Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 26 de novembro de 2011

Fotojornalismo alemão em exposição na Casa Andrade Muricy


“Zeitsprung - Salto no Tempo”


A mostra recebe obras de Erich Salomon e Barbara Klemm
  25/11/11 às 16:06  |  Redação Bem Paraná

A queda do Muro de Berlim registrado pela fotojornalista Barbara Klemm, em 1989 (foto: Barbara Klemm)
A Casa Andrade Muricy recebe exposição de dois fotojornalistas alemães: Erich Salomon e Barbara Klemm, que possuem fundamental importância para a cultura do país. Cerca de 100 fotografias da dupla estão reunidas na exposição “Zeitsprung - Salto no Tempo”, que será aberta ao público no dia 01 de dezembro.


Erich retratou de forma ímpar grandes acontecimentos políticos nas décadas de 1920 e 1930 e é considerado o pai do fotojornalismo político moderno. Já Barbara capturou momentos históricos focando o lado social e psicológico das personagens.


Curitiba é a única cidade do Brasil a receber a mostra, que já passou por Quito e depois daqui segue para La Paz. No dia 02 de dezembro, também na Casa Andrade Muricy, Barbara ministra palestra sobre seu trabalho como fotojornalista, com tradução simultânea.


Erich Salomon trabalhou com câmeras escondidas a fim de fotografar “contemporâneos famosos em momentos desprevenidos”, como o título de seu livro. Seus métodos anteciparam o trabalho dos atuais paparazzi, mas sem apelo sensacionalista. As imagens mostram o hábito da elite política e social da época e as negociações diárias do trabalho.


Como repórter, Salomon investigou o, até então desconhecido, mundo do trabalho parlamentar. Sua destacada posição proporcionou-lhe o acesso aos mais altos círculos de poder e aos salões de estrelas de filme, música, literatura e arte.


O fim dessa cultura, que se manifestou com a presença dos nazistas no parlamento de Berlim, a partir de 30 de outubro de 1930, influenciou também o mundo visual do fotógrafo.


Em 1932 ele fotografou a única reportagem sociopolítica de sua obra, intitulada “Os Prisioneiros da Crise Mundial”. Foi uma espécie de pressentimento sombrio em relação ao futuro. Ele morreu no campo de concentração de Auschwitz em 1944.


Muitas fotografias de Barbara Klemm consolidaram-se como parte integrante da memória visual coletiva dos alemães. Ela também trabalhou com o método da imagem espontânea, mas sem utilizar câmeras escondidas.


Sua discreta atuação durante o trabalho possibilita às pessoas fotografadas continuar as atividades sem se incomodar com sua presença. Um equipamento fotográfico pequeno e leve, que não deixava transparecer interesses profissionais, facilitou seu acesso a acontecimentos significativos.


Com frequência Barbara ficava à margem de um evento, tirando fotos um pouco antes ou depois do seu ponto alto. Assim, sempre conseguia transmitir imagens profundas dos acontecimentos.


Suas fotografias são totalmente diferentes daquilo que se chamaria de instantâneo. Barbara evita qualquer efeito. A perfeição de suas composições só se faz perceber em um segundo olhar.


Barbara Klemm e Erich Salomon se consideram jornalistas, e não artistas. Ambos produziram documentos históricos únicos e, como artistas, imagens fortes e de intensidade.


A exposição é realizada pelo Instituto de Relações Culturais com o Exterior (IFA), com parceria do Goethe Institut e da Casa Andrade Muricy, unidade da Secretaria de Estado da Cultura.


Serviço:
Local: Casa Andrade Muricy
Endereço: Rua Alameda Dr. Muricy, 915 – Centro
Data e horário: Dia 01 de dezembro de 2011 (quinta-feira), às 17h
Preço: Entrada franca

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