Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Mostra reúne imagens marcantes colhidas por fotógrafos do Correio Braziliense


Nahima Maciel 
Publicação: 18/08/2010 07:00 Atualização: 18/08/2010 08:19

Uma boa foto consome menos de um segundo da câmera, mas pode levar o dia inteiro de um fotógrafo. Ficar à espreita da imagem que traduz um fato com mais clareza, objetividade e até poesia é coisa que começa na mente muito antes de chegar ao display digital. Por isso, há muito para contar sobre as 64 imagens selecionadas por Luis Tajes para a projeção que reúne fotógrafos do Correio Braziliense, na sexta-feira, no Sesc-Ceilândia.

Repressão policial registrada no flagrante histórico de Monique Renne - (Monique Renne/CB/D.A Press - 9/12/09
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Repressão policial registrada no flagrante histórico de Monique Renne
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Inserida na programação do Mês da Fotografia — que leva ao espaço exposições de fotógrafos da cidade —, a projeção aborda curiosidades do fotojornalismo e apresenta ao público como se dá o processo de busca e construção de uma imagem jornalística. “As fotos contam o dia a dia da cidade”, avisa Tajes, editor de fotografia do Correio. “Há de coisas belíssimas, como o pôr do sol, até trânsito, imagens de sequestro e esportes. É a rotina de um fotojornalista.”

O protesto político está presente especialmente nas imagens de Paulo de Araújo, Iano Andrade e Monique Renne. Jovens que manifestavam em frente à Câmara Legislativa durante a eleição do “governador-tampão”, em abril, renderam as imagens dos policiais munidos de cassetetes captadas por Andrade. Quatro meses depois, Monique registrou um manifestante ajoelhado em frente à cavalaria da polícia no Palácio do Buriti. Na imagem de Araújo é o povo quem incendeia caixas de papel para reclamar do atraso dos ônibus em frente à Rodoviária.

Criança dorme em meio ao lixo, na foto de Rafael Ohana - (Rafael Ohana/CB/D.A Press
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Criança dorme em meio ao lixo, na foto de Rafael Ohana
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A brutalidade é tema de foto de Breno Fortes, que registrou o momento em que um presidiário levanta a faca para atingir uma refém, em Samambaia. A violência está em primeiro plano na foto da criança que dorme em meio ao lixo, captada por Rafael Ohana, e nas crianças que assistem à derrubada de barracos no Riacho Fundo, em foto de Bruno Peres. Mas há também alguma ironia e certa poesia na seleção. Um pôr do sol ao lado da Ponte JK, registrado por Kléber Lima, ou José Sarney dividindo a foto com o traseiro de uma senhora durante cerimônia de entrega do anteprojeto do novo Código de Processo Civil, na foto de Edilson Rodrigues, são alvos inevitáveis de sorrisos.

José Sarney em situação desconcertante, por Edilson Rodrigues - (Edílson Rodrigues/CB/D.A Press)
José Sarney em situação desconcertante, por Edilson Rodrigues.
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Durante a projeção, alguns fotógrafos participam do evento para comentar as imagens. “O interessante será discutir com quem não conhece como esse material é feito. Um fotógrafo, às vezes, passa um dia para conseguir uma imagem”, diz Tajes. Participam ainda da projeção Daniel Ferreira, Ronaldo de Oliveira, Cadu Gomes, Carlos Moura, Zuleika de Souza, Adauto Cruz, Gustavo Moreno e Marcelo F.

MÊS DA FOTOGRAFIA
Projeção de fotografias de repórteres do Correio Braziliense. Sexta-feira, às 20h, no Sesc/Ceilândia. 
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Caseiro caminha em pier na QL 26 do Lago Sul, quase submerso pelas águas do Lago Paranoá
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