Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 7 de junho de 2020

Sociedade Filarmónica Maiorguense

* Victor Nogueira

Foto victor nogueira -  Maiorga (Coutos de Alcobaça) - - à esquerda da antiga Igreja da Misericórdia, a Sede da Sociedade Filarmónica Maiorguense e, em 1º plano, o Pelourinho

MAIORGA - - Um minúsculo largo é o centro desta antiga vila, onde se encontram o pelourinho (que lhe dá o nome), a antiga igreja da Misericórdia ou do Espírito Santo, com o seu portal manuelino, hoje desactivada e que foi entretanto escola de música (Orquestra Típica de Maiorga), mesmo ao lado da sede do clube da terra (Sociedade Filarmónica Maiorguense) e do edifício da nova igreja, de S. Lourenço, com o seu adro arborizado, templo despretensioso, com um relógio de sol na fachada principal e um altar barroco. A Filarmónica teria sido fundada no inicio da década de 80 do século XIX, nicio da década de 80 do século XIX (1).

Neste mesmo largo um fontanário com azulejo de Santo António tem a inscrição de que se trata duma Obra da Ditadura (1933), como aliás consta dum outro mais pobre existente noutro largo, isto sem falar num cruzeiro dedicado Ao Portugal Eterno e num memorial aos combatentes do Ultramar (1993), este no Largo dos Combatentes. Não obstante estes testemunhos, a rua principal denomina-se do 25 de Abril e nela existe uma casa em cuja fachada figura um painel de azulejos representado o aviso Afonso de Albuquerque, talvez o que foi afundado na chamada Índia Portuguesa quando da invasão pela União Indiana.

A povoação possui muitos cafés e três ruas com nomes de maestros locais. No termo da povoação situa-se o degradado Solar do Outeiro, com escadaria exterior, varanda alpendrada e brasão de armas, que terá belas pinturas nas salas, condenado à demolição de acordo com notícia lida num jornal.  Numa papelaria compro dois postais ilustrados da povoação, facto insólito porquanto é a primeira vez que encontro vista das vilas dos coutos de Alcobaça. (1999.02.22)

Ver reportagem photographica em  Maiorga, nos Coutos de Alcobaça

(1) in  
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Em «Maiorga, a minha aldeia», Fernando Pedro refere-se à Filarmónica de Maiorga: «…a casinha dos meus avós, pelo impossível que pareça, ainda existe, foi nela que no ano de Cristo de 1947 eu nasci e, vivi uns oito anos, ainda me lembro, que eu deitado na cama, acordava ao ouvir melodias maravilhosas, das marchas que a minha Filarmónica tocava rua baixo até ao centro da minha aldeia, quando haviam festevídades ou qualquer outro tipo de eventos, nunca podendo esquecer o “Hino da Restauração“, que se tocava na madrugada do dia primeiro de Dezembro, dia da Restauração. Inicia-se neste dia a 4ª Dinastia, cujo primeiro Rei foi D. João IV !. Naquele tempo, era por “amor à camisola“, pois os músicos na minha aldeia nesse dia, começavam a tocar mais ou menos por volta das 6 da manhã, porque os músicos tinham de ir para os seus trabalhos às 8 horas e, muitos deles trabalhavam na saudosa Companhia Fiação e Tecidos de Alcobaça, que com os tempos e vivendo várias crises, acabou por encerrar a sua actividade, o que muito abalou a nossa freguesia !.

(...)  ….esta foto de 1972, mostra a Banda de Música em frente da antiga sede, bem como dos músicos que na altura faziam parte da Filarmónica, assinalados com dois circulos, estou eu e o meu filho Hélio!. Esta sede foi demolida, porquê e para quê, não sei e também não comento, o que posso dizer, é que foi aqui, que eu e tantos antes de mim e, alguns depois de mim, aprendemos alguma música, a necessária para podermos entrar na nossa Filarmónica, porque o aperfeiçoamento e conhecimentos mais profundos sobre musica, adquiriamos no “conservatório do tempo”, e assim levávamos o nome da Maiorga e da Filarmónica Maiorguense por essas terras de Portugal!»   in …. Maiorga, a minha aldeia – capítulo I

FernandoPedro - "Theater of my life"

Pedro´s "Theater of my life"


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