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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Fotografia digital «matou estética clássica»

 

quinta-feira, 19 de Agosto de 2010 | 13:45
   
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Fotografia digital «matou estética clássica», diz perito

O diretor do Centro de Artes Visuais (CAV) de Coimbra, Albano Silva Pereira, defende que a tecnologia digital trouxe «novas potencialidades» à fotografia, mas reconhece que «veio matar a estética da fotografia clássica».
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«Tenho uma visão extremamente positiva sobre estes novos suportes, que trouxeram uma potencialidade imensa de utilização», declarou o fotógrafo, a propósito do Dia Mundial da Fotografia, que é assinalado esta quinta-feira. 
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O mundo da fotografia, nas suas diferentes áreas (arte, imprensa, ciência, publicidade e documentação, entre outras), «teve uma mutação bastante grande de há dez anos para cá, com a passagem do analógico para o digital». «O digital veio alterar toda a materialidade da fotografia», afirmou Albano da Silva Pereira, vincando que «só a capacidade de armazenagem deste suporte é hoje enorme». 
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O diretor do CAV estima que «entre 50 e 70% dos artistas contemporâneos» da fotografia aderiram já ao digital e ele próprio teve a primeira máquina digital no início dos anos 90 do século passado. «Mais de 99% do papel acabou», numa altura em que «o digital permite grandes formatos», referiu. 
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No entanto, na fotografia enquanto arte, perdura «um grande mercado arqueológico ou vintage das grandes obras». «Há uma componente química na fotografia clássica que está a desaparecer», reiterou Albano da Silva Pereira. 
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O artista recordou que a produção fotográfica segundo as técnicas antigas implicava o manuseamento de substâncias químicas «extremamente venenosas e poluentes», outra das desvantagens em comparação com o digital. «Esta revolução do digital veio matar a estética da fotografia analógica», salientou. 
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Para o diretor do CAV, «a estética da fotografia alterou-se e os mercados também». «O mercado das galerias de arte contemporânea absorveu o mercado da fotografia», acentuou Albano da Silva Pereira. 
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No Centro de Artes Visuais dirigido pelo fotógrafo, em Coimbra, pode ser apreciada, até 26 de Setembro, a exposição de fotografia «Imaginário da Paisagem», que integra obras da coleção de imagens do Banco Espírito Santo, que a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, visitou no início deste mês. Em Abril, o CAV já tinha inaugurado uma exposição de Jean-François Pirson, que retrata as errâncias do fotógrafo belga por vários locais do mundo. 
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Diário Digital / Lusa  
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