Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fotos inéditas do jornal Última Hora estão na internet


02/09/2010 - 10:16

Grande parte das fotografias ficou guardada em arquivo por muitos anos e não chegou a ser publicada no jornal. 
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O Arquivo Público do Estado de São Paulo acaba de digitalizar e disponibilizar na internet parte do arquivo fotográfico do jornal Última Hora, um dos mais importantes periódicos do jornalismo brasileiro, que circulou em diversas cidades brasileiras nas décadas de 1950 e 1960. São quase 20 anos de história registrados em 54.600 mil fotografias e 1.200 ilustrações, que podem ser vistas pelo site http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital/ 
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Diferentes momentos da história brasileira foram registrados pelas lentes fotográficas do jornal Última Hora: o suicídio do Presidente Getúlio Vargas, em 1954; as Olimpíadas de Helsinki, em 1952; a estreia de Roberto Carlos na TV Tupi, em 1968. a visita dos Rolling Stones ao Rio de Janeiro, em 1968. Além de nomes que marcaram a música brasileira, como Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Ângela Maria e Chico Buarque e o teatro, Eva Tudor, Tônia Carreiro, Procópio Ferreira, Grande Otelo e Cacilda Becker. 
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O tratamento de conservação preventiva e a digitalização dessas imagens é resultado do Projeto Última Hora – Acervo Fotográfico, que consistiu em organizar, conservar, digitalizar, tratar as imagens, produzir instrumentos de pesquisa e disponibilizar na internet este grande volume de fotografias. Este projeto teve início em 2007 no Centro de Acervo Iconográfico e Cartográfico do Arquivo Público do Estado de São Paulo. 
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A diretora do Centro, Elisabete Savioli , explica que as imagens desse projeto são do Departamento de Arquivo Fotográfico da Última Hora, na forma de negativos flexíveis. “Este tipo de suporte é muito frágil e de fácil deteriorização, o que torna a manipulação destes documentos bastante complicada”, explicou Elisabete. Além disso, para visualizar a imagem no negativo é preciso utilizar instrumentos específicos como lupas e mesas de luz. “Tudo isso torna a consulta aos documentos originais mais difícil, daí optarmos pela digitalização do acervo, que irá facilitar o acesso aos pesquisadores”, completou. 
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A consulta às fotografias pode ser feita de três formas: por período, autor ou palavra-chave. Toda a cobertura dada pelo jornal a temas como política, esporte, artes, teatro, cinema e literatura pode ser observada no seu arquivo fotográfico. De fatos do cotidiano a grandes acontecimentos da nossa história, nada escapa das lentes dos fotógrafos da “UH”: a posse de João Goulart no Senado (1956), a prisão do jornalista Carlos Lacerda (1952), a primeira Bienal de Arte Moderna (1951), o casamento de Grande Otelo (1954), o surgimento do Cinema Novo nos anos 1950 ou a inauguração da exposição de retrospectivas do trabalho de Di Cavalcanti no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1954). 
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Além de fotografias, também foram digitalizadas as ilustrações publicadas no jornal, tratando de política, economia, arte e cultura. Criado por Lan, o Corvo, representando o jornalista e político Carlos Lacerda, e os gorilas fardados, representando os militares, são exemplos de caricaturas da “UH” que ficaram famosas. Os jogadores de futebol Zito, Tostão, Pelé, as atrizes Greta Garbo e Betty Davis e o escritor Carlos Drummond de Andrade são exemplos de personalidades que inspiraram ilustrações e caricaturas da “UH”. 
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No mesmo site, também pode ser consultado o acervo do próprio jornal Última Hora, digitalizado pelo Arquivo Público do Estado em 2008. A “UH” também foi tema de algumas publicações da instituição, como os cinco volumes da coleção “Arquivo em Imagens. Série: Última Hora” sobre artes, futebol, ilustrações e política. 
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O Fundo Ultima Hora está sob a guarda do Arquivo Público desde 1989 e é composto por 166 mil fotografias, 600 mil negativos, 2.223 ilustrações e uma coleção de edições da Ultima Hora do Rio de Janeiro entre os anos de 1951 e 1970, em papel ou microfilme. 
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Última Hora: marco da imprensa brasileira - A Ultima Hora foi criada em 1951 por Samuel Wainer no Rio de Janeiro, em um período de efervescência social e política, deixando de circular em 1971. O jornal tinha uma linguagem popular e foi pioneiro em diversos aspectos como o uso constante de cores, ilustrações e fotos. Esse jornal era o único que abrangia, nessa época, sete cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Recife . 
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Além dos temas corriqueiros do jornal como futebol, cinema e criminalidade, a “UH” também revelou seu apoio aos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jango nas páginas de política. Entre os seus colunistas destacaram-se Nelson Rodrigues, Agnaldo Silva, Arthur da Távola, Inácio Loyola Brandão, Jô Soares, Jaguar, Juca Chaves, Nelson Motta, Rubem Braga e Walter Negrão. 
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O arquivo fotográfico da “UH” foi formado ao longo da trajetória da edição carioca do jornal, entre os anos de 1951 e 1971, sob a direção de Samuel Wainer. O uso de fotografias e ilustrações em quase todas as páginas é uma das características marcantes da Última Hora. Para cada pauta era produzida uma missão, isto é, um conjunto de fotos tiradas para ilustrar uma notícia publicada no jornal. E, a cada missão, apenas uma ou duas fotos eram escolhidas pelo editor. Ao todo, cerca de 400 fotos eram tiradas diariamente para a cada edição, algo fora do comum à época. As fotografias, publicadas ou não, eram recolhidas ao arquivo do jornal. São estas imagens, algumas delas inéditas, que foram digitalizadas e estão na internet. Trata-se de um importante registro da história da imprensa brasileira. [ http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital]. 
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Perfil- O Arquivo Público do Estado de São Paulo é um dos maiores arquivos públicos brasileiros. Vinculado à Casa Civil do Estado de São Paulo, sua função é formular uma política estadual de arquivos e recolher, tratar e disponibilizar ao público toda documentação de caráter histórico produzido pelo Poder Executivo Paulista. A instituição mantém sob sua guarda aproximadamente 6 mil metros lineares de documentação textual permanente, 17 mil metros de documentação intermediária, 900m de material iconográfico, grande quantidade de jornais e revistas e uma biblioteca de apoio à pesquisa com 45 mil volumes. 
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