Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Em Luanda, na Praia do Bispo

* Victor Nogueira





Foto de família - Em Luanda, na Praia do Bispo, com a senhora Ana de Jesus, cozinheira, e o Ambrósio, empregado doméstico, e a Bambina, ao colo deste, em 1960 08 23 O meu boné deveria ter sido do Carnaval.


Normalmente tínhamos um cão e um exército de gatos, que viviam no quintal. Lembro-me do Jack I e do Jack II, mas da Bambina não.


Os cães e os gatos davam-se como Deus com os anjos e comiam do mesmo prato. Os gatos proliferavam à vontade no quintal. Mas um dia a minha mãe entendeu que era demais e pegou na gata e nos neofitos e foi largá-los nos arredores da cidade.

Passado umas semanas, esquálida, a gata apareceu-nos no quintal com um filhote agarrado pelo cachaço. E tiveram direito a ficarem.


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