Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 7 de setembro de 2014

Mindelo - a praia

* Victor Nogueira

1973

Mindelo, onde há uma praia rochosa que me deslumbra pela violência com que as ondas batem na rocha em cascatas de espuma que salpicam o rosto. (...) (MCG - 1973.08.02)

1993


No verão a população aumenta grandemente, pois trata-se duma praia muito procurada, com cheiro a algas e maresia, calma na zona rochosa e com ondas alterosas e batidas na zona arenosa, embora fria e ventosa para o meu gosto de pessoa nascida e criada nos trópicos. Deste modo no verão, com o comércio, o pessoal da terra procura tirar o sustento para o resto do ano. Fora isso as pessoas vivem da pesca e da agricultura (por trás da casa há um enorme campo que se cultiva), enquanto na praia se recolhem as algas para adubar as terras. (MMA - 1993.08.20)

1997

Na praia faz‑se a apanha do sargaço, na praia, utilizado na adubagem dos campos agrícolas. Aqui situa‑se uma reserva ornitológica. (Notas de Viagem, 1997)

2014

A praia é de nortada e não poucos banhistas usam para-ventos. As barracas estendem-se a sul da enseada rochosa, antigo ancoradouro dos barcos de pesca, enquanto que para norte a orla é de fundões e causa de afogamento de banhistas desprevenidos. No areal de areia grossa, abundam, para além de sargaços, calhaus rolados, lisos, detritos e esparsas conchas. O restaurante fechou mas ao lado existem duas esplanadas sempre concorridas enquanto no passeio costeiro dedambulam transeuntes. O areal de terra batida para estacionamento automóvel foi asfaltado, perdendo o ar "selvagem". Já não se apanham sargaços para estender no area para secagem: a actividade foi proibida pelo município para permitir o usufruto dos areais pelos banhistas. Na praia pratica-se o parapente.  Pelo areal deambulam pequenas aves - talvez gaivotinhas - mas nenhuma consigo fotografar; deslizam rápidas e saltitantes.  Nada resta das casas de colmo  dos pescadores nem do memorial da tentativa de desembarque das tropas liberais, que acabou por verificar-se mais a sul, em Pampelido, no concelho de Matosinhos. Mas o que a história regista é o desembarque dos "bravos do Mindelo", a 8 de Julho de 1832, para pôr fim à monarquia absoluta, trauliteira, ultramontana e beata do senhor D. Miguel I, após uma sangrenta guerra civil.

Ao fim do dia, umas vezes nublado, outras límpido, sem nortada e com temperatura amena, a praia despejada de banhistas e veraneantes, passeio pelol areal, observando os calhaus rolados, o rendilhado das ondas morrendo na praia, as gaivotinhas corredoras ...







parapente



Vila do Conde e Póvoa de Varzim no horizonte



Matosinhos ao fundo, no horizonte




a enseada onde aportavam os barcos de pesca



pegadas das gaivotas


as algas ou sargaço





as conquilhas alapadas nos rochedos






CONTINUA EM 

Mindelo - a praia e o pôr-do-sol

http://kantophotomatico.blogspot.pt/2014/09/mindelo-praia-e-o-por-dosol.html


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