Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 3 de maio de 2021

fotos de capa em maio 03

 * Victor Nogueira


2021 05 03 Foto victor nogueira - Setúbal, antigo Convento de S. João Baptista, numa dominical tarde soalheira e primaveril, em Maio (2021.05.02  Canon 192_05)

2020 / 2019  05 03 - Do Cartaz para as Festas de Finalistas do ISESE 1971/72, desenhado por Camilo Monteiro com a malta do Arcada. O fundo era vermelho e faltam as letras. Embora tivesse ganho o Concurso para os cartazes, nunca chegou a ser editado. Nesse ano um dos  Jesuítas clamava nas aulas que ou os estudantes demitiam a Direcção da Associação de Estudantes, de que eu fazia parte pela 2ª vez, ou a Direcção do ISESE demiti-la-ia. 

Nem uma coisa nem outra sucederam mas  em 1972/73, dada a falta de condições e pela 1ª vez não houve lista para a eleição dos Corpos Gerentes da AE, pelo que a Direcção do ISESE nomeou uma Comissão Administrativa. 

Em 1973/74 os estudantes mais ou menos clandestinamente reuniam-se para retomar o controle da AE  através de eleições, processo que decorria  quando ocorreu o 25 de Abril, tendo o Plenário de Estudantes de 26 de Abril eleito uma Comissão Coordenadora das Actividades da Associação dos Estudantes, de que fiz parte, com a responsabilidade da coordenação geral e contactos  com os Partidos Políticos e Movimento Associativo Estudantil de Lisboa, Porto e Coimbra. 

Em Plenário Geral de Alunos, realizado a 3 de Maio de 1974, os estudantes  aprovaram uma Proclamação que a partir daí norteou a sua acção e reivindicações.


2020 / 2019 05 03 - HÁ 46 ANOS - 1974.05.03

Em 25 de Abril de 1974 a Direcção do ISESE não permitiu a realização dum Plenário dos Estudantes nas respectivas instalações e tentou nomear para a Associação dos Estudantes uma nova Comissão Administrativa de sua inteira confiança. O Plenário realizou-se a 26 de Abril nas instalações da CDE (Comissão Democrática Eleitoral), que havia entretanto ocupado a sede da Legião Portuguesa, em Évora. 

A 1 de Maio realizou-se o 2º Plenário de Estudantes, que deliberou saudar as manifestações do 1º de Maio, as primeiras realizadas em liberdade após 48 anos de fascismo.  Neste mesmo Plenário foram aprovadas 4 outras moções, relativas ao ISESE, deliberando-se convocar um 3º Plenário para 3 de Maio,tendo sido incumbido de sintetizá-las num único documento. 

Esse documento, uma PROCLAMAÇÃO, foi aprovado a 3 de Maio, passando a nortear as Comissões Coordenadoras das Actividades da Associação dos Estudantes e a sua luta. E esse documento que ilustra esta foto da cronologia.

PROCLAMAÇÃO
Os estudantes do ISESE, reunidos em 3 Maio 1974, saúdam todos quantos, sobretudo na clandestinidade e com risco da sua segurança e bem-estar, têm lutado contra todas as formas de repressão e violação dos direitos humanos em sociedade, nomeadamente a partir da instauração da ditadura fascista em Portugal;
 Incluem nesta saudação o Movimento das Forças Armadas
 Na sequência lógica das Declarações Universais dos Direitos Humanos e da Doutrina Social da Igreja;
 Considerando os poderes discricionários da Direcção do ISESE, exclusivamente formada por membros da Companhia Portuguesa de Jesus e dela directa e exclusivamente dependentes;
 REIVINDICAM:
 - o direito de participação na gestão do ISESE
 DECLARAM que o direito de participação na gestão do ISESE implica
 - o reconhecimento imediato dum Conselho de Estudantes (cuja constituição será objecto duma próxima RGA);
 - a liberdade de expressão do pensamento e  na procura das verdade, o que implica a abolição do ensino dogmático e magistral;
 - o reconhecimento imediato do direito de participação na constituição dos júris de exame;
 - a liberdade de comparência às aulas, o que implica a abolição imediata do regime de faltas;
 - a liberdade de reunião nas instalações do ISESE.
 RECONHECEM aos empregados do ISESE o direito de participação e decisão na resolução dos próprios assuntos.
 SAÚDAM todos os professores do ISESE que de forma inequívoca e expressa adiram ao conteúdo da presente proclamação.
 DECLARAM que prosseguirão na sua luta contra todos quantos, de qualquer modo, se oponham às declarações e reivindicações da presente proclamação.

(aprovado em Plenário Geral de 3 Maio 74 -  
A Comissão Coordenadora das Actividades da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Económico e Social de Évora)

NOTA - Esta é uma fotocópia do documento original presente ao Plenário dos Estudantes, dactilografado na minha velha Olivetti Lettera  2000


2017 / 2014 05 03 Mural no Barreiro, em defesa da Reforma Agrária (PCP - 1980)

1974/75 - cartazes e murais de abril 07 - Barreiro (1980)  - Vencendo as 1ªs eleições legislativas, em 25 de Abril de 1976, o PS/Mário Soares de imediato arrumou o socialismo na gaveta e deu início ao desmantelamento das "conquistas de Abril" consignadas na Constituição da República. 

António Barreto foi o ministro da Agricultura encarregado de proceder ao desmantelamento da Reforma Agrária. É o personagem de muitos murais em Portugal.


2016 05 03 Túlio Espanca, por António Couvinha



2016 05 03 Fotos victor nogueira - Palácio da Comenda, de Raul Lino, na foz da Ribeira da Ajuda, em Setúbal 

O murete em 1º plano protege do movimento das marés o que resta da estação arqueológica romana. Lá no cimo, como que suspenso das nuvens, não de água mas de verdura, o Palacete que foi projectado por Raúl Lino, que faz parte do imaginário de muitos dos que por ali passam ou "estacionam" no Parque das Merendas. 

Neste Palácio e nas redondezas, em 1987,  foi parcialmente rodado o filme "Balada da Praia dos Cães", de José Fonseca e Costa, baseado no romance homónimo de José Cardoso Pires, com uma fabulosa interpretação de Raúl Solnado.

É duma visita que fiz um dia destes a minha photo-reportagem em "Palácio da Comenda e Ribeira da Ajuda, em Setúbal". Clique na hiper-ligação para um passeio virtual  em 

Palácio da Comenda e Ribeira da Ajuda, em Setúbal



2015 05 03 Foto de família - luanda - zé luís (+), maria emília (+) e victor manuel e dois poemas de FERNANDO nogueira PESSOA


2014 05 03 NOS 40 ANOS DO 25 DE ABRIL 23 - Sermão do Bom ladrão, segundo o Pe. António Vieira

O que está em causa na pena de morte, a pena de Talião, é a de ser estilo "olho por olho, dente por dente", como se a pena de morte tivesse efeito dissuasor, para além dos inúmeros erros judiciais. Isto sem falar na “tortura” de anos de espera no corredor da morte e na execução de condenados que entretanto se haviam regenerado. 

E de haver "criminosos" e "Criminosos". Como aliás já António Vieira escrevia no Sermão do Bom Ladrão: 

 - Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim. — Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? —

 - Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.

 -  (…) Não só são ladrões os que cortam bolsas ou espreitam os que vão se banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem lhes é dado o governo dos estados, ou a administração das cidades, ou ainda a representação do povo, os quais com astúcia e malícia, já com o poder, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam países e cidades; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros se furtam são enforcados; estes furtam e enforcam. (..) Quantas vezes viu-se em Roma, enforcarem um ladrão por ter roubado um carneiro; e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado um país.»

[Fragmentos do Sermão do bom ladrão, de Pe. António Vieira]



2012 05 03 Manifestações contra o Pacto de Agressão - PCP - Cartazes

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