Serra do Talhado, no município de Santa Luzia, em 1984, com a intenção de conhecer as locações do filme Aruanda, de Linduarte Noronha, retornando à região, em 1986 e 1988, para registrar percepções e a realidade dos moradores do local. Além dos rostos, horizontes, lugares e gestos desta população estão presentes nas fotografias.

A comunidade quilombola da Serra do Talhado está localizada do município de Santa Luzia, no Sertão paraibano, distante 270 quilômetros da capital. Desde sua formação, na segunda metade do século XIX, o lugarejo ainda preserva características de um quilombo, evidenciadas na resistência dos seus habitantes e na relação com a terra. Dela sai o sustento: seja pela agricultura ou na forma de peças de barro, uma tradição local preservada até hoje.

Indícios tão marcantes fizeram a comunidade receber, em 2004, a certidão de auto-reconhecimento, emitida pela Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura (MinC). A história dos quilombolas foi inclusive tema de um documentário, lançado em 1960, durante o período do Cinema Novo.


Esse quilombo descende de negros provenientes do estado do Piauí, que chegaram à região do seridó ocidental da Paraíba por volta de 1885. Perceber os traços de uma realidade tão sofrida nos aproxima dos sorrisos e da resistência daquele povo, que expressa sua arte na confecção da louça a na música de seus bons forrozeiros.


Segundo relatos dos quilombolas que moram na área, a comunidade teria surgido por volta do ano de 1880, quando o casal Zé Bento e Cecília estabeleceu uma família naquelas terras. Quem declara isso é o agricultor Sebastião Braz, 78 anos, bisneto dos primeiros moradores e uma das lideranças locais. “A história que eu conto é a mesma que me contaram. Meus pais diziam que ele (Zé Bento) veio do Piauí e acabou criando a família aqui no Talhado”, revela.

A versão ganha ainda mais fundamento quando se descobre que todos que nascera e ainda nascem na Serra do Talhado são parentes. “São todos aqui de uma mesma família”, conta Gilvaneide Ferreira da Silva, 39 anos, que além de ser sobrinha de Sebastião é casada com o filho do agricultor.

Além de retratar a cultura quilombola local, o artesanato é, hoje, uma grande fonte de renda para a comunidade. Um dos exemplos é a Associação das Louceiras Negras da Serra do Talhado, que reúne as artesãs do lugarejo, incentivando e valorizando a organização. A associação ajudou artistas e ceramistas a venderem mais peças, inclusive fora da Paraíba.


Para o artista visual e gestor cultural Elioenai Gomes, a exposição ‘Talhado na Memória’ de Gustavo Moura é “uma grande oportunidade para as pessoas conhecerem e se encantarem com a história desse povo, suas expressões, seus costumes, crenças e alegrias e vem culminar com o encerramento das comemorações do Mês da Consciência Negra que nos trouxe reconhecimento, credibilidade e um grande fortalecimento para a cultura popular afro indígena”, destacou. 


De acordo com Elioenai, o Ateliê Multicultural que fica na Ladeira da Borborema, 101, no bairro do Varadouro, Centro Histórico de João Pessoa está com programação cultural permanente. No próximo final de semana tem mais uma edição do projeto ‘Forró Luz do Candeeiro’ com o melhor do autêntico forró paraibano. Informações pelos telefones 83 8730-9629, 88030786, 81 96479294 ou pelo site  www.ateliemulticultural.com.br

Serviço:

Programação do Mês da Consciência Negra do Ateliê Multicultural Elioenai Gomes

30/11 – Exposição Talhado na Memória, 19h
Aberto de 30/11 a 20/12 das 11h às 16h
Entrada franca
 Maiores informações 8730.9629  


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