Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Corporações de bombeiros (edição revista)

  * Victor Nogueira


 Setúbal - nascer do sol visto de uma das varandas no alto da torre no cimo duma encosta, numa alvorada de incêndios nos arredores

Nas minhas Notas de Viagens não há muitas referências aos bombeiros, salvo as que se transcrevem. ilustradas com fotografias de minha autoria. No final desta publicação referem-se alguns incêndios, de acordo com o registado nas minhas Notas de Viagens.

Água e Fogo!

Como sempre, nesta altura, Portugal arde. Responsáveis: a desertificação e falta de limpeza das matas, a piromania por psicopatia ou interesses urbanísticos, a incúria governamental. O Governo aluga uma série de helicópteros - quanto mais trabalho, mais facturam, n'é? Depois lá andam os voluntários, semiprofissionalizados. Não fossem eles e ardia tudo. Ainda me lembro de nos idos de 1960 soar a sereia no quartel dos Bombeiros Voluntários de Évora e ouvi-los descer de botas cardadas ressoando nas pedras da calçada, largando os empregos, seguidos pouco depois da sirene dos carros de combate a incêndios! (2010 07 29)

Linda-a- Pastora - Alcandorada na A5, pela encosta acima, mantém um ar de povoação rural, de edifícios em degradação, perdida no meio da auto-estrada e das vivendas que se vão construindo mais para cima. As ruas são estreitas, labirínticas, tortuosas, algumas simples becos ou pedonais de escadaria acima (ou abaixo), como na Alfama lisboeta, A meia encosta, com um pequeno adro, situa-se a Capela de S. João Baptista, de traça simples e barras azuis, para além do Quartel de Bombeiros Voluntários(Notas de Viagem, 1997) 


Paço de Arcos   Na rua Costa Pinto, autarca doutros tempos, existe um "Palacete", com fachada de azulejos azuis, que foi pensão e albergou o Quartel dos Bombeiros Voluntários. Os portões ainda lá estão, enferrujados, com azulejo com emblema da corporação. (Notas de Viagem, 1997



(Aqui era o antigo Quartel)

Neste edifício da Rua Costa Pinto totalmente remodelado esteve instalado o Quartel dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, até ser transferido para outro na Avenida Senhor Jesus dos Navegantes  (2014 08 10 - 123 GEDSC)

2017 04 09 - Canon 140_04


2017 08 27 - Canon 146_08



2017 09 20 - Canon 147_09

Quartel Sede dos BV de Paço de Arcos, na Avenida do Senhor Jesus dos Navegantes

 
Creio que uma parte das receitas da Feira [Festas do Senhor dos Navegantes] revertem para os Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, que lá tinham a sua tasca onde entusiasticamente e em fogareiros ao ar livre assavam peças de carne, por entre a fumarada que parecia smog(Paço de Arcos e a Festa do Senhor Jesus dos Navegantes 02 - 2017.09.04)

Oeiras Recentemente o largo principal, i.e., a Praça 5 de Outubro, foi transformado em zona pedonal, mas não é sítio de passeio e permanência, parece-me, pois Oeiras é para mim estrada de passagem. E depois o largo central, onde fica a Igreja de N. Sra da Purificação de Oeiras, tem alguns edifícios desenquadrados, enormes e feios, sem graça ou poder cativante, incluindo o Quartel dos Bombeiros Voluntários. (Notas de Viagem, 1997.08.20)

Barcarena Vista de Leceia e mesmo doutros pontos, o que sobressai em Barcarena é a sua enorme igreja, de S. Pedro, no centro da povoação, com um adro com vista para a ribeira e para um pequeno jardim público, bem como o edifício que foi do Quartel dos Bombeiros Voluntários. (...) A povoação é atravessada pela malcheirosa ribeira do mesmo nome (ou de Agualva) e a sua zona central é incaracterística e confusa, nela sobressaindo o edifício do Quartel dos Bombeiros Voluntários, estilo Estado Novo, com alpendre de arcada na fachada central. Perto de Barcarena e de Tercena situa-se a desactivada fábrica de pólvora, onde não poucas vezes ocorreram incêndios ou explosões, estabelecimento fabril que vem dos tempos do senhor D. Manuel I, cuja reutilização está em curso, incluindo a criação dum espaço museológico. Esta unidade industrial deu alguma importância a esta povoação, relativamente às circunvizinhas. (Notas de Viagem, 1997) 


Atouguia da Baleia Retenho a Rua dos Bombeiros Voluntários, (...) Pelos arredores alguns moinhos, um dos quais fotografo já com o sol a pôr-se para lá dele, num retrato pouco conseguido.   (Notas de Viagem, 1997.12.05 e 1998.02.23)


Lourinhã As ruas estão iluminadas devido à quadra natalícia e engalanadas com a propaganda eleitoral. Lateralmente à igreja um largo parque de estacionamento, bordejado pelo Tribunal, Correios e Quartel de Bombeiros, as camionetas da carreira estacionadas na "garagem das estrelas". No outro lado da igreja um pequeno largo ajardinado com praça de táxis, donde partem uma série de ruas pedonais bem, conservadas, que percorremos.  (Notas de Viagens 1997.12.05)


Marinha Grande Da praça Stephens, cuidada, partem ruas, algumas pedonais, com floreiras, uma delas lembrando o protector Marquês de Pombal. A fanfarra dos Bombeiros atroa os ares, ensaiando horas a fio no quartel, monotonamente, sempre na mesma toada, preparando talvez os dias de desfile pelas ruas com a garotada e os cães na peugada, como sucedia em Luanda  (Notas de Viagem, 1997.11.01)


Canha Fiquei encantado com a Canha, a 1ª vez que lá fui, fazendo inquéritos para o Instituto Nacional de Estatística, numa região onde a agricultura e a pecuária ainda são importantes, perto do cruzamento de Pegões. Embora situada no Alentejo, os seus habitantes não se consideram alentejanos. Tem um largo principal de casas baixas e um "quartel" de bombeiros voluntários. Perto situa-se a ribeira do mesmo nome. (Notas de Viagem, 1997)


Lagos - Parque de Campismo . O Parque tem um supermercado, cabeleireiro, restaurante, "boite", piscina, parque infantil (com um carro de bombeiros) e, imaginem, uma geladaria com sorvetes de 3 qualidades!!! (SRN - 1986.08.21)


Lisboa - Beato  Calçada do Duque de Lafões ruas estreitas com casas degradadas. Bombeiros do Beato e Olivais com as viaturas na rua. Na rua da Manutenção - edifício de pedra “romântico” (Notas de Viagens 1998.05.01)



Arraiolos A casa de Cunha Rivara está em ruínas. Procissão religiosa (Solenidades em Honra do Senhor Jesus dos Passos) com início no Rossio e fim  na Igreja do Castelo, com a benção do Santo Lenho. Alguma crianças vão vestidas de anjinho e o cortejo é abrilhantado pela Banda dos Bombeiros Voluntários. No interior do recinto fortificado encontram-se as ruínas do Castelo e a Igreja, esta no ponto mais alto, únicos edifícios que persistem.  Na vila muitas lojas estão abertas para vender tapetes da região. (Notas de Viagens 2001.10.18)


Santo Tirso (antigo Quartel dos Bombeiros Voluntários) 

Santo Tirso O Centro Histórico, com um pequeno jardim arborizado, tem um ar harmonioso, cuidado e acolhedor, com algumas esplanadas e nele coabitam edifícios dos séculos XIX e XX com arquitectura do Estado Novo, de que são exemplo o edifício dos CTT e uma vivenda  Situada no Vale do Ave, aqui se encontrava a Fábrica Fiação e Tecidos Rio Vizela, fundada em 1845, nas freguesias de Vila das Aves e São Tomé de Negrelos, que foi a primeira unidade do ramo no país, chegando também a ser maior fábrica portuguesa do sector.  (em Santo Tirso  2016.09.09)


Porto A dois passos das casas onde morava o meu avô Luís e mora a minha tia Teresa, na Rua Fernandes Tomás, situava-se o  Quartel da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Portuenses. (2021.05.19) (revisitando o porto da minha adolescência em domingo cinzentonho e chuviscoso 2016.10.16)


Vilarinho (Vila do Conde) fica numa encruzilhada de caminhos movimentada e desta feita paro e pelo centro deambulo. As escolhas do fotógrafo "iludem" as aberrações e fixam apenas o que não é agressivo: o jardim, algumas casas mais ou menos antigas. (...) No café, onde entro para tomar  um "carioca", discute-se a última novidade do dia: um incêndio inadvertidamente ateado por uma eventual queima, com intervenção  dos bombeiros e da polícia, para apurar eventual matéria criminal pois ainda estamos na época de defeso das queimadas, para prevenir a eclosão de fogos florestais. (Entre as margens dos rios Ave e Cávado: Vilarinho, Goios e Barcelos - 2014.09.11)


Museu do canteiro Manuel da Maia (foto em 2014 - 123GEDSC)

Azurara  Vou em busca do Convento de S. Donato, nos arredores de Azurara, mas não o encontro, apenas terrenos inóspitos ao fim de caminhos vicinais e uma praia com ar pouco acolhedor e muitos automóveis estacionados. Retorno para Vila do Conde e vou ter à margem esquerda do Rio Ave, arrelvada, com excelentes vistas sore a povoação fonteira, onde avulta a mole imensa do Convento de Santa Clara. O dia está cinzento e fresco e lá mais para o entardecer, quando estiver a photoandarilhar nas cercanias deste, chuviscará. Em Azurara, na parte baixa do prédio de esquina da rua da Junqueira com a estrada Porto/Viana do Castelo o anúncio dum "museu", o do canteiro Manuel da Maia: miniaturas escultóricas de embarcações, de figuras típicas, de personagens locais, de ofícios tradicionais, amontoados em duas salas, uma delas minúsculas. Dos ofícios tradicionais registo o carro de bombeiros, o engraxador, o barbeiro, o marceneiro, o amolador, o cavaleiro (morgado ?) ... Pelas paredes quadros naïf de  embarcações e de edifícios "históricos". (entre Azurara e Vila do Conde - 2014 08 30)


Setúbal 


Na antiga Igreja da Anunciada, no Largo Teófilo Braga, o quartel dos Bombeiros Voluntários de Setúbal durante muitas dezenas de anos esteve  instalado, neste imóvel, onde funcionara o hospital de Nossa Senhora da anunciada (hoje Paço Episcopal). Ali permaneceu até 1983, ano em que foi inaugurada actual quartel, na Doca da Pesca (Avenida José Mourinho)


 

 













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Paço de Arcos - Quartel dos Bombeiros Voluntários

Caneças - caixa do correio dos Bombeiros Voluntários - (foto em 1999 07 10 - rolo 395)




Caixa de chamada de socorro dos Bombeiros Municipais - Setúbal - Rua Rodrigo Ferreira da Costa, 55 (2017.07.21) 

In illo tempore, em évoraburgomedieval, como em muitas outras povoações, tocava a sirene e ressoavam no empedrado as botas cardadas dos bombeiros voluntários rumo ao quartel para combaterem / enfrentarem um sinistro, normalmente um incêndio.

Esta são  caixas para chamar os "bombeiros municipais" que antecederam as companhias ou Regimentos profissionalizados de Sapadores Bombeiros, na dependência de Câmaras Municipais, que existem apenas em Lisboa, Porto, Braga, Coimbra. Vila Nova de Gaia, Faro e Setúbal.

No resto do país todo o esforço dos bombeiros assenta na carolice, consciência social, espírito de sacrifício ou amor à camisola dos bombeiros/as voluntários/as.

No Porto ou em Lisboa estas caixas tinham informação complementar: o nº de toques do sino das igrejas, indicava a zona para onde os bombeiros deveriam dirigir-se.





Bocas de incêndio, em Setúbal

Boca de incêndio em Paço de Arcos


Boca de incêndio em Vila do Conde


Évora - Charanga e desfile dos Bombeiros Voluntários, na Praça do Giraldo (1976)




Paço de Arcos -  Charanga e desfile dos Bombeiros Voluntários, na Rua Costa Pinto (2017.09.04)


Festa do Avante 1999





Exposição na Festa do Avante, 2010



Bombeiros Voluntários de Sacavém




 Bombeiros da Mundet & Companhia Lda  (Seixal)

Bombeiros da Mundet & Cª  Lª  (Seixal)


Mundet & Cª Lª  (Seixal)


Mundet & Cª Lª  (Seixal)



Paço de Arcos - Festas do Senhor Jesus dos Navegantes



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Bombeiros Voluntários de Sacavém



Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos
 
Bombeiros da Mundet & Cª Lª  Seixal


Companhia dos Bombeiros Sapadores de Setúbal 

Bombeiros Voluntários de Caneças


Bombeiros Voluntários de Setúbal

Bombeiros Voluntários de Setúbal


Liga dos Bombeiros Portugueses

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Interior duma ambulância dos B.V. de Paço de Arcos










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Lisboa - Ambulâncias no Hospital S. Francisco Xavier 


Ambulância do INEM, em Setúbal


Transporte de doentes, dos Bombeiros Voluntários de Setúbal


Bombeiros Voluntários de Oeiras - Transporte de doentes e ambulância



Como se fora um incêndio

Viagem de Nova Lisboa a Luanda, de autocarros Dia 13.09 - 7:40 Passamos entre pequenos montes, cujos cumes estão cobertos de nevoeiro, dando a impressão de um gigantesco incêndio.  10:15  Montanhas com o cume coberto de nevoeiro. Tal como há horas, tenho a ilusão que as montanhas são presa dum incêndio. (Nota de Viagens 1962.09.13/14)


Viagem aérea Luanda / Lisboa Assisti ao nascer do sol, visto de 3 000 metros de altitude. É um espectáculo deslumbrante. Começa com um pequeno foco vermelho, que se alastra, como um grande incêndio (as minhas notas foram tomadas às 6 h 15 m de Lisboa). O céu até há pouco estrelado, mantém- se escuro, talvez azul ou preto. Por fim todo o horizonte está vermelho e começam a distinguir-se as núvens, num contraluz soberbo. (1963.11.24/26 - Diário III)


Incêndios e outras calamidades


Luanda  Aqui tem chovido muito. No outro dia uma rua abateu e a terra soterrou carros e inundou lojas. A Robert Hudson tinha terra até meia altura. Os postes de sinalização estavam completamente soterrados. Felizmente não morreu ninguém. Na Praia do Bispo abateu o morro perto do Posto de Pescado.  (ASJ - 1960.04.18)

Li nos jornais, encimado por grandes cabeçalhos, a notícia da explosão de um paiol nos arredores de Luanda, que provocou estragos na cidade, nomeadamente destelhamentos e estilhaçar de vidros. (1) Também em Março ou Abril, segundo o mesmo jornal, houve inundações, tendo havido uma ou várias mortes. Para que servem os esgotos da cidade? Reprovaram? ( 2) (NSF - 1968.07.01)  

(1) Acontecimento similar ocorrera anos antes, com outro paiol situado nos arredores. A explosão foi tal que do edifício não ficaram senão pedras, sentindo-se na casa onde morava, a quilómetros de distância, onde as persianas das janelas bateram com o sopro.
(2) As chuvas não poucas vezes provocavam catástrofes na cidade. Em certo ano, devido à falta de escoamentos, escavaram as ruas junto às ribanceiras (barrocas), na zona do Colégio de S. José de Cluny, "soterrando" a zona da Baixa e do Bungo onde aliás, noutra ocasião, ruiu metade dum prédio de vários andares, como se fosse um baralho de cartas, devido ao arrastamento dos seus alicerces pela água das chuvas.


Lisboa (inundações) Sábado choveu bastante aqui em Lisboa; isso pouco me afectou se não considerar que cheguei a casa completamente encharcado: calças, sapatos, casaco, enfim, de manhã tomara banho de chuveiro, de tarde banho de chuva! De assinalar um relâmpago enorme que iluminou a noite, cerca das 19 horas, seguido dum enorme estrondo. Deduzo que foi o que caiu sobre o edifício da Rádio Renascença, Às 7 da manhã de domingo um estrondo enorme que me parece ter abalado a casa - soube depois que tinha explodido um paiol nos arredores de Lisboa. E pela leitura dos jornais  tomei consciência da extensão e gravidade do temporal: avultados prejuízos materiais e - segundo os jornais, dezenas e dezenas de mortos. Felizmente e porque Campo de Ourique não teve grandes prejuízos, nada sofri. O tempo serenou e arrefeceu. (NSF - 1967.11.27) (...) 

As Associações de Estudantes de Lisboa [e a JUC - Juventude Universitária Católica] resolveram solidarizar se com as populações sinistradas, prestando os estudantes o auxílio que puderem, [desobstrução de casas e caminhos, distribuição de alimentos e vestuário, vacinações, etc.] formando.se em cada Escola três subcomissões com actividades específicas: Mobilização, Donativos e Propaganda (JCF - 1967.11.28)

Lisboa - Chiado   O incêndio de 25 de Agosto de 1988 só foi possível devido à desertificação nocturna da zona, levando à destruição de estabelecimentos emblemáticos como os dos Grandes Armazéns do Chiado, o Eduardo Martins ou o Grandella (este último capitalista progressista  ao tempo, com vila operária em Benfica) (Notas de Viagens 1998 Maio)

Lisboa -  Sete Rios Em Sete Rios fica o  Palácio das Laranjeiras, dos Condes de Farrobo, com as ruínas do Teatro da Tália, destruído por incêndio; parte dos jardins estão ocupados pelo Jardim Zoológico. Pela Estrada das Laranjeiras até Carnide não existem praticamente vestígios de ruralidade; o campo foi substituído por uma muralha de edifícios incaracterísticos de vários pisos. (Notas de Viagem, 1997)

Lisboa Rossio  Dois edifícios, no Rossio, foram devorados pelas chamas e reconstruídos. Um foi o Teatro Nacional D. Maria II, em 1965, e outro a Igreja de S. Domingos, em 1959, embora nesta tenham deixado as marcas do fogo e derrocadas marcadas nas colunas, altares e paredes. Ao fogo estiveram outrora estes edifícios ou anteriores ligados. O primeiro, porque dele partiam as procissões e autos de fé de quem seria queimado por heresia,a mando e sentença dos dominicanos e da Santa Inquisição, cujo palácio, entretanto reconstruído pelo Marquês de Pombal após o terramoto de 1755 e no século seguinte destruído também por um incêndio, se situava no local onde Almeida Garrett mandou erguer o Teatro Nacional que já teve o seu nome.  Também a Igreja de S. Domingos, destruída pelo mesmo terramoto tal como sucedeu com o vizinho Hospital de Todos os Santos, esteve em 1506 ligada à intolerância, por nela se ter iniciado a matança de 2 000 judeus e cristãos-novos. (Notas de Viagens 1998.Maio)


Teatro Thalia em 1998.01 (rolo 235 )

Lisboa Laranjeiras Em Sete Rios fica o Palácio das Laranjeiras, dos Condes de Farrobo, com as ruínas do Teatro da Tália, destruído por um incêndio ocorrido a 9 de Setembro de 1862; parte dos jardins estão ocupados pelo Jardim Zoológico. Em 1998 o Teatro Thalia, entretanto recuperado, era uma ruína.  

Apesar da sua pequena dimensão (560 espectadores), foi um dos principais teatros lisboetas do século XIX, onde actuaram as grandes figuras do panorama musical dessa época. (Notas de Viagem, 1997 / Em Lisboa, os Quintela-Farrobo e o Palácio das Laranjeiras)


Santarém  Nos arredores agradou me a Capela da Senhora do Monte, do século XVI, com alpendre colunado, que pertenceu a uma gafaria, e a Ribeira de Santarém, que acima se referiu,  vítima de inundações mais ou menos graves de cada vez que o rio Tejo sai das suas margens. (Notas de Viagem, 1997 / 1998)


Monsanto (Idanha-a-Nova)  A maior parte da povoação é na encosta, de enormes pedregulhos, ficando a parte antiga alcandorada no cume, por entre os penhascos. Confundem-se casas e pedregulhos. Por vezes estes são aproveitados parcialmente como paredes, como na casa do auto proclamado “guia oficial”, que conta histórias mirabolantes como se verdadeiras fossem. O castelo, lá no cimo, foi grandemente destruído pela explosão da pólvora nele armazenada, devido à queda dum raio, em meados do séc. XIX. (Notas de Viagens 1998.07.11)


Serra do Socorro (Torres Vedras)  No cimo do monte, com o mundo a seus pés em  redor, situa-se o Santuário homónimo, em sítio ventoso e desabrigado. Lá em baixo, minúsculos povoados pelas encostas e campos cultivados, perdendo-se a vista no horizonte longínquo. 

A Capela, em obras na sequência dum incêndio, está repleta de ex-votos, tranças de cabelo e parte de corpo em cera. Para além disto o terreiro possui as casas para os peregrinos, coreto,  loja para venda de artigos religiosos e ligados ao pagamento de promessas, para além duma taberna. Na referida loja um velhote mantém a porta aberta, para não “desiludir” os visitantes que chegam de longe. Chama-se Joaquim Correia, de Enxara do Bispo, e conta-nos da sua devoção, dos seus achaques e maleitas e das múltiplas operações cirúrgicas a que foi submetido. Em troca de duas pagelas deixamos-lhe 200 escudos, i.e, pouco menos que 1 euro! O velhote diz nos que vem para aqui com muita fé e alegria, para manter a capela aberta e “vigiada”.  (Notas de Viagens 1999.07.17)


Parada Nesta freguesia as árvores estão queimadas, embora algumas comecem já a reverdecer. Houve um incêndio. Estamos a 4 km de Arcos de Valdevez. (Notas de Viagens 1999.08.30)


A saída de Amarante pela IP 4 tem uma vista muito bonita, mas não sem podem tirar fotos. O caminho é muito montanhoso e verdejante, com videiras e pinheiros e casas espalhadas pelas encostas; de vez em quando avista-se o campanário duma igreja. Nalguns troços árvores queimadas testemunham pretéritos incêndios. (Notas de Viagens 1999.09.01)


No caminho para Goujoim (Armamar) cheira a maçãs e a vegetação é rasteira. Há muitas habitações arruinadas para venda. Nesta zona foram destruídas pelas chamas encostas inteiras. Foto a casa de pedra na encosta.  Na encosta junto à estrada o incêndio parece ter destruído uma pequena aldeia de casas tradicionais, das quais subsistem duas, que fotografo. A paisagem é dantesca.    Duas fotos gerais ao casario de Goujoim. Em vários sítios vêm-se rolos de fumaça; esperemos que não originem incêndios; uma mulher à beira da estrada diz-nos que não há perigo. (Notas de Viagens 1999.10.28)

Porto O Teatro Baquet, inaugurado em 1859, foi uma sala de espectáculos localizado na Rua 31 de Janeiro (antiga Rua de Santo António) onde ocorreu um pavoroso incêndio na noite 20 de Março de 1888,  que provocou a morte de cerca de 120 pessoas. 

Embora não fosse coevo da minha mãe, esta a ele se referia por vezes, dizendo que a causa de tão elevada mortandade tinha sido o facto das portas abrirem para o interior, bloqueando a fuga dos espectadores aterrorizados. Acrescentava que no dia seguinte havia muitas casas de luto no Porto, devido à morte dum dos seus habitantes e que, a partit daí, tornara-se obrigatório que as portas das casas de espctáculos abrissem para o exterior.. 

A tragédia é recordada no Cemitério de Agramonte, onde um grande mausoléu foi construído a partir de materiais recolhidos dos escombros do edifício do Teatro Baquet: pedaços de ferro torcidos pelo fogo e uma enorme coroa de martírios, também em ferro, simbolizando a morte das vítimas. 





Aljezur - Depois do incêndio (Verão de 1987)

Aljezur, em árabe significando Aldeia das Pontes, já referida, pequena vila "conservada" na sombra do seu castelo, povoação ainda com dimensão humana, no meio duma mata que na altura não passava de troncos esquálidos e carbonizados em consequência de sucessivos incêndios. O marulhar das ondas é um ruído constante e monótono audível no Parque de Campismo, a cerca de dois quilómetros. Na praia do Monte Clérigo, extenso areal balizado a a sul pela mole rochosa, casas de veraneio, despretensiosas, onde sobressai uma mais "rica". Para Norte, um pequeno e calmo riacho desagua na arenosa e solitária praia da Amoreira, a qual se alcança atravessando a vau apenas na maré baixa. (Notas de Viagem, 1997.08.21)



Caxias - incêndio em Gibalta  - 1999.07.17 (rolo 395)  Seguia eu pela estrada marginal, de Paço de Arcos para Lisboa, quando dei com este incêndio que lavrava encosta acima.


 Marcas do incêndio, na A1 (2019.09.29)


 Setúbal - Memorial aos Bombeiros - Cemitério de N. Sra da Piedade  (2017.05.27  Canon 142_05)

Murais em Setúbal 70 - Personalidades

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