Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 3 de julho de 2016

andarilhando pelos coretos 01

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Por esse país fora em muitas cidades e vilas encontramos coretos, na praça principal ou num passeio público, onde aos domingos passeava a população ao som das bandas filarmónicas, especialmente no século XIX e 1ª metade do século XX. Muitos deles exemplares da arquitectura do ferro, embora se encontrem alguns de betão armado, menos trabalhados e por vezes sem coberto.

E, do meu Livros de Viagens, na Marinha Grande, um excerto: "Da praça Stephens, cuidada, partem ruas, algumas pedonais, com floreiras, uma delas lembrando o protector Marquês de Pombal. A fanfarra dos Bombeiros atroa os ares, ensaiando horas a fio no quartel, monotonamente, sempre na mesma toada, preparando talvez os dias de desfile pelas ruas com a garotada e os cães na peugada, como sucedia em Luanda." (Notas de Viagem, 1997.11.01)

fotos victor nogueira - andarilhando pelas digitalizações - CORETOS - da esquerda para a direita e de cima para baixo



1. - Lisboa (Olivais Velho), Braga, Porto Salvo (Oeiras), Serra do Bouro (Óbidos), Sobral de Monte Agraço, Tui (Galiza), Vila Verde






2. - Pinhal Novo (azulejo), Manteigas (Serra da Estrela), Évora, Pinhal Novo, Setúbal


Quem não ouviu a "Banda" a passar, de Chico Buarque ?






Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas
Parou para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor

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