Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 26 de abril de 2021

1º de Maio, em Évora, 1974 e 1976

 * Victor Nogueira



1974

Em 1974 registava: «O Partido Comunista Português pretendia declarar uma greve geral para o próximo 1º de Maio. Mas a Junta de Salvação Nacional instaurada após as 1ªs convocações - Haverá greve ou não? Ou limitar-se-á a uma convocação gigantesca? Até que ponto a SEDES e a CDE bem como os sindicatos conseguirão “controlar” a situação para não obrigar a Junta a desmentir as suas afirmações ?»   (MCG – 1974.04.27/28)

«Domingo de manhã houve uma manifestação popular. À noite fui ao cinema ver " Malteses, Burgueses e às Vezes", (2) que era português e passado em Angola, nomeadamente em Luanda. O 1º de Maio - Dia do Trabalhador - é finalmente feriado. Prevê se uma manifestação, que de resto agora são livres. (...) Viste o TV 7, ontem, domingo? É muito para um homem só ouvir finalmente, aquilo que alguns pensavam, muitos sentiam, mas não se podia dizer. E sobretudo o fim da guerra colonial, o direito à greve... Não, (...) não creio que se possa retroceder. A luta dos próximos tempos será de morte (não, não me refiro à guerra civil!); espero que o povo português não perca tudo o que pretenderão tirar-lhe: uma sociedade mais justa e humana. Mas de algo estou certo: "a longa noite do fascismo não voltará!".» (MCG - 1974.04.27/28)

Em Évora, no ISESE, antes do 25 de Abril o ISESE encerrava no dia 1º de Maio – Dia de S. José Operário, cuja estátua, com esta etiqueta, estava no 1º lance das escadas do piso térreo para os superiores.

Não tenho memória da manifestação do 1º de Maio de 1974, em Évora embora messe dia se tenha realizado uma Reunião Geral de Alunos do ISESE:

«Ao 1º dia do mês de Maio de 1974, pelas 16,35h, estudantes do ISESE, reunidos em Assembleia na sede do MDE  [Movimento Democrático de Évora], como anteriormente se verificara a 30 de Abril, para informalmente discutirem alguns objectivos ligados ao funcionamento interno daquele estabelecimento de ensino, a fim de em RGA [Reunião Geral de Alunos] a realizar 6ª feira, pelas 21:00 horas, serem definidas as medidas a tomar e a sua resolução imediata.

No início da reunião verificou-se a presença de 47 estudantes.

As razões que levaram aqueles estudantes a tal procedimento  foram justificadas pelo apoio ao 1º de Maio – DIA DO TRABALHADOR – e a  sua celebração festiva.

Mais se acrescenta que para além do momento histórico porque passamos a vontade dos estudantes foi aceite pela mesa informalmente constituída.

Foi então posta em causa a natureza da reunião, tendo-se decidido que a mesma não revestia qualquer aspecto de Reunião Geral de Alunos. Quaisquer decisões ali tomadas deveriam ficar sujeitas a posterior ractificação. (…) No prosseguimento da reunião foi nomeada e aceite por unanimidade uma Comissão Redactorial, composta por cinco elementos. Até se pôr termo à reunião foram novamente invocados vários objectivos da anterior RGA, que ficaram em suspenso. Dado o limitado número de estudantes presentes, às 19:45 horas, a Mesa deu por encerrada a Reunião. Évora, 1 de Maio de 1974 A Comissão Coordenadora das Actividades da Associação dos Estudantes.»




A sala da AEISESE, com entrada do exterior, após o 1 de Maio de 1974. Até aí a sala ficava no último piso de ISESE e não se tinha acesso fora das horas normais das aulas !

1976










Fotos em 1974 e 1976


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