THIAGO GASPAR
Entre tantos retratos da realidade, o fotojornalismo documenta um presente vivo da história. Nesse resumo, quem não aparece na foto, porque está por trás das câmeras pronto para registrar, convive com as angústias e as alegrias dos fatos. É o que vivem diariamente profissionais como Thiago Gaspar, repórter fotográfico do Diário do Nordeste, autor de duas fotos incluídas na edição 2010 do livro "O melhor do fotojornalismo brasileiro".
Ao todo, 90 profissionais integram a publicação, que reúne imagens do que foi noticiado em alguns dos principais jornais e revistas brasileiros ao longo de 2009. Entre imagens produzidas, que exigem criatividade do fotógrafo, e outras que revelam a agilidade do profissional, Thiago optou por enviar um material mais próximo do cotidiano. "Procurei mostrar o flagrante, uma realidade mais nua e crua. Com a prática, o raciocínio fica mais rápido. Não dá tempo de se preparar, então a gente procura se antecipar ao que vai acontecer", explica. Para fazer os flagrantes, Thiago utiliza a lente teleobjetiva para achatar mais os planos e valorizar as emoções dos rostos dos fotografados.
Controle emocional
Em uma das imagens, o desespero de uma mãe, que se joga ao lado do corpo do filho morto, no Conjunto São Miguel, em Messejana. Na outra, a feição de pavor de uma senhora dentro de um carro, que estava sendo engolido por um buraco na avenida Heráclito Graça, em dia de fortes chuvas na capital.
"Temos de ter muito controle emocional pra poder mostrar o que se passa. No caso da mãe, tive o cuidado de entrar um pouco, mas sem invadir o momento. A gente não pode absorver tudo disso, mas dá pra refletir o tipo de sociedade em que a gente vive. O crack, por exemplo, pra mim é o maior câncer da sociedade", avalia.
Já com relação ao registro das chuvas, o profissional teve de lidar tanto com a questão das escolhas do local mais rico em imagens como com o cuidado em não danificar o equipamento. "Nesse dia, acertei o ponto alagado. Preferi mandar só a foto que resume tudo, mas tenho a sequência completa".
Para Thiago, no fotojornalismo tudo depende das decisões. "Não adianta: somos parciais, não pode haver hipocrisia. É importante conhecer o trabalho do profissional pra saber se ele não fica brincando com uma verdade pessoal dele". Na seleção do livro, de acordo com o repórter fotográfico, o factual foi valorizado, aproximando-se do fotojornalismo clássico, no sentido de sintetizar um acontecimento numa imagem.
Trajetória
Thiago Gaspar dos Santos nasceu em 1977, em Florianópolis (SC). Começou na fotografia aos 14 anos. Ingressou no fotojornalismo aos 21 anos e trabalhou nos jornais catarinenses A Notícia, O Estado, Jornal do Dia e Tribuna Do Dia. Há 10 anos no Ceará, trabalha no Diário do Nordeste. Já foi homenageado no Prêmio Nikon Contest 2007 (Talentos Emergentes), com a foto premiada exposta no stand da Nikon, além de ter obtido o segundo lugar no VII Concurso Nacional de Fotografia da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, em 2009.
FOTOGRAFIA
"O melhor do fotojornalismo brasileiro"R$ 69,90
200 páginas
2010
Europa
SÍRIA MAPURUNGA
REPÓRTER
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