Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 17 de abril de 2021

fotos de capa em abril 17

 * Victor Nogueira



2021 04 17 Foto victor nogueira - Leiria  - Sé (painel de azulejos) - rolo 346 (1998.06.03)



2020 / 2019 / 2015 04 17 maria emília - fases da vida ou as marcas do tempo (fotos de estúdio) - Porto 1920.01.04 / Setúbal 2013.04.17


2020 / 2018 / 2016 04 17 Victor visto pelo Francisco em 2015 05 05 - Eu vestia uma camisa aos quadrados brancos e violeta, um blusão beige (com dois bolsos visíveis) para além de calças e sapatos pretos. Perguntando-lhe pelo relógio que estava encoberto pelas mangas, ele acabou por aparecer ... por cima da manga esquerda do blusão 


2018 Foto victor nogueira - em Paço de Arcos, O Príncipe (Porto 1921 / Setúbal 2013) da Maria Emília (Porto 1920 / Setúbal 2013), com os netos Rui e Susana


2017 04 17 Foto victor nogueira - Em Setúbal, 4 gerações contando com o fotógrafo: Maria Emília (m. 2013.04.17), Lilí (m. 2017.03.17), Francisco (n. 2009.04.17) e Susana


2015 04 17 em carcavelos - foto jjcastro ferreira (+) - maria emília (+), manuel (+), celeste (+), susana, maria luísa, rui pedro, victor, esperança (+)


2014 04 17 - Foto Victor Nogueira - Maria Emília - 1920-01-04 / 2013-04-17

Falar, lembrar, é um solilóquio, um exercício solitário e na solidão. São os vivos e o futuro o destino do meu olhar e do meu caminhar. Sem esquecer o passado, Num tempo e numa terra em que a solidariedade, a entre-ajuda, a disponibilidade são cada vez mais palavras vãs. que se esgotam no dia a dia ou na virtualidade asseptica das redes sociais onde o único sentido activo é o da visão, raramente o da audição, mas nunca os do tacto, do olfacto ou do sabor a sal...


2013 04 17  3 Gerações - Foto Rui Pedro


Maria Emília - Porto 1920.01.04 / Poceirão 2013.04.17

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O LUGAR DA CASA

...

Uma casa que fosse um areal deserto;

que nem casa fosse; 

só um lugar onde o lume foi aceso,

e à sua roda se sentou a alegria;

e aqueceu as mãos;

 e partiu porque tinha um destino;

coisa simples e pouca, mas destino 

crescer como árvore,

resistir ao vento, ao rigor da invernia,

e certa manhã sentir os passos de abril ou, quem sabe?,

a floração dos ramos, que pareciam secos,

e de novo estremecem 

com o repentino canto da cotovia 

 

Eugénio de Andrade  

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Poema à Mãe 

 

No mais fundo de ti,  

eu sei que traí, mãe  

 

Tudo porque já não sou  

o retrato adormecido  

no fundo dos teus olhos.  

 

Tudo porque tu ignoras  

que há leitos onde o frio não se demora  

e noites rumorosas de águas matinais.  

 

Por isso, às vezes, as palavras que te digo  

são duras, mãe,  

e o nosso amor é infeliz.  

 

Tudo porque perdi as rosas brancas

   que apertava junto ao coração

   no retrato da moldura.  

 

Se soubesses como ainda amo as rosas,  

talvez não enchesses as horas de pesadelos.  

 

Mas tu esqueceste muita coisa;  

esqueceste que as minhas pernas cresceram,  

que todo o meu corpo cresceu,  

e até o meu coração

   ficou enorme, mãe!  

 

Olha — queres ouvir-me? —

 às vezes ainda sou o menino  

que adormeceu nos teus olhos;  

 

ainda aperto contra o coração

rosas tão brancas  

como as que tens na moldura;  

ainda oiço a tua voz:      

      

Era uma vez uma princesa            

no meio de um laranjal...  

 

Mas — tu sabes — a noite é enorme,

e todo o meu corpo cresceu.  

Eu saí da moldura,  

dei às aves os meus olhos a beber,  

 

Não me esqueci de nada, mãe.  

Guardo a tua voz dentro de mim.  

E deixo-te as rosas.  

 

Boa noite.

Eu vou com as aves. 

 

 

Eugénio de Andrade, in "Os Amantes Sem Dinheiro"



2012 04 17 'To dream an impossible dream' - Porque não? Sonhar as coisas impossíveis!

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