Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 31 de outubro de 2020

fotos de capa em 31 de outubro

 * Victor Nogueira


2020 10 31 foto victor nogueira - Papagaio na Pastelaria Santa Clara, no Mindelo, onde muitas vezes vou lanchar, ali ao lado da Igreja de S. Pedro. dos Mareantes.

Não aprecio papagaios. Sujam tudo à sua volta, repetem monotonamente frases que memorizaram e por vezes mordem-nos inesperadamente- Na minha vida, para além deste, recordo O da Ti Maria, no Porto da minha adolescência, e dum que havia na esplanada do entretanto encerrado restaurante O Cantinho do Frade, em Setúbal, ali perto do também demolido moinho do Frade. 

Na literatura há também um papagaio célebre, "Flint", de John Silver, o pirata, um dos principais personagens no romance "A ilha do tesouro",  de Robert L. Stevenson, um dos romances de aventuras da minha adolescência, da Biblioteca dos Rapazes, da Portugália Editora, conjuntamente com outros como os de Emílio Salgari, Paul Féval, Alexandre Dumas, Mark Twain e Júlio Verne.
 

Para terminar uma das canções da minha infância: «Papagaio louro» 



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2019 10 31  O separador do Google Chrome hoje afinfa-nos com o Halloween ou Dia das Bruxas. Escreveu outrora Cervantes, pela voz de D. Quixote, que não acreditava em bruxas, mas que as havia, havia.




2017 10 31  foto victor nogueira - Setúbal - Jardim do Quebedo

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Em torno da Igreja de Santa Maria da Graça, em Setúbal

Estatuária em Setúbal 07

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2016 10 31 foto victor nogueira - Mindelo - todo o trabalho tem sido feito rapidamente e por máquinas e tractores. Hoje o tractor gradava o campo enquanto iria lançando a semente à terra. Eis senão quando ao olhar para lá da janela, reparo neste homem dirigindo-se lá para diante, de enxada ao ombro e forquilha na mão. Penso que iria trabalhar o pedaço de terra em torno do poço onde as máquinas não entram.

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2015 10 31 foto victor nogueira - porto - o gato da minha tia teresa, seguido de poemas de  Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Alexandre O´Neill e José Jorge Letria

1 -. – Vinicius de Moraes – O gato
  
Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo, mal-humorado
Um preguiçoso é o que ele é
E gosta muito de cafuné

2.- Fernando Pessoa – Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa, 1-1931

3. – Alexandre ´Neill -  Gato

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

4. – José Jorge Letria - Ode ao Gato

Tu e eu temos de permeio 
a rebeldia que desassossega, 
a matéria compulsiva dos sentidos. 
Que ninguém nos dome, 
que ninguém tente 
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza, 
pois nós temos fôlegos largos 
de vento e de névoa 
para de novo nos erguermos 
e, sobre o desconsolo dos escombros, 
formarmos o salto 
que leva à glória ou à morte, 
conforme a harmonia dos astros 
e a regra elementar do destino. 

José Jorge Letria, in "Animália Odes aos Bichos"

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felina inspecionando as prendas na noite de Natal em casa da Teresa




2014 10 31 foto victor nogueira - Santiago do Cacém - estendal e canto da lazeira 

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