Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

photoandarilhando por Angola

 * JJ Castro Ferreira (fotos)

* Victor Nogueira (texto)

Exceptuando as duas últimas, as fotos constavam de conjuntos identificados, a maioria com notas manuscritas no verso, pelo meu tio José João, e assim se publicam, complementadas por textos de minha autoria. 

 

Pungo Andongo

Desta viagem não terão ficado registos escritos, apenas fotográficos. Passámos pelo Dondo e Pungo Andongo (Pedras Negras), entre outras, até chegarmos a Malange. Da viagem lembro-me apenas da vila do Dondo, e de que numa subida íngreme e sinuosa, dum lado da estrada morro e do outro precipício, um camião perdeu os travões e veio por ali abaixo, os automobilistas procurando desesperadamente evitar a colisão. O camião acabou por despenhar-se, mas ficou suspenso nas ramagens das árvores, sem haver vítimas pessoais. 


Pungo Andongo (1949) – selo postal

A Fortaleza de Pungo-Andongo (de "Pungo N'dongo", com o significado de "Pedras Altas") localiza-se na província de Malange, em Angola. Erguida em 1671, tinha como função a defesa do presídio (estabelecimento de colonização militar) que assegurava a presença militar Portuguesa e seu comércio na região.

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 - Victor Nogueira no Rio Lucala actualmente Quedas de Kalandula  -  (1962)


Lavadeiras no Rio Cuanza

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Excursão dos alunos da Escola Industrial de Luanda à Fábrica de CimenTos do Lobito


Vila Teixeira da Silva



Rio Cuanza, no Dondo


A caminho do Dondo, depois da Quibala






Nova Lisboa - Zoo

A este zoo vim por duas vezes, nas férias que com a minha mãe e irmão passámos na Caala, no "cacimbo" de 1962, em casa do casal Boaventura de Freitas. «Ontem fomos ao Jardim Zoológico. Há lá leões, onças, hienas, leopardos, um veado (ou coisa parecida), macacos, um bicho parecido com um bisonte, mas com dois chifres e muito mais pequeno. Quando as onças e os leões começaram a fazer um barulho aterrador [ao anoitecer] eu não me pus a andar para não ser alvo de chacota.» (Diário III)



Estrada Caala - Nova Lisboa


Ponte sobre o Rio Catumbela 


Rio Catumbela


Estação ferroviária de Zenza do Itombe 


Locomotiva dos CFB [Caminhos de Ferro de Bengueka] a caminho de Nova Lisboa 



Benguela


Catumbela

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Forte de Nossa Senhora da Vitória de Massangano
 

Igreja e Forte de Nossa Senhora da Vitória de Massangano, junto ao Rio Cuanza

Embora não encontre textos meus coevos sobre Massangano e Muxima, várias vezes fomos a estas vilas. Em Massangano o forte do século XVI foi presídio militar e servia para garantir as rotas comerciais e assegurar o tráfico de escravos para as Américas.  Nesta região, em 1580, travou-se a Batalha de Massangano, na qual as forças portuguesas derrotaram o Reino do Ndongo. Em 1640, as forças da rainha Nzinga atacaram o Forte de Massangano, sendo as  suas duas irmãs, Cambu e Fungi, feitas prisioneiras e esta última executada. Durante a ocupação de Luanda pelas forças da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, em Agosto de 1641, foi em Massangano que as forças portuguesas se refugiaram  e resistiram até à reconquista de Luanda em 1648,  por uma armada financiada pelos senhores dos engenhos do Brasil para assegurarem em seu proveito o tráfico esclavagista. Nessa altura eles tentaram unir Angola a Brasil, mas a burguesia crioula luandense opôs-se e preferiu ficar ligada a Portugal. 

Ambaca, Cambambe, Massangano, Muxima e Pungo Andongo foram os grandes presídios angolanos: foi neles que se refugiaram e resistiram os portugueses durante a ocupação de Luanda pelos Holandeses de 1641 a 1648. 

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