Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 10 de julho de 2010

Alfredo Cunha mostra 40 anos de imagens

Cultura rss



2010-07-08


“Estamos no Mesmo Sítio 1970 - 2010” foi a metáfora escolhida por Alfredo Cunha para baptizar a retrospectiva de quatro décadas dedicadas ao fotojornalismo, que se inaugura hoje no Arquivo Municipal de Lisboa.
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“O mundo mudou, mas levou-nos para o mesmo sítio. Estamos no mesmo sítio porque os problemas são os mesmos. Eu, se quiser, faço fotografias iguais, como fiz há 40 anos, com o mesmo aspecto e isso não deveria ser possível” disse Alfredo Cunha, sobre o nome da exposição que assinala a doação do seu espólio ao Arquivo Fotográfico lisboeta.
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Para o fotojornalista, dono de um longo percurso nos meios de comunicação portuguesa, com passagens por jornais como “O Século” ,“Público” e “Jornal de Notícias”, as mudanças que aconteceram em Portugal são superficiais: “Mudou o verniz da sociedade, mas o profundo da sociedade não mudou e isso é um problema da distribuição da riqueza, é um problema da desigualdade, da ganância”.
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Com 40 décadas dedicadas ao fotojornalismo, Alfredo Cunha habituou-se à palavra crise, uma constante ao longo dos seus 57 anos, algo que não o assusta.
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“Mantenho-me porque gosto muito da fotografia. Sou um sobrevivente” revelou, salientando que encontrou mais dificuldades há 40 anos, quando quis entrar no jornalismo, do que agora.
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Nos anos 70, o gosto pela fotografia era uma descoberta recente do homem que começou a fotografar aos dez anos ?obrigado? pelo pai, que o levou consigo para retratar casamentos.
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“Sou a terceira geração de fotógrafos na família. Tive um avô chamado Alfredo Cunha, um pai chamado António Cunha. Foi estilo “quer queiras que não, vais ser bombeiro voluntário”, contou o actual director adjunto da Global Imagens.
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A exposição “Estamos no Mesmo Sítio 1970 - 2010” estará em exibição no Arquivo Muncipal de Lisboa até 8 de Setembro.
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Fotografia

Diário de NotíciasQuarenta anos de imagens que registam a história

por DAVIDE PINHEIRO07 Julho 2010
Quarenta anos de imagens que registam a história

Inaugura-se amanhã no Arquivo Fotográfico lisboeta a exposição "Estamos no Mesmo Sítio 1970 - 2010", de Alfredo Cunha, que irá doar o seu espólio ao acervo
Quarenta anos de fotojornalismo praticados pelo actual director adjunto da Global Imagens, Alfredo Cunha, são passados em revista na exposição "Estamos no Mesmo Sítio 1970 - 2010". A inaugu- ração está marcada para as 18.00 de amanhã e assinala a doação do seu espólio ao Arquivo Fotográfico lisboeta, onde a mesma irá decorrer.
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Apesar do título irónico, o fotógrafo é da opinião que era muito diferente ser fotojornalista há quarenta anos devido a questões "profissionais e técnicas". Por um lado, o universo jornalístico "não estava tão profissionalizado" e, por outro, a tecnologia disponível "era muito menor". Obrigado pelo pai a escolher a actividade pela qual agora é reconhecido, Alfredo Cunha continua a gostar da profissão, embora reconheça que o cargo que agora ocupa o impede de "ir fotografar para a rua tantas vezes".
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Sobre a exposição propriamente dita, "o fio condutor é o tempo", reconhece o autor. "São 40 anos de fotojornalismo em que retratei as ex-colónias e o fim do comunismo". Nessa abordagem "muito social e humanística", há uma ligação estreita com o universo político que se prolonga, por exemplo, num retrato de Mário Soares. As memórias de Alfredo Cunha dizem que "os momentos marcantes foram a descolonização e a Guerra do Iraque" porque "é aí que nos sentimos pequenos". E embora reconheça ter chegado a correr risco de vida, desvaloriza esse dado por ser "uma condição inerente à profissão de jornalista".
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Alfredo Cunha 40 anos de fotografia Estamos no mesmo sítio, 1970-2010 é um título constatação do estado do mundo. E também de uma exposição que regista a doação que Alfredo Cunha decidiu fazer ao Arquivo Municipal de Lisboa

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Cascais, 1972Rio Homem, 2002Mário Soares, 1991Álvaro Cunhal, 1975Capitão Salgueiro Maia, 1974Vindimas no Douro, 1997"Passados 40 anos, quando mudou tanta coisa, estamos outra vez desesperados e num impasse. Temos mais auto-estradas, mas se eu quiser fazer as mesmas fotografias que fiz no início da minha carreira profissional, consigo fazê-lo." Alfredo Cunha (n. Celorico da Beira, 1953), fotógrafo e fotojornalista, justifica assim o título que escolheu para a exposição que a partir de hoje se pode visitar no Núcleo Fotográfico do Arquivo Municipal de Lisboa - Estamos no mesmo sítio (1970-2010).

Declarado este pessimismo existencial perante o estado do mundo, cabe explicar que esta exposição é mais do que a revisitação dos 40 anos da carreira profissional de Alfredo Cunha, que começou a fotografar para o jornal Notícias da Amadora no início da década de 70 e, ao longo dos anos seguintes, trabalhou para O Século e O Século Ilustrado, o PÚBLICO,O Comércio do Porto e o Jornal de Notícias - actualmente dirige a Agência Global de Imagens.

Estamos no mesmo sítio... é também o registo público da doação que Alfredo Cunha decidiu fazer ao Arquivo Municipal de Lisboa - 10 mil provas em papel e um milhão em suporte digital - e que fica como um acervo fundamental para conhecer a história de Portugal e do mundo das últimas décadas. "Foi a consciência da importância que este acervo pode ter para melhor compreender a História que me levou a fazer esta doação", diz. A opção pelo arquivo na capital justifica-se pelo reconhecimento do "bom trabalho realizado pelos seus responsáveis".

"O que me interessa são as pessoas: as suas dores, o seu quotidiano, também as suas alegrias, mesmo que a pobreza, o desemprego e a angústia, visível, fotografável, nunca desapareçam totalmente", escreve na apresentação do portfólio documental. Registe ele os momentos e as figuras mais carismáticas do 25 de Abril de 1974 e do processo histórico português - como Salgueiro Maia, Álvaro Cunhal ou Mário Soares -, ou apenas os tais momentos do quotidiano, como o trabalho árduo das vindimas no Douro ou o movimento de uma criança a brincar na água. S.C.A.


A fotografia é a mais quotidiana de todas as artes

quinta-feira, 8 de Julho de 2010

"Estamos no Mesmo Sítio: 1970 - 2010" de Alfredo Cunha

Capitão Salgueiro Maia, Lisboa 1974
Alfredo Cunha

Alfredo Cunha nasceu em Celorico da Beira, em 1953. O seu avô e o seu pai já eram fotógrafos.
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"Estamos no mesmo sítio: 1970-2010" foi a metáfora escolhida por Alfredo Cunha para o nome da exposição que reflete o seu trabalho de quatro décadas dedicadas ao fotojornalismo
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"O mundo mudou, mas levou-nos para o mesmo sítio. Estamos no mesmo sítio porque os problemas são os mesmos. Eu, se quiser, faço fotografias iguais, como fiz há 40 anos, com o mesmo aspecto e isso não deveria ser possível", disse o fotojornalista.
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O fotojornalista trabalhou no "O Século", "Público" e "Jornal de Notícias" e publicou inúmeros livros, entre os quais "Raízes da nosa força" (1973), "Disparos" (1976), "O melhor café" (1996) e "Cuidado com as crianças" (2003).
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Em 1998, juntamente com Adelino Gomes, publica "77 fotografias e um retrato", sobre o 25 de Abril de 1974.
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A exposição pode ser visitada no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa até 8 de Setembro e assinala a doação do espólio do fotógrafo a esse mesmo Arquivo.

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