Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

cividade de Bagunte

* Victor Nogueira (texto e fotos)




A primeira vez que vim em busca das ruínas não as encontrei, por deficiente sinalização a partir do trilho que parte da estrada, junto ao posto de electricidade. Da segunda não levei o Fiesta pelo trilho, supondo que era intransitável aos automóveis, resolvendo seguir a pé, embora viesse a verificar que quase até ao cimo o Fiesta passaria à vontade. A tarde estava nublada, cinzenta, ameaçando chuva. No regresso e na bifurcação encontro três ciclistas em bicicletas todo-o-terreno. Trocamos algumas palavras e sigo pelo trilho donde eles tinham vindo, pedregoso e que me surpreende, intransitável ao Fiesta. Convenço-me que me enganei,  não tenho sol para me orientar mas, em vez de retroceder, prossigo a descida até que não sei onde estou, a noite a avançar e a chuva ameaçando cair. Não me agrada passar a noite ao relento, encharcado e transido de frio. Meto por um trilho mais estreito e vejo lá em baixo a estrada onde passam esparsos carros e uma casa que reconheço. Retomo o trilho principal e prossigo a descida até encontrar a estrada. Verifico depois que estou a cerca de dois km do carro, que seriam menos de 500 m se no entroncamento tivesse tomado o trilho da ida. Respiro  de alívio, a chuva não caíu, livro-me da molha e as máquinas fotográficas continam de boa saúde. À cautela decido que de futuro o mais seguro quando ameaçar chuva será levar um saco de plástico para proteger as máquinas da "danificação" pluvial.

Cividade de Bagunte


A Cividade localiza-se numa elevação da qual se avistam as terras em redor e era constituído por cerca de oitocentas casas, onde viveram de duas a quatro mil pessoas. Talvez devido à  nebulosidade cinzenta parece-me menos exaltante que a de Terroso, que além disso está mais cuidada. Tal como esta é um povoado da Idade do Ferro (posteriormente romanizado), tendo a de Bagunte sido descoberta no século XIX, embora tenha estado posteriormente abandonada e sendo as suas pedras aproveitadas para construção de edifícios. Em 1910 foi classificado como Monumento Nacional

A povoação ocuparia uma considerável área, com cerca de 325 metros de comprimento por 150 metros de largura. Possuía, pelo menos, cinco linhas de muralhas defensivas, no interior das quais foram detectadas estruturas habitacionais de planta predominantemente circular e rectangular, agrupadas em aparentes "quarteirões".

A Cividade de Bagunte constitui  um dos grandes povoados da Cultura Castreja do Noroeste da Península Ibérica e terá sido um centro populacional de apreciável dimensão, ombreando com o magnífico conjunto de povoados que incluem entre outras a Citânia de Sanfins (Paços de Ferreira), a Citânia de Briteiros (Guimarães), o Castro das Eiras (Vila Nova de Famalicão) e o Castro de Alvarelhos (Trofa).

Para informação detalhada ver o texto de Paulo Heitlinger em arqueo.org, o site da Arqueologia Ibérica (1)


A Pequena Rota Cividade de Bagunte

A Pequena Rota da Cividade de Bagunte (PR 01) estrutura uma visita pedonal num percurso de grande qualidade paisagística e monumental que corre paralelo ao Caminho Santiago. Percorre o espaço situado entre as pontes de D. Zameiro e de S. Miguel de Arcos, passando pela Cividade de Bagunte.

Esta é o maior e o mais antigo monumento nacional do concelho de Vila do Conde e fica e nquadrado por uma paisagem de enorme beleza, onde o rio Ave desempenha um papel fundamental.

A PR 01 está devidamente assinalada segundo as regras internacionais que regulam a actividade pedestrianista. Em locais de maior relevância patrimonial existem painéis informativos que localizam o visitante. (2) (3)

(1) http://arqueo.org/ferro/bagunte.html
(2) http://www.cm-viladoconde.pt/files/2/documentos/20121017155207764858.pdf
(3) A Rede de Castros do Noroeste é constituída pelos seguintes monumentos:

  • Castro de Alvarelhos
  • Castro de Monte Mozinho
  • Castro de S. Lourenço
  • Castro de São Caetano
  • Castro do Lesenho
  • Castro do Padrão
  • Citânia de Briteiros
  • Citânia de Sanfins
  • Citânia de Santa Luzia
  • Cividade de Bagunte
  • Cividade de Terroso (4)
(4) (http://kantophotomatico.blogspot.pt/2014/09/entre-os-rios-ave-e-cavado-terroso-s.html

































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