Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Fortificações 31 - Aljezur

 * Victor Nogueira

Como muitas povoações em Portugal, Aljezur cresceu em torno do castelo no cimo do outeiro ou monte, dentro das muralhas se as havia, descendo encosta abaixo, com íngremes e tortuosas ruelas, nos tempos medievais. Com o desenrolar dos  tempos muitas das povoações , perdida a estratégica importância militar, fixaram-se na peneplanície, não poucas vezes deixando ao abandono e ruina a primitiva urbe. Foi assim em Montemor-o-Novo, Monsaraz, Sesimbra, entre outras ...

Aljezur foi fundada pelos árabes no século X, aqui permanecendo cerca de 300 anos. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Alva, também conhecida como Igreja Nova de Aljezur`, edificada no século XVIII, situa-se na planície, na qual a partir do terramoto de 1755 se desenvolveu a Vila, até então alcandorada na íngreme colina defronte, coroada pelo Castelo de Aljezur

Em 2000.04.21 as minhas Notas de Viagem registam: «De Marmelete a Aljezur existem muitos eucaliptos e o cheiro penetra nos pulmões. Perto daquela povoação há muitos cabeços e vales, com vewrde vegetação rasteira. Não se vê uma única casa, que começam a aparecer, isoladas,  perto de Aljezur. 

ALJEZUR - Fotos: de longe ao castelo, a chaminé, ao Castelo, ao cão e vista geral. Museus de Arte Sacra e Francisco Pardal. A povoação está separada pela Estrada Nacional, à beira mar a parte antiga, para leste a nova.».

Encantei-me por Aljezur  desde a 1ª vez que lá estivera, acampado em 1986, como anteriormente me haviam seduzido Vila Nova de Mil-Fontes e Porto Covo.

A essa minha primeira estadia se referem as minhas Notas de Viagens (1997), baaseadas nas minhas memórias e correspondência.

«Viemos a Aljezur fazer compras ao mercado. À tarde vamos para a praia. (...) Estamos acampados no Parque de Campismo de Vale da Telha, perto de Aljezur. (MENS - 1987.08.18)

O nome significa "aldeia das pontes". Ao longe destaca se o seu castelo árabe, arruinado pelo terramoto de 1755, com uma bela vista. Ruas íngremes pela encosta dum cerro. Como não podia deixar de ser, lá encontramos mais uma Igreja da Misericórdia. Perto situam-se as praias de Praias do Monte Clérigo e de Arrifana (ao fundo da aldeia, na encosta íngreme) onde outrora havia um forte de que restam umas paredes que pouco mais são do que pedregulhos.»

«Para Norte, atravessando a sinuosa Serra do Espinhaço de Cão, encontramos Aljezur, em árabe significando Aldeia das Pontes, já referida, pequena vila "conservada" na sombra do seu castelo, povoação ainda com dimensão humana, no meio duma mata que na altura não passava de troncos esquálidos e carbonizados em consequência de sucessivos incêndios. O marulhar das ondas é um ruído constante e monótono audível no Parque de Campismo, a cerca de dois quilómetros. Na praia do Monte Clérigo, extenso areal balizado a a sul pela mole rochosa, casas de veraneio, despretensiosas, onde sobressai uma mais "rica". Para Norte, um pequeno e calmo riacho desagua na arenosa e solitária praia da Amoreira, a qual se alcança atravessando a vau apenas na maré baixa.

Ainda mais para Norte, a caminho de Vila Nova de Mil Fontes, o alcantilado Cabo Sardão, os esgotos desaguando no areal, a praia alcançada por estreito carreiro iniciado cá em cima junto ao característico incaracterístico barraco de comes e bebes. » (Memórias de Viagem, 1997.08.21)




Serra do Espinhaço do Cão


O castelo de Aljezur no horizonte


Aljezur velho







(Susana)



(Rui Pedro)






 



(Igreja da Misericórdia) - Embora o ano exacto da sua construção esteja por determinar, não há dúvida de que a Fundação da Misericórdia de Aljezur foi edificada no século XVI sobre as colinas da vila.

Afectada pelo terramoto de 1755, a Igreja da Misericórdia foi objecto de reconstrução ainda durante o século XVII, voltando a ser intervencionada em 1821 para a reconstrução do seu altar-mor. Caracterizada pelo seu singelo portal renascentista datado de 1577, o seu interior é caracterizado por uma só nave, um pequeno arco triunfal e retábulo-mor feito em madeira, com decorações em talha barroca com transição para o rococó. (1)

Aljezur novo


(ao centro destaca-se a Igreja de N. Sra de Alva)




Esta foto regista alguns pormenores interessantes: o aparente alheamento e separação entre as pessoas, o contraste entre sol, dominante e sombra, a separação entre homens e mulheres.



(à soalheira)


O Parque de Campismo





Com Manuel Salazar, Antónia, Pedro e Susana


Rui, Susana e o Rocinante HZ - 86 - 78, à porta da tenda


depois do incêndio





























as praias e as dunas












(casas na praia de Monte Clérigo)



(dunas)























(Rui Pedro)

os cabos e enseadas






(Cabo Sardão)

Fotos em 1987 e 2000



as praias em postais ilustrados



(praia da Arrifana)


(dunas na praia da Bordeira)


(praia da Amoreira, na foz do rio Aljezur)


(praia do Monte Clérigo, a norte da Arrifana)



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