Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Em Lisboa, os Quintela-Farrobo e o Palácio das Laranjeiras

 *`Victor Nogueira




O Teatro Thalia em 1998.01 (Fotos Victor Nogueira - rolo 235)


Sete Rios e Laranjeiras 

Em Sete Rios fica o Palácio das Laranjeiras, dos Condes de Farrobo, com as ruínas do Teatro da Tália, destruído por incêndio; parte dos jardins estão ocupados pelo Jardim Zoológico. Pela Estrada das Laranjeiras até Carnide não existem praticamente vestígios de ruralidade; o campo foi substituído por uma muralha de edifícios incaracterísticos de vários pisos. (Notas de Viagem, 1997) Em 1998 o Teatro Thalia, entretanto recuperado, era uma ruína.

Os Quintela-Farrobo

Ao Palácio das Laranjeiras está ligado o 1º Conde de Farrobo e 2º Barão de Quintela, Joaquim Pedro Quintela (1801 -1869), um aristocrata português, sucessor da grandiosa fortuna de seu pai, o capitalista ligado ao monopólio do tabaco, Joaquim Pedro Quintela, filantropo, mecenas das artes e promotor de manifestações artísticas. Este tinha um Palácio em Lisboa, na Rua do Alecrim, edificado em 1782, defronte ao Largo que actualmente tem o seu nome e se encontra a estátua de Eça de Queirós, inaugurada em 1903, esculpida por Teixeira Lopes

Sobre a nudez forte da Verdade  o manto diáfano de Fantasia – Estátua da Verdade nos braços de Eça de Queiroz, da autoria do escultor Teixeira Lopes (1903)  - Foto Victor Nogueira (1973)

Apesar da relevância que o 1º conde de Farrobo teve na vida política, social e cultural de Portugal, na atualidade tem sido lembrado pela faceta dos excessos e festins desmesurados: o "farrobodó".


O "farrobodó"

No documentário biográfico do conde de Farrobo, que inclui participação do seu tetraneto José Diogo Quintela, é referido o seguinte: "O farrobodó propriamente dito, tem inicio em meados da década de 30 do século XIX. Farrobodó e não forrobodó como se diz atualmente, vem de Farrobo e do fausto das suas festas, saraus e demais peripécias que foram muito comentadas em Lisboa, na época que se seguiu a Joaquim Pedro ter sido feito Conde do Farrobo".

"Os principais cantores de ópera europeus da época atuaram no seu Teatro Thalia, anexo ao palácio, onde invariavelmente terminavam todas as festas, nas quais a família real marcava presença, em especial o rei D. Fernando e a sua filha Maria Ana. Foi com estas festas opulentas que, reza a lenda, lembrada por Marina Tavares Dias, Quintela estoirou uma fortuna que demorara dez gerações a criar. Foi por causa delas que surgiu também a expressão popular "farrobodó". (Wikipedia)

(1) - Farrobodó - Uma Biografia do Conde do Farrobo, in https://www.rtp.pt/programa/tv/p27213



O Teatro Thalia ou das Laranjeiras

O Teatro Tália ou Teatro Thalia, mais conhecido por Teatro das Laranjeiras, foi um pequeno teatro, inicialmente pertença de Joaquim Pedro Quintela, 1.º conde de Farrobo, situado na Estrada das Laranjeiras, Laranjeiras (Lisboa), nas imediações do actual Jardim Zoológico de Lisboa. Apesar da sua pequena dimensão (560 espectadores), foi um dos principais teatros lisboetas do século XIX, onde actuaram as grandes figuras do panorama musical dessa época. Hoje, é um dos locais de concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa.

Construído em 1825, foi reedificado e renovado no ano de 1842, segundo um projecto do arquitecto Fortunato Lodi. Em 1862 o teatro foi praticamente destruído por um incêndio ocorrido a 9 de Setembro, só tendo sido poupada à destruição a fachada. Já no Século XXI, os ateliês de Gonçalo Byrne Arquitectos e Barbas Lopes Arquitectos, efectuaram o projecto de recuperação do edifício.

Na fachada do teatro pode ver-se a inscrição "Hic Mores Hominum Castigantur" (Aqui serão castigados os costumes dos homens) (Wikpedia)

~~~~~~~~~~~~~~

Nos tempos do PS Guterres vim muitas vezes a este Palácio das Laranjeiras. Com efeito, desde 1996 e até finais de 1998 prestei apoio á Frente Comum de Sindicatos da Função Pública nas negociações resultantes do "Acordo Salarial para 1996 e compromissos de médio e longo prazo", celebrado entre o Governo e as Organizações Sindicais da Administração Pública. Em consequência participei nas negociações, enquanto dirigente nacional do STAL, como representante da FC ou dando assessoria técnica a esta, designadamente no âmbito das mesas geral e parcelares nº 3 (revisão do regime de carreiras e cargos dirigentes), nº 4 (recenseamento geral da função pública), nº 5 (recrutamento e selecção), nº 6 (classificação de serviço), nº 7 (horário e duração de trabalho), nº 13 (condições de trabalho).

Sem comentários: