Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 10 de abril de 2021

Cambambe e o Rio Cuanza

 * Victor Nogueira

Rio Cuanza O seu caudal esta muito reduzido e o leito em grande parte está seco. Ao pé da ponte há diversos rápidos. O Cuanza nasce no planalto do Bié, desaguando ao sul de Luanda. Tem um percurso de 1000 km, 258 dos quais navegáveis, incluindo o seu afluente Lucala.

O Rio Cuanza tem um grande valor económico. No Cuanza médio encontra-se a barragem de Cambambe. No rio Lucala encontram-se as célebres Quedas do Duque de Bragança (100 m de altura) (Diário III, 1962.09.14)

11:10 Cambambe

Passámos perto de Cambambe, onde se encontram as ruínas da povoação do século XVI, e a barragem. Entrámos na EN nº 5.                                              

11:25 Tornámos a avistar Cambambe. Seguimos na EN nº 3, que segue até Luanda. As ruínas de Cambambe são constituídas pela antiga Igreja de N.  Sra do Rosário, resto das muralhas e fosso da fortaleza, e ruínas de outros edifícios. Está bastante calor. (in De Nova Lisboa a Luanda, por terra – Relato I - 1962 09 13)



Cambambe – Ruínas da Igreja e da Fortaleza ([1]) 

Saímos de Luanda às 4 horas da madrugada, tendo regressado às 22 horas. Passámos por Viana, Catete, Maria Teresa, Dondo, etc. Almoçámos na cantina da barragem. No Dondo parámos. Fui à capela de lá.

Atravessámos vários rios: Cuanza, Lucala e outros. Visitámos a barragem. As ruínas da antiga povoação [de Cambambe] estão cobertas de capim. (Diário 1962.06.17) (Diário III pags 133/134)

As ruínas de Cambambe são constituídas pela antiga Igreja de N.  Sra do Rosário, resto das muralhas e fosso da fortaleza, e ruínas de outros edifícios. ([2])

Dentro de Cambambe há um bairro, com casas modernas e arvoredo. O terreno é acidentado e há uma pousada. Há um cinema, com bilhetes a 50$00, às 5ªs e domingos.

Visitámos a barragem, cujas turbinas giram a 230 rotações por minuto. A 1ª fase da construção está concluída. O rio passa a um nível superior ao das turbinas. A água sai pelo descarregador com uma força impressionante, oferecendo um aspecto maravilhoso. (Diário III, 1962.09.14) ([3])

 





Foto Victor Nogueira - Cambambe - ruínas da igreja. N. Sra. dos Remédios - (á porta, minha mãe) - 1964 06 14  


Fortaleza e Igreja de Cambambe ([4])


Forte e Igreja de Cambambe ([5])


Em Cambambe (1963)


Nas margens do Rio Cuanza (Cambambe), com o Ford Consul (ASG – 01 – 64), em 1964 06 17

Rio Cuanza (foto Victor Nogueira)


Rio Cuanza, visto da barragem (foto Victor Nogueira)

Rio Cunza em Cambambe ([6]) 


(na barragem)



Barragem de Cambambe (fotos jj castro ferreira)


[1] - in Batalha, Fernando – Povoações históricas de Angola, Livros Horizonte Lisboa, 2008

[2] - A construção do forte Foi iniciada em fins de 1602 por determinação do capitão-general da Capitania-Geral do Reino de Angola, Manuel Cerveira Pereira (1603-1606, 1615-1617), no contexto da penetração e conquista do interior do território angolano pela via do rio Cuanza, o maior do país, assegurando a defesa do presídio (estabelecimento de colonização militar) então fundado.

A ocupação da região das serras de Cambambe custou muito aos Portugueses, em virtude da resistência oferecida pelos nativos à conquista europeia. Além de materializar a presença militar Portuguesa, o presídio constituiu-se num ativo entreposto de mercadorias e de escravos capturados na região, aguardando pelo seu transporte para o continente Americano.

(in http://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=505&muda_idioma=PT )

[3] - Ambaca, Cambambe, Massangano, Muxima e Pungo Andongo foram os grandes presídios angolanos: foi neles que de afirmou o domínio Português quando os Neerlandeses dominaram o litoral no século XVII. Dotados de guarnições militares, constituíam as circunscrições administrativas fundamentais do território, sendo chefiados por capitães-mores nomeados pela Coroa ou por regentes, designados pelo Governador-geral. A partir deles desenvolveu-se a penetração comercial, religiosa e política no território; deles partiam as expedições militares e neles buscavam refúgio os colonos em caso de maior perigo. ("Presídios de Angola", in SERRÃO, Joel (dir.). "Dicionário de História de Portugal (4 vols.)". Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1971. Vol. III, p. 474-475.)

[6] - in Batalha, Fernando – Povoações históricas de Angola, Livros Horizonte Lisboa, 2008


VER 

Cambambe


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