Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 28 de julho de 2020

a carrinha Chevrolet e os picnics

* Victor Nogueira

Não me recordo se o meu pai teve ou não uma carrinha Chevrolet, anterior ou posterior à  Austin Mini Cooper, uma vez que precisava duma para o transporte de materiais para as obras de construção civil que a partir de certa altura tomava de empreitada. Mas muitas vezes ele conduzia uma Chevrolet da Direcção Provincial de Obras Públicas, pelo que tendo ou não sido proprietário de uma, aqui fica este post nos "carros da família".


Foto de família - picnic em Luanda - cerca de 1960 - á esquerda em pé o meu pai e ao lado o meu tio José João. Em terra, em 1º plano, o meu irmão e o escriba. Não estando a minha mãe, a fotógrafa deve ter sido ela. Para  protecção do sol usavam-se  bonés e chapéus de palha, alguns destes  eram improvisados, cónicos, feitos a partir de folhas de jornal.


As carrinhas eram de caixa aberta, com uma grade atrás da cabine, como se vê na foto. Um dos prazeres da miudagem era viajarmos na caixa, de pé, agarrados à grelha, com o vento a bater-nos no rosto.

Nestes picnics a comida era  cozinhada no local ou transportada em arcas térmicas e as bebidas (cervejas e sumos refrigerantes (Coca Cola, Pepsi Cola, 7 Up, Canada Dry ....) mantidas frescas em  caixotes de munições forrados interiormente de alumínio e cheios com gelo picado, que se comprava  aos blocos numa célebre sorveteria e cervejaria de Luanda, o "Baleizão".

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Era costume usar-se a camisa por fora das calças ou dos calções. Tal prática era proibida no liceu, onde por essa altura o contínuo me tentou impedir a entrada, apesar de lhe dizer que as balalaicas ou camisas casaco (com bolsos de chapa por altura da cintura) não se enfiavam por dentro dos calções. Depois duma acesa argumentação lá o consegui convencer e deixou-me entrar.

Em Angola era costume o uso da balalaica. Usei-a nos anos '60 quando vim para Portugal prosseguir estudos universitários e continuaram a usá-la mesmo depois da independência das ex-colónias muitos que delas provieram, como o meu  pai e o meu tio José João. Era uma peça de vestuário fresca e prática

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As fotos seguintes constam do espólio familiar e contêm outras carrinhas dessa época, apenas a título memorialista.






Em Uíge, onde vivemos cerca de um anos, ou em Luanda, nos idos de '47 / ' 48 do século XX



Em Luanda, na Rua Frederico Welwitsch, c. 1951


Em Luanda, no Bairro do Cruzeiro, destinado a funcionários do Estado, conjuntamente com o da Praia do Bispo. Na foto o Zé Luís e a empregada doméstica, a Luísa Pereira. No Bairro do Cruzeiro morava um dos colegas do meu pai e amigo da família, o Esteves, que tinha dois filhos, nossos companheiros de folguedos, a Elsa e o Valdemar.

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