Alberto Korda
Um olhar comandado pelo coração
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A exposição abre hoje e às 15.00 Diana Díaz e Cristina Vives, comissária da mostra, guiam uma visita pelas 200 fotografias de Korda em exibição na Cordoaria Nacional, em Lisboa até 31 de Janeiro.
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Uma tela com a imagem de Che é o cartão de visita da exposição Korda - Conhecido Desconhecido e Cristina Vives avisa que o título não é apenas uma brincadeira de palavras. "Aqui temos fotografias inéditas que mostram como Korda construía a imagem do líder cubano, o seu amor à beleza feminina e resulta de uma pesquisa minuciosa de entre mais de 50 mil fotogramas", explica.
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Fotografias de moda - a sua grande paixão e à qual, ironicamente, teve de renunciar por causa da Revolução, que apoiava e sempre defendeu -, do povo, dos líderes políticos em momentos privados e fotografias subaquáticas, às quais se dedicou depois de 1968 - "o seu refúgio", explica Vives - compõem a exposição.
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Cristina Vives realça que os negativos investigados correspondem apenas a "um arquivo, daqueles cinzentos de metal, com quatro gavetas, onde estava o seu trabalho de dez anos como fotógrafo oficial de Fidel". "Mais de 90% do seu trabalho desapareceu quando o estúdio foi confiscado, em 1968", adianta.
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"Korda ficou magoado com a forma como o estúdio foi confiscado, através de uma intervenção policial. Isso deixou-o triste. E viu como um mal necessário da implantação em Cuba dos ideias socialistas o facto de terem confiscado o seu trabalho", revela José A. Figueiroa, amigo de Korda desde 1964.
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Esse é o Korda “conhecido”, o autor de um “instante de sorte”, como ele disse um dia. Na Cordoaria Nacional, em Lisboa, para além do fotógrafo que documentou a Revolução Cubana, há um “Korda desconhecido” para descobrir, que inclui fotografias de moda, mulheres e paisagens.
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“Korda – Conhecido Desconhecido”, organizada pela Casa da América Latina e Câmara de Lisboa mostra 200 fotografias captadas entre 1956 e 1968, a maioria das quais inéditas.
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A exposição visa libertar Alberto Diaz Gutierrez (1928-2001), conhecido como Alberto Korda devido ao nome do estúdio que montou em Havana nos anos 1950, “do peso de uma fotografia”.
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Cristina Vives, comissária da exposição, explica, em comunicado, que estas imagens “percorrem a História, sendo aqui excluídas, intencionalmente, aquelas que, de tão conhecidas, se tornaram num lugar-comum ao falar da sua obra”. A mostra recorda que Korda foi um fotógrafo com obra diversificada, alguém que expôs nas principais galerias americanas e europeias.
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Diana Diaz, filha e herdeira do artista, avançou à Lusa que fotografias de Korda desconhecidas do grande público poderão ser motivo de novas exposições. Objectivo: resgatar do peso político a obra do fotógrafo cubano.
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Apesar de os negativos dos estúdios Korda terem sido confiscados em Março de 1968 depois de Fidel Castro ter anunciado a “Ofensiva Revolucionária”, a que se sucedeu o arresto de todos os negócios privados, Diana Diaz diz que continua a encontrar imagens do pai que são desconhecidas do grande público.
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Hoje, em estreia mundial, é exibido o documentário “Simplesmente Korda”, com argumento e realização do cubano Roberto Chile, a partir de uma entrevista gravada em Janeiro de 2001. O documentário será projectado diariamente às 16h00.
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