Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Centro Português de Fotografia evoca a Madeira



Mostra da criação de Henrique Silva no Porto

2010-05-01

ISABEL PEIXOTO
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O Centro Português de Fotografia, no Porto, inaugura amanhã uma exposição e uma instalação, às 16.30 horas. A primeira das iniciativas está relacionada com a ilha da Madeira, enquanto a outra, da autoria de Henrique Silva, "fala" sobre a sociedade moderna.
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Constituída por 32 imagens da colecção Alcídia e Luís Viegas Belchior e que pertencem à colecção nacional do Centro Português de Fotografia (CPF), a mostra "Recanto do oceano" estará patente até ao próximo dia 22. Nela, o visitante pode aperceber-se daquilo que a instituição considera serem as inabaláveis referências culturais, sociais, geográficas e paisagísticas da ilha que, em Fevereiro passado, foi fortemente atingida pela fúria da Natureza.
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Numa nota enviada à Imprensa, o CPF refere que, com esta exposição, composta por imagens a preto e branco, o que se pretende é "retratar a beleza da ilha do Atlântico", onde a recente tragédia não afectou "a memória de um romantismo idealizado e vivenciado entre o século XIX e o século XX". Acrescenta que se trata, ainda, da "possível e justa homenagem à ilha da Madeira e aos seus habitantes, que todos os dias conquistam as adversidades do relevo e do imprevisto"
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Entre as fotografias expostas, estão imagens que mostram a faceta turística da ilha. Há pelo menos duas em que se vêem carros de passeios: um puxado por uma junta de bois, cuja inscrição original é "Madeira/Bullock Carro"; outro gerido pela força de braços, daqueles que ainda hoje são uma das imagens de marca do turismo da Madeira. Um dado curioso podemos aqui acrescentar: há muitos casos em que se desconhece a autoria, sendo de admitir que certas fotografias tenham sido tiradas por turistas.
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Instalação até Julho
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Já "Sussurro", obra do artista plástico Henrique Silva, pode ser vista até ao dia 25 de Julho. Trata-se de uma instalação de 60 painéis de madeira que rodam sobre o próprio eixo e que têm imagens na frente e no verso. Técnica que acaba por ser dupla, uma vez que se trata de fotografias em que cada pessoa aparece de frente e de costas.
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"As sociedades organizadas satisfazem a necessidade social da espécie humana acumulando grupos que se identificam como entidades congénitas institucionais levadas ao paradigma da escala de poder onde uns são mais que outros", dizia o autor, em jeito de apresentação do seu trabalho, visto pela primeira vez em 2008. Nessa mesma nota, Henrique Silva lançava a questão: "Que espécie humana permite essa escala que pejora a relação saudável da sociedade onde está sujeita à necessidade de presença do semelhante, como um castigo, e onde a quietude não tem lugar...?".
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As pessoas aparecem em tamanho real, como se fossem personagens anónimas, podendo o visitante andar entre elas. Mas, para que circule, tem de empurrar os painéis. É como se se tratasse da hora de ponta numa grande cidade, pretendendo o autor destacar o anonimato acentuado pela falta de espaço vital a cada pessoa.
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Exposição “Recanto do Oceano”


Doce pedaço português de poesia, a ilha da Madeira imortaliza teimosamente a paisagem, a arquitectura, os costumes e tradições que perduram e persistem de uma forma imponente, afirmando com convicção uma identidade muito própria.
Embora geograficamente pequeno, este recanto do oceano revela uma infinitude de paisagem natural com vegetação exuberante, majestosas escarpas e arribas de rocha basáltica de cor escura, cujos mistérios naturais nos transportam ao passado e nos ajudam a reflectir a construção do presente.  
Nesta exposição, procuramos retratar a beleza de uma ilha do Atlântico que apesar das circunstâncias dramáticas dos últimos acontecimentos, não afecta a memória de um romantismo idealizado e vivenciado entre o século XIX e XX numa selecção de 32 imagens da colecção Alcídia e Luís Viegas Belchior, pertencentes à Colecção Nacional de Fotografia do Centro Português de Fotografia.
 
Madeira, Funchal – S.S. “Scot” | CNF 3450/Colecção Alcídia e Luís Viegas Belchior | © CPF-DGARQ/MC
 
Exposição patente na Sala Joshua Benoliel do CPF (2º piso) até 22 de Maio.
   
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Instalação “Sussurro” de Henrique Silva
 
As sociedades organizadas satisfazem a necessidade social da espécie humana acumulando grupos que se identificam como entidades congénitas institucionais levadas ao paradigma da escala de poder onde uns são mais que outros.
Que espécie humana permite essa escala que pejora a relação saudável da sociedade onde está sujeita a necessidade de presença do semelhante, como um castigo, e onde a quietude não tem lugar...
Essa é a razão da aglutinação nas grandes cidades, onde o espaço vital se deteriora, por um lado pela exiguidade da liberdade de movimentos, e por outro pelo número de regras indispensavelmente estabelecidas para salvaguardar o controle dos direitos do poder sob a capa da salvaguarda da igualdade de direitos...
Quem o permite, esse poder, senão essa mesma sociedade que, faminta da presença das “massas” no seu círculo, consente subjugar-se a critérios ditados por alguns, em detrimento do próprio círculo onde se inscreve cada sociedade, perdendo assim características e identidades que são próprias a cada círculo.
Não será essa a maior maldição da espécie humana?  Henrique Silva | Novembro 2008
© Henrique Silva 
 
Instalação apoiada pela Moldarte Póvoa, Museu  Bienal Cerveira e Projecto N.D.C. patente na Sala de Reuniões do CPF (2º piso) até 25 de Julho.
 
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Exposição “Resistência. Da Alternativa Republicana à Luta contra a Ditadura (1891-1974)”
 
A República que se instaurou há cem anos atrás está na origem da democracia em que vivemos. A construção da democracia teve um contributo essencial das lutas dos republicanos contra a Monarquia e, depois de 1910, em defesa da República. Em 1926, ela caiu às mãos dos militares autoritários. 
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Implantou-se em Portugal uma longa ditadura de 48 anos. Durante esse quase meio século, houve sempre quem resistisse: quem lutasse contra a opressão, e quem tivesse enfrentado corajosamente a repressão dos direitos e a negação das liberdades: republicanos, anarquistas, comunistas, socialistas, católicos progressistas, democratas de todas as cores, incluindo alguns monárquicos. Uns organizaram revoltas armadas, outros foram resistindo  no dia a dia. Nesta exposição, procuramos retratar rostos, gestos, momentos da vida desses portugueses cuja resistência e luta é, de forma decisiva, responsável pela nossa liberdade. Os ideais em nome dos quais estes homens e estas mulheres lutaram foram muito diversos e, muitas vezes, contraditórios.
 
Lisboa, Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910  |  Fundo Aurélio da Paz dos Reis, APR 1775 | © Centro Português de Fotografia/DGARQ/MC
 
Núcleos
I   Sant’Ana - A Caminho da República 1891-1910
II  Pátio – O 5 de Outubro
III  Senhor de Matosinhos - Implantar e defender a I República 1910-18
IV Santo António – Restauração e Fim da I República 1918-26
V  Santa Teresa - A Ditadura e o Reviralho 1927-31
VI Átrio das Colunas  - Uma Ditadura para durar 1932-34
VII Sala das Colunas – Resistir 1934-58
VIII Átrio do Tribunal – O Furacão Delgado 1958-62
IX Sala do Tribunal – Da Guerra Colonial ao 25 de Abril de 1974  
Esta exposição é organizada pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (www.centenariorepublica.pt) e comissariada por Tereza Siza e Manuel Loff.
 
A exposição estará patente até 5 de Outubro.
 
Horário: 3ª a 6ª - 10h às 12h30 | 15h às 18h
Sábados, Domingos e Feriados - 15h às 19h
 
Entrada Livre 
 
Centro Português de Fotografia/ Direcção-Geral de Arquivos
Edifício da Cadeia da Relação do Porto
Campo Mártires da  Liberdade - Porto
Telf: 222 076 310   |   Fax 222 076 311
www.cpf.pt   
 

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