* Victor Nogueira
Entre
Castanheira e Chãos de Aljubarrota, a dois km de Cós, encontra‑se uma capela da
Senhora da Luz, alpendrada, aqui se realizando as festas da Senhora da Luz ou
dos pinhões, em 16/17 de Novembro. Em
Chãos de Aljubarrota um painel de azulejos na fachada dum largo desafogado
reproduz uma igreja (Ermida de N. Sra. das Areias). No campo um burrico pasta
calmamente. Ninguém sabe que ali foi a batalha de Aljubarrota, o que não
admira, pois verifiquei posteriormente ser engano meu. (Notas de
Viagem, 1998.02.22)
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A
dois quilómetros de Coz existe uma igreja cuja história está ligada à lenda da
Fonte Santa, assim designada devido às propriedades milagrosas atribuídas às
suas águas e onde, segundo a lenda, apareceu Nossa Senhora da Luz, pela
primeira vez, a uma velhinha de nome Catarina Annes, no ano 1601.
Está
relacionada a uma das lendas mais curiosas do concelho de Alcobaça, a lenda de
Nossa Senhora da Luz. Nela está gravada a seguinte inscrição: "Aqui
apareceu Nossa Senhora da Luz no ano de 1601”.
O
Santuário foi mandado construir por D. Damião Borges, fidalgo ilustre do
concelho e de Sua Majestade, como homenagem e reconhecimento pelos benefícios
recebidos, em honra de Nossa Senhora da Luz. Na capela-mor encontram-se as
sepulturas de Catarina Annes e Damião Borges.
Este
templo está relacionado com uma lenda. Conta esta lenda que, andando por
aqueles montes uma velhinha chamada Catarina Annes a apanhar lenha, lhe
apareceu no lugar denominado Vale de Deus, entre o Juncal e a Castanheira, uma
nobre e formosa senhora, que se ofereceu para ajudar a apanhar a lenha. Mas o
aspeto da senhora era tal que impressionou a velhinha que lhe agradeceu, mas
não quis aceitar para que não se sujassem aquelas mãos mimosas.

Porém
a velhinha não esqueceu a misteriosa senhora que algum tempo depois lhe voltou
a aparecer, mas na companhia de uma outra senhora (que diz a lenda ser Santa
Marta que até hoje se venera no lugar da Castanheira). A Senhora disse
meigamente à velhinha "Segue-me Catarina". Porém a velhinha
não atendeu às palavras ou porque ficasse surpreendida com estas aparições, ou
porque estava embebida em místicas cogitações, tão próprias num sítio que
desafia a piedade e a devoção. Porém uma terceira vez lhe apareceu a mesma
senhora formosa, numa altura em que a pobre e virtuosa velhinha, devia de andar
terrivelmente preocupada pois perdera no mato a chave da sua casa. A senhora
disse-lhe: "Catarina vem cá que eu te darei a tua chave que perdeste".
A boa velhinha assim que ouviu falar na chave ficou profundamente admirada,
pois não tinha contado a ninguém que tinha perdido a chave, e mais admirada
ficou pelo facto de a chave ter sido encontrada e terá respondido: "eu
perdi a chave no mato, não é possível que a possam ter achado para ma dar".
Porém ao recebê-la o seu coração dilatou-se de tal modo que se encheu de uma
consolação inexplicável. De tanta luz se iluminou a sua alma que reconheceu que
estava na presença de um ser divino "Nossa Senhora - a Rainha do Céu e
da Terra". Era tal a sua alegria que não foi capaz de agradecer e seguiu
a senhora até um determinado local do vale. Aí a Senhora pediu-lhe que ali
abrisse um buraco e ela com as suas mãos cavou um pequeno buraco, de onde
começou a jorrar água pura. A Senhora disse-lhe então: "Vai e diz aos
moradores da tua terra, que nesta fonte encontrarão remédio para todos os males".
Catarina correu a contar aos vizinhos e depressa a fama daquela fonte se
espalhou.
Ao
terem conhecimento do milagre e do aparecimento da Senhora a Catarina Annes e
da fonte que lhes deixara para curar as enfermidades, começaram a afluir ao
local da fonte os descrentes e desanimados da medicina da terra, que assim
procuravam vencer a dor com a água abençoada pela "Consoladora dos
Aflitos".
Outros
cheios de fé e amor contentavam-se de ver e beijar o sítio por onde a virgem
teria passado. O lugar começou a ser frequentado com muita devoção e a fonte
foi arranjada convenientemente e numa pedra foi gravado a seguinte frase:
"Aqui apareceu Nossa Senhora da Luz em Ano de 1601". () (2)
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