Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Photoandando por Sintra

* Victor Nogueira

salvo indicação em contrário as fotos são do Palácio da Vila

2013
A Sintra   - a Capital do Romantismo -  tornei muitas vezes mas dessas  nas minhas notas encontro  apenas uma - 2000.10.29 Sintra (museu do brinquedo - Centro histórico) -  e quanto às fotos, essas encontram-se por digitalizar.

Voltei lá, dividido entre o Palácio da Vila – que nunca teria visitado – ou as Quintas da Regaleira ou de Monserrate, estas nos arredores. Optei pela Vila e o seu palácio do tempo dos senhores D. Dinis, D. João I e, profundamente remodelado, por D. Manuel  I.  Estacionei o carro longe, supondo que  perto do centro não haveria lugares, que afinal eram mais que muitos. Segui pela avenida, o Paço da Vila surgindo por entre o arvoredo, avenida onde se encontram muitas esculturas, na chamada Volta do Duche, integradas numa exposição ao ar livre, denominada Sintra, Arte Pública, na sua X edição, subordinada ao tema “O Transcendente” e patente até Junho de 2014, com obras de artistas de várias nacionalidades.

Para além desta “galeria” e do frondoso arvoredo, a imponente Fonte Mourisca (1922), revivalista, coberta de azulejos hispano-árabes ou mudejáres e o Museu Anjos Teixeira (pai e filho), ambos escultores neo-realistas. Pelo caminho parei para lanchar no simpático Espaço [da Condessa] d’ Edla, que foi esposa de D. Fernando II, viúvo da Rainha D. Maria II, monarca a quem se deve a construção do Palácio da Pena. O Espaço, para além de alojamento, comercializa produtos regionais e serve deliciosa doçaria. Mas para quem aprecia as lides culturais, um outro café, o da Saudade, é palco de saraus literários; a sua decoração é no entanto mais “tradicional”, como se loja antiga fosse pelos seus armários, embora também não faltem nele as actividades de mercancia.

O Palácio Real ou da Vila – com uma enorme e variada representação de azulejos hispano-árabes - é reconhecível pelas suas gigantescas chaminés cónicas e é um dédalo com os acrescentos feitos em múltiplas campanhas de obras, tendo sido originalmente uma edificação árabe. Foi muito utilizado na Idade Média como refúgio da Corte durante os meses de verão e para a prática da caça.

Se o Palácio me deslumbrou do exterior, o seu interior não me encantou quanto ao recheio, embora na idade média o mobiliário não primasse pela abundância e variedade; camas de dossel, contadores, arcas ou burras (cofre-fortes), tapeçarias nas paredes (apenas uma exposta). Mais recentes, enormes guarda-fatos onde á vontade se poderiam esconder uma dúzia de Miguéis de Vasconcelos, passe o evidente exagero.

No labirinto que é o palácio destacam-se a Sala dos Archeiros, a Sala Moura (ou dos Árabes), a Sala das Pegas, a Sala dos Cisnes e a Sala dos Brasões — que ostenta a representação das armas de 72 famílias nobres portuguesas mais importantes da época e dos oito filhos de D. Manuel I —, a Sala das Sereias e a Sala da Audiência. Na sala dos Brasões, representando cenas de ar livre do século XVIII, o revestimento azulejar das paredes deve-se a grandes mestres da azulejaria lisboeta da altura.

Atravesso vários pátios, vislumbro um jardim ao estilo francês, vejo o quarto onde até à morte esteve prisoneiro o rei D. Afonso VI e desemboco na enorme cozinha que não tem para mim a beleza, encanto e monumentalidade da do Mosteiro de Alcobaça, Também não fiquei seduzido pela Capela Real.

Quanto ao Palácio, uma última nota – tudo agora é ao estilo caça-níqueis segundo as regras de marketing, como já verificara no Oceanário de Lisboa - neste, a visita termina na loja. Naquele, depois de comprados os bilhetes, os visitantes perdem-se na loja até descobrirem que a entrada para o Palácio é … defronte.

Terminada a visita dou uma volta pelo Centro Histórico; lá em cima, alcandorado, o Castelos dos Mouros. Mas este, o Palácio da Pena, Monserrate e a Regaleira ficarão para outra visita, pois descobri que é possível apanhar um dos autocarros que regularmente fazem a ligação a estes lugares.

Não tendo levado guia turístico procurei o Posto de Turismo Mas neste e noutros municípios este e outros municipais foram “privatizados” e, pelo menos em Sintra, nada sabem informar. Já em casa descobri que 3 dos folhetos que recolhera sem prestar muita atenção são roteiros – Museus, Fontes e roteiro de S. Pedro. Mas isso seria desconhecido da simpática recepcionista, que no entanto me informara que o Museu do Brinquedo ainda não fora encerrado, na sequência da extinção governamental de inúmeras fundações.

Dei pois uma breve volta pelo centro da Vila, não percorrendo desta feita as ruelas pela encosta acima que calcorreara doutras vezes, Em fim de viagem rumo ao Guincho, através duma estreita e sinuosa estrada e de frondoso e cerrado arvoredo. Ao longo dela muitas quintas, que deveriam ser de gente endinheirada, quintas de lazer sem actividade produtiva relevante que fosse necessária para os respectivos proprietários.»



Castelo dos Mouros


Castelo dos Mouros





Castelo dos Mouros


Centro Histórico


Castelo dos Mouros






Castelo dos Mouros









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ver Por Sintra
http://aoescorrerdapena.blogspot.pt/2013/10/por-sintra.html

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