Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A essência do olhar do fotógrafo Luiz Braga




Terça-feira, 17/08/2010, 09h33


Premiado no Brasil e no exterior, fotógrafo abre mostra com acervo doado ao Estado
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De todas as exposições que marcaram os 36 anos de carreira de Luiz Braga, a mostra “O percurso do olhar” é a que ele considera de maior valor sentimental. Premiado no Brasil e no exterior, o fotógrafo paraense nunca escondeu que seu maior desejo era ter uma exposição permanente em sua terra natal.

A vontade era tanta, que Luiz Braga resolveu doar 46 obras ao acervo do Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas. Entre elas, 13 fazem parte da série “Verde-noite, 11 raios na estrada nova, fotografia, nigthvision”, criada em 2009 com financiamento do Prêmio de Artes Plásticas Marcantônio Vilaça, da Funarte, que visa a criação de trabalhos inéditos para a composição de acervos de museus brasileiros. A elas se juntaram quatro obras adquiridas anteriormente pela Casa das Onze Janelas.

A exposição foi montada em tom de retrospectiva e abrange o período de 1982 a 2010. Com a doação, o Museu das Onze Janelas passa a ser a primeiro museu a abrigar uma coleção de fotografias do artista na Região Norte. “São centenas de milhares de reais em fotografias, mas não vou receber um tostão por isso. Tentei por muitos anos um financiamento para a aquisição de acervo, mas quando vi que isso não tinha chances de acontecer, resolvi agir por conta própria. Não estou reclamando, mas considero que esse é um papel do governo, preservar o patrimônio artístico”, afirma o fotógrafo.

Como o próprio nome indica, “O percurso do olhar” refaz a trajetória do artista, mostrando ao público as nuances da construção do seu olhar. “As fotografias expostas passam por todas as minhas fases: pela descoberta da cor, do preto e branco, da luz, do infravermelho. Durante este percurso há uma noção de como se constitui um olhar. É quintessência do meu olhar. A técnica muda, mas a alma por trás das imagens é a mesma”, explica Luiz Braga.

Sem expor em Belém desde 2005, quando realizou a mostra “Arraial da Luz”, Luiz Braga vê na nova exposição uma oportunidade de se reaproximar do público paraense. “Moro em Belém, mas passo pouco tempo aqui. Já estou virando cantor sertanejo, com uma agenda quilométrica: dia 11 em Araçatuba, dia 13 na Feira de Exposição (risos). Já até perdi voo por causa da confusão com as datas”, confessa.

Nos últimos dias, além de curador da 18ª exposição de fotografias da coleção Pirelli/Masp, em São Paulo, Luiz Braga também estava cuidando de uma outra exposição autoral, “Estrada Nova Sem Número”, também na capital paulista.

“Sou muito feliz por ter conseguido me firmar como fotógrafo de arte. Essa era uma utopia que eu persegui. Hoje meu estúdio está quase virando peça de decoração”, diz.

PARA VER


Mostra fotográfica “Luiz Braga - O percurso do olhar”. Abertura hoje, às 19h30, no Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas, na Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha. A visitação segue até o dia 3 de outubro, de terça a domingo, de 10h às 16h, e nos feriados, de 9 às 13h. No dia 17 de setembro, às 19h, haverá um bate-papo com o artista, com participação da crítica de arte Marisa Mokarzel. Entrada franca.  (Diário do Pará)
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