Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 19 de maio de 2020

Setúbal - A Belavista é formada por três bairros distintos

 

 - Setúbal - A Belavista é formada por três bairros distintos conforme a cor predominante: amarelo, rosa e azul (este com uma vista deslumbrante sobre o estuário do Rio Sado.). 

Projectados  para acolherem o operariado das grandes unidades industriais, incluindo Sines, esse objecto foi abandonado devido à crise petrolífera de 1973. 

Depois do 25 de Abril nele foram alojados entre outros os deslocados pela independência das colónias e os realojados dos bairros de lata. de que resultou um por vezes explosivo "melting pot", devido á diversidade de grupos etno-culturais.  

Do grandioso projecto inicial resta um aprazível parque verde e um enorme complexo habitacional que a Câmara tenta "reabilitar" com a colaboração dos moradores, num processo difícil e moroso. 

Antes de todo este realojamento as casas foram comercializadas pelos Serviços Municipais de Habitação e agradou-me na altura a "vivência colectiva" que presidira à sua concepção: os pátios interiores, as varandas corridas e de usufruto comum.  Visitei-as e os fogos eram amplos e desafogados. 

Felizmente desistimos de adquirir lá casa. Com efeito e devido aos realojamentos feitos por populações díspares e sem acompanhamento social com vista a integração harmoniosa, o bairro entrou em degradação e os espaços colectivos foram, sempre que possível, "privatizados" devido ao espírito individualista e, por razões de segurança (com redes, gradeamentos e cancelas, como se vê na foto).

Nesta zona havia a célebre ´"Água da Belavista", comercializada engarrafada mas também de abastecimento livre pelas populações. A  inquinação dos lençóís freáticos  levou ao encerramento da empresa e no lugar dos edifícios demolidos surgiu mais um supermercado, no caso o Lidl que, conjuntamente com dois mini-mercados Mini-Preço levou ao encerramento da esmagadora maioria do pequeno comércio tradicional.

A  Câmara liderada pelo Partido Socialista de 1986 a 2001, atendendo aos interesses das especulações imobiliária  e urbanística, pretendeu demolir toda o complexo habitacional com desalojamento das populações, considerando as esplêndidas vistas da zona sobre o Estuário do io Sado e o pôr-do-sol. . Mas o processo não foi avante.

Sobre  "parque verde da belavista" encontra-se uma photo-reportagem setúbal - parque verde da belavista

A Belavista foi objecto dum projecto cinematográfico de que se fala em  http://ionline.sapo.pt/302679 e em no vídeo ao lado.

Sobre Setúbal falo também em Sobre setúbal 02 https://www.facebook.com/notes/victor-barroso-nogueira/sobre-set%C3%BAbal-02/10151503286989436/



foto  victor nogueira

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