Este ano, o fotógrafo Stepan Rudik foi desclassificado da categoria "Esporte" do prêmio World Press pois abusou do Photoshop. Tirou um pé de uma de suas fotos e reenquadrou-a, depois de transformá-la em preto e branco, entre outras manipulações, para fazê-la parecer uma foto feita em película.
Segundo um responsável do World Press, em vez de mostrar a realidade, os jovens fotojornalistas resolvem "aperfeiçoá-la". Resultado: de 100 mil fotos examinadas pelo juri do prêmio, 20% são eliminadas por terem sido "photoshopadas" em excesso.
Campos de refugiados coloridos
Pode-se falar de objetividade da imagem fotográfica? Para o fotógrafo italiano Francesco Zizola, ela nunca existiu. Nem mesmo antes do programa Photoshop, que permite aos fotógrafos manipular ou apenas retocar uma imagem infinitamente. Esse debate em torno da objetividade no fotojornalismo promete ocupar grande parte do Festival Visa pour l’image, que se realiza na cidade francesa de Perpignan de 28 de agosto a 12 de setembro. O fotógrafo Guillaume Herbaut diz que seus jovens estagiários, que sabem utilizar perfeitamente o Photoshop, não fazem distinção entre a foto artística e a foto documental ou jornalística.
O fotógrafo Philip Blenkinsop, da agência Noor, fica indignado quando vê fotos com cores luminosas em campos de refugiados. Ele explica ao jornal Le Monde que nesses lugares tudo é cinzento, não há cor e quando as revistas mostram essas fotos com tons fortes, os refugiados devem se sentir insultados pois é como se os fotógrafos dissessem que a vida miserável deles não é interessante, que a realidade precisa ser retocada.
Por Leneide Duarte-Plon - Observatório da Imprensa
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