Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Fortificações 33 - Sintra e o Castelo dos Mouros

 * Victor Nogueira





O Castelo dos Mouros é um castelo em ruínas compreendido entre as florestas exuberantes da Serra de Sintra e é uma atração turística popular da terra. O Castelo dos Mouros foi construído durante o séc. IX pelos para proteger a cidade de Sintra, mas foi sendo progressivamente abandonado depois da Reconquista Cristã em Portugal, Os seus últimos habitantes eram judeus, que no séc. XV foram expulsos de Portugal.  desenvolvendo-se a povoação no sopé do fragoso monte, ao desenvolver-se aqui a estância de veraneio da Corte. O terramoto de 1755 aumentou-lhe a ruína.


O castelo foi restaurado no séc. XIX pelo Rei Fernando II, que o transformou numas ruínas românticas; foram adicionados locais de contemplação, caminhos de acesso e vegetação abundante, transformando-o numa atracção turística.com vistas espectaculares sobre a região de Sintra, até ao Atlântico. 




1968

Nos idos '68 Sintra era o oásis que procurava por vezes em dia de canícula em Lisboa, mas a única vez que me lembro de ter subido a penedia pedregosa até ao Castelo dos Mouros é  a que registam fotos no Verão de 1978. Depois disso voltei muitas vezes a Sinta, mas não creio ter voltado ao Castelo.

Uff! Que calor! Até parece o Abril em Luanda! Hoje a temperatura baixou um pouco mais, em relação aos dias anteriores. Mas mesmo assim... O ar está seco e quente; sinto-me pegajoso, indisposto. Calor, só calor; nem uma leve brisa para refrescar; quando corre não é senão um bafo quente. As engrenagens cerebrais estão emperradas, o raciocínio faz-se ao retardador! A casa é um forno, a rua um inferno. Nem sequer tenho tido coragem de ir à praia, não obstante a sedução dum mergulho infindável nas águas do oceano, melhor, do Tejo. Ontem fui com o Manel até Sintra. ([1]) A viagem de comboio, na ida e na volta, foi um suplício. Mas lá, meu Deus, que paraíso! Um parque aprazível, o rumorejar da brisa por entre as ramagens, a quietude, o sossego! Por lá ficamos largos momentos, eu com a "História da Música Europeia", o Manel com "O Pequeno Lorde" de Frances Hodgson Burnett]. (NSF - 1968.07.24)



[1] O Manuel era o mais novo dos três  filhos do casal (Maria José e senhor Pinto, ela doméstica e ele tipógrafo) em casa de quem estava hospedado, na Rua S. João Nepomuceno, 21 – 1º Esq, em Lisboa, nos meus idos de estudante em “Económicas”.

1978

Sintra estende‑se por além abaixo, casario emergindo do meio do arvoredo ou dos campos verdejantes e ensombrados pelo dia cinzento e chuvoso. Lá ao fundo as montanhas e na mão esquerda uma sandes de queijo e presunto. Daqui a pouco seguiremos até à Boca do Inferno, perto de Cascais. Aqui atrás de mim duas velhotas filosofam sobre as misérias dos católicos (parecem‑me beatas e quando entrámos [no café à beira da estrada] estava uma desabafando: "O que nós fomos e ao que chegámos! " (...) O comboio de Sintra desliza lentamente lá em baixo no vale. A sandes de presunto e queijo estava saborosa. (MCG 1974.01.02)

1997

 Duas feiras têm renome. Uma é a Feira de S. Pedro de Sintra (2º e 4º domingo de cada mês), com mais de dois séculos de idade, instituída para satisfazer semestralmente as necessidades das populações da região, muito afastadas de Lisboa e sem facilidade de transportes. Trata‑se duma feira eclética, onde se vende um pouco de tudo, desde vestuário a produtos hortícolas e fruta até ao pão saloio, passando pelos alfarrabistas, antiquários e coleccionismo. Outra é a Feira das trouxas, na Malveira, quase diária, onde se vendem roupas bem como artigos domésticos e alimentares. (Notas de Viagem, 1997)

2013

Photoandando por Sintra


Fotos em 1978 e 2013

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