Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 4 de outubro de 2020

Viana do Castelo

 * Victor Nogueira / JJ Castro Ferreira

Outrora Viana do Castelo era um destino frequente, mas há cerca de duas décadas que lá não vou, apesar de ficar apenas a cerca de 55 km do Mindelo, indo pela auto-estrada 28. Salvo indicação em contrário, as fotos que se seguem são de minha autoria e do meu tio José João, estas assinaladas com (*), reportam-se aos anos '70 do passado milénio e 1998, embora existam duas de 1959.

1963

[Eu, o avô Barroso e o tio Zé] Fomos a Famalicão, à Feira anual. Lá vendia-se gado bovino e asinino, cerâmica, louças, roupas, arreios, etc. Há também uma feira semanal às quartas-feiras. No fundo a feira é igual às de Barcelos e Monte Real. Vi algumas mulheres de Viana [do Castelo] com os seus trajos típicos.  É provável que, em Outubro, o avô Barroso me leve à Penha e a Guimarães. (1963.09.29 - Diário III) 

1973

Apesar do boletim meteorológico, este fim de semana pascal foi soalheiro e límpido. Com o meu avô Luís; José João e resto da família fomos almoçar a Viana do Castelo. Gosto muito destas paisagens. .  (MCG 1973.03.31)

1974

Está uma tarde maravilhosa aqui em Viana, onde viemos almoçar neste domingo de Páscoa. Estamos a dar uma volta, visitando a cidade; vou escrevendo enquanto vou andando. Interrompi para tirar umas fotografias no largo deste postal, [Praça da República] mas não encontrei nenhum ângulo que me agradasse. O José João tirou fotografias e o resto da família conversa. (MCG - 1974.03.30)

1997

A ponte que liga a margem esquerda do Lima a Viana do Castelo é metálica, uma obra de engenharia da casa Eiffel, de Paris. Na cidade destacam-se o frontispício da Igreja da Misericórdia, renascentista (século. XVI) com aspecto insólito: arcadas no piso térreo e varandas alpendradas nos dois seguintes, onde o granito emoldura a brancura das paredes. O Chafariz quinhentista, similar ao de Ponte de Lima, também encimado por uma esfera armilar, é de autoria do canteiro João Lopes, o Novo, e semelhante ao de Caminha, este obra de seu pai, João Lopes, o Velho. A Antiga Casa da Câmara, com dois pisos, acastelada; no térreo tem três arcos em ogiva, formando um alpendre. Todos na Praça da República, antiga praça da Rainha, equivalente da Praça do Giraldo em Évora. 

Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como "Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo).

Romaria da Senhora da Agonia

Célebre é a Romaria da Senhora da Agonia, entre 19 e 22 de Agosto, que remonta ao século XVIII, com procissão, cortejo etnográfico e desfile dos coloridos trajes minhotos tradicionais, culminando com fogo de artifício à beira rio.

Santuário de Santa Luzia

O Monte de Santa Luzia e a Basílica ficam nos arredores, com magnífica vista em redor, com os seus verdejantes montes e a cidade de Viana, na foz do rio Lima. (Memórias de Viagem, 1997)




(Foto Fátima Pereira e pormenores)

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Sé Catedral, desde 1977.  A Igreja Matriz de Viana do Castelo, de estilo gótico, remonta ao século XV, sendo aberta ao culto em 1455. Primitivamente dedicada ao Divino Salvador, foi posteriormente consagrada ao culto mariano, passando a ter como seu orago Santa Maria Maior. O portal ogival é composto por quatro arquivoltas, três das quais decoradas. Cristo reinando coroa a composição no fecho da última arquivolta, ladeado por uma visão da corte celestial. A proteger a entrada da Catedral estão as esculturas dos seis Apóstolos mais ligados às tradições da vila e da região: São Pedro, São Paulo, São João, São Bartolomeu, São Tiago e Santo André. O conjunto escultórico no portal principal é uma obra notável e rara do gótico nacional. 


Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, na esquina com a Rua de Viana


Cavalaria da GNR - Antes do 25 de Abril as cargas da Cavalaria da GNR sobre os manifestantes eram assustadoras. Nas suas memórias a minha mãe refere o medo que  em miúda tinha ao passar por aqueles cavalos nas ruas do Porto. (Foto Isabel CF)

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  Rua Manuel Espregueira 





(Foto Fátima Pereira e pormenor)

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Igreja da Misericórdia e chafariz de João Lopes, o Novo.  O chafariz do Campo do Forno, edificado por João Lopes, o Novo, obedece à linha estrutural utilizada por seu pai, João Lopes o Velho, em fontanários anteriores: inserida num tanque circular, suporta um conjunto de três taças, que diminuem o seu diâmetro à medida que são colocadas mais acima, decoradas a toda a volta por carrancas de onde jorra a água. O conjunto é rematado por um coruchéu esculpido em relevo com águias e folhagens, inserindo o escudo de Portugal.

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Igreja da Misericórdia, Hospital das Chagas da Misericórdia e antiga Casa da Câmara, na Praça da República, antiga Praça da Rainha. Fundada em Abril de 1521 a pedido da câmara vianenense, a confraria da Misericórdia de Viana da Foz do Lima iniciou em 1526 as obras de construção da "capella e caza" da irmandade, que ficaria situada na zona da Bemposta, no centro da vila. Sem hospital próprio, a irmandade só conseguiu solucionar este problema na década de oitenta, quando decidiu iniciar a construção de um de sua propriedade, bem como uma nova igreja no Campo do Forno, na praça central da vila, edifícios que se vêm nas fotos. A obra de edificação do hospital levou cerca de uma década a ser terminada, iniciando-se a abertura das fundações em 1585 e estando o complexo concluído em 1594. O seu autor foi João Lopes, o Moço.  




Solar Altamira, na Rua Padre Alfredo Guerreiro, edificado no século XVI (1509). Caracteriza-o a  fachada manuelina e a coroa de ameias ao gosto do Oriente, onde combateu Francisco Melo Alvim - genro do fundador Pedro Pinto .









fotos em 1973/75 e 1998 (rolo 353)



No Santuário de Santa Luzia, em Viana do Castelo  – Avô Barroso, Maria Emília, Zé Luís e tio  Zé Barroso (foto à la minuta) – 1959.09.11 




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