Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Santuários 07 - Senhor dos Mártires, em Alcácer do Sal


foto victor nogueira - Santuário do Senhor dos Mártires, em Alcácer do Sal (anos '70 século XX). Do lado direito do templo fica a Capela do Tesouro (século XIII), com o pequeno santuário independente. 

É uma povoação que se desenvolveu ao longo do rio, subindo por ruas íngremes, por escadarias ou atravessando arcos. Duas ruas paralelas ao rio, na parte baixa, uma marginal, outra interior. No castelo arruinado, ninhos de cegonhas.

Nos arredores, o Santuário medieval do Senhor dos Mártires, fundado nos séculos XIII ou XIV pelos Cavaleiros de S. Tiago. Na outra margem, no caminho para a Carrasqueira, Comporta e Tróia existem casas de colmo, com barras brancas transversais, características da região, idênticas às que também existem na Carrasqueira (porto de palafitas) e na Gâmbia.

Alcácer é terra de arrozais e da grande propriedade agrícola, onde abundam enxames de mosquitos, ao entardecer, para contrabalançar o encanto dos campos verdejantes, de regadio, em redor. (Memórias de Viagem, 1997)

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Festa do Bom Jesus dos Mártires ou Festa dos Malteses

«Em setembro, mês de São Miguel, realizava-se junto ao Santuário do Senhor dos Mártires a Festa do Bom Jesus dos Mártires, mais conhecida por Festa dos Malteses. Os “malteses” eram homens que andavam de terra em terra, carregando consigo pouco mais do que a roupa que traziam no corpo, uma manta e um bordão. Percorriam os montes e as pequenas povoações pedindo abrigo e comida. Na Festa do Bom Jesus dos Mártires faziam-se peditórios a favor dos malteses que afluíam a Alcácer por ocasião da festividade, daí que tenha ficado conhecida por Festa dos Malteses.

Com um caráter religioso e pagão, a festa durava três dias, de sábado a segunda. Havia uma missa cantada e realizava-se uma procissão. No recinto da festa faziam-se quermesses e várias barracas vendiam bebidas, frutas, pirolitos (uma espécie de chupa-chupas feitos à base de mel ou açúcar) e queijadinhas de Sintra. À noite, os homens saíam para as cegadas. Percorriam então as ruas da cidade vestidos com uma camisa branca, de lenço ao pescoço e armados de uma guitarra, cantando à desgarrada. No recinto da festa, rapazes e raparigas animavam os bailes e assistiam ao fogo de artifício.


A festividade atraía muitas pessoas vindas de fora. Oriundos de Setúbal, numerosos barcos desciam o Sado e atracavam no cais da Ribeira Velha, trazendo, todos os anos, muitos romeiros para a festa.

Com o passar do tempo, a romaria do Senhor dos Mártires foi perdendo a sua importância social e religiosa pelo que deixou de se realizar, tendo-se tentado a sua reactivação a partir de 2015.»

in   Festa dos Malteses - Câmara Municipal de Alcácer do Sal
  





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