Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Benetton retira imagem do Papa a beijar o imã do Cairo




Publicidade mostra beijos impossíveis

17.11.2011 - 08:58 Por Romana Borja-Santos
A imagem do Papa a dar um beijo a Safwad Hagazi, imã do Cairo, foi retirada mas as restantes cinco mantêm-se
A imagem do Papa a dar um beijo a Safwad Hagazi, imã do Cairo, foi retirada mas as restantes cinco mantêm-se (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)
 A polémica imagem do Papa Bento XVI a beijar Safwad Hagazi, imã do Cairo, que fazia parte da nova campanha da Benetton não durou 24 horas. Após um comunicado do Vaticano a criticar veementemente esta publicidade, a marca acabou por retirá-la.

A Benetton voltou a dar que falar numa acção de marketing, continuando a apostar em beijos impossíveis: o Papa Bento XVI e um imã egípcio, os presidentes americano e chinês, a chanceler alemã e o chefe de Estado francês. A campanha com estas montagens fotográficas, cujos cartazes invadiram as ruas de Roma e Milão e os sites noticiosos um pouco por todo o mundo, faz parte de uma iniciativa da fundação Unhate (Deixe de Odiar, em tradução livre do inglês), financiada pelo grupo de Luciano Benetton e que tem por objectivo, lê-se na sua página oficial, “contribuir para a criação de uma nova cultura de tolerância” e de diálogo, independentemente das diferenças.


Uma cultura de tolerância e de diálogo que foi vista com muitos maus olhos pelo Vaticano, que a 500 metros dos aposentos do Papa tinha um cartaz que mostrava Bento XVI a beijar Safwad Hagazi. Nos outros cartazes da campanha o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, beija o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. Desta vez as fotografias não são de Oliviero Toscani, mas ao olhar para a imagem que junta os líderes das duas Coreias é impossível não pensar nele. Tão impossível como o beijo entre Kim Jong-il e Lee Myung-bak.



O porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, veio ontem apelidar a campanha de “manipuladora”, considerando “absolutamente inaceitável” a apropriação que foi feita da imagem do Sumo Pontífice. Federico Lombardi ameaçou mesmo que o Vaticano tomaria medidas junto das autoridades competentes se a Benetton não recuasse. “É uma grave falta de respeito pelo Papa, uma ofensa contra os sentimentos dos fiéis e um exemplo claro de como a publicidade pode violar as mais elementares regras de respeito pelas pessoas para atrair a atenção das pessoas através da provocação”, disse o porta-voz, citado pela AFP.



Por seu lado, a Benetton defendeu-se, assegurando que o propósito da campanha passava “exclusivamente por combater a cultura de ódio em todas as formas”, mas aceitou, ainda assim, retirar esta imagem do conjunto total de seis fotografias que compunham a campanha. “Lamentamos que o uso da imagem do Pontífice com o imã tenha ofendido as sensibilidades dos fiéis desta forma”, reforçou a marca num comunicado citado pela Reuters.

Sem comentários: