Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

30 anos de belas fotografias

 
Brugger
Na foto, os fundadores do clube.
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Desde cedo reconhecida como um polo industrial, Caxias nunca havia sido vista como campo fértil para a arte da fotografia até o dia 25 de setembro de 1980. Na época, predominava uma interpretação mais comercial da atividade, voltada para cobertura de casamentos, retratos de família e serviços publicitários.
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Foi a partir da fundação do Clube do Fotógrafo de Caxias do Sul (CFCS), que celebrou 30 anos neste sábado, que a produção e a apreciação de imagens ganharam critérios estéticos e críticos, tornando a entidade em um marco na cultura local.
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A origem da instituição está vinculada ao interesse comum de um grupo de amigos. Paulo Valiati, Névio Briani, David Milani e Joel Jordani, funcionários do Banco do Brasil, idealizaram um clube que evidenciasse a fotografia. As primeiras trocas de ideias aconteciam em reuniões informais.
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Um dos pontos de encontro era a loja de material fotográfico Studio Geremia, onde o gerente Aires Batistel testemunhou parte dos anseios comungados pelos iniciantes. A ele e aos demais curiosos pela arte juntaram-se Aldo Toniazzo, Paulo Valiati, Severino Schiavo, Duval Ravizzon e Jairo Bezerra, formando a primeira diretoria do CFCS e inaugurando uma nova e atraente dimensão para a fotografia caxiense.
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Conforme Batistel, hoje aos 51 anos, de imediato o clube mostrou sua proposta conceitual em diversos eventos, como concursos e mostras fotográficas locais. Seus membros também receberam convites para participar como jurados em outras competições. Com o tempo, o nome de Caxias do Sul foi projetado no âmbito nacional e no Exterior. Associado à Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema, a instituição deu visibilidade a obras de Walter Brugger, Mauro Peregrina, Severino Schiavo, Aldo Toniazzo, Ary Trentin, Luciene Marin, Luis Geraldo Melo, Germano Schüür, entre outros, que conquistaram prêmios em concursos, salões e bienais de fotografia.
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Internamente, a programação estimulava o juízo crítico entre seus membros por meio da escolha da foto do mês e das discussões relativas ao universo da linguagem fotográfica e às novidades do mercado. O clube, aliás, foi responsável por difundir na cidade muitos dos avanços tecnológicos vistos hoje nessa arte. Os recursos obtidos das mensalidades não supriam as demandas de aluguel de um imóvel e a manutenção da estrutura. A situação fez com que, por volta de 1998, a instituição deixasse de operar.
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A retomada das atividades aconteceu em um ambiente totalmente diferente. A popularização da fotografia digital permitiu que, em 2006, a entidade abraçasse uma animada geração de promissores talentos, mantendo o desafio de identificar e explorar conceitos estéticos e linguísticos da atividade. Esse novo momento é retratado com entusiasmo pelo atual presidente, Adriano Soldatelli, 44 anos. Entre as ações, ele salienta o êxito da 26ª Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco. Em parceria com a Confederação Brasileira de Fotografia (Confoto) e a Secretaria Municipal de Cultura, o evento foi instalado em Caxias do Sul no início de junho.
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Após avaliar 2.094 imagens enviadas por 39 fotoclubes do país, a programação exibiu 120 trabalhos na Galeria de Arte Gerd Bornheim. A solenidade de premiação da 26 ª Bienal mostrou o potencial do Clube do Fotógrafo de Caxias do Sul e de entidades do gênero para projetar o nome de artistas amadores. Durante o discurso de Sidney Luis Saut, presidente da Confoto, um dos personagens reverenciados foi o do médico caxiense Walter Brugger, presente na plateia. Seu nome foi lembrado pelas inúmeras premiações conquistadas por meio do trabalho desenvolvido junto à entidade e pelo título de Artista da Federação Internacional de Arte Fotográfica (Afiap).
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Soldatelli lista ainda projetos como a Fotografia na Parada, iniciativa urbanística compartilhada com a prefeitura que possibilitou expor obras dos associados em três terminais de ônibus. A caminhada fotográfica (Photowalk) foi uma das últimas incursões coletivas, em que os participantes captaram os cenários centrais da cidade.
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O resultado pode ser apreciado pelo Flickr, que é uma ferramenta de visualização fotográfica na internet.
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O Clube na história da cidade
A fundação do Clube do Fotógrafo é um capítulo importante na evolução da arte em Caxias do Sul. O início dessa história, porém, data da década de XXXX, com a chegada dos pioneiros Domingos Mancuso, Giovanni Serafini e Giácomo Geremia, atraídos pelo vigor fabril da cidade. Além das paisagens, se dedicaram a retratar ações promovidas pela Igreja Católica, pelos clubes Juvenil e Recreio da Juventude, pelas associações comerciais, entre outros organismos comunitários. A criação da Festa da Uva, a permanente constituição de empresas, bem como a solidificação da Universidade de Caxias do Sul (UCS), fomentou a atividade fotográfica. A partir de década de 1950, nomes como Clemente Tomazoni, Ary Pastori, Ulisses Geremia centraram seus trabalhos no atendimento de coberturas nas mais diversas facetas da comunidade. Já na década de 1970, a fotografia colorida incorporou-se aos caprichos da maioria das pessoas. Os laboratórios fotográficos Tomazoni e Scalco especializaram-se em processar filmes e ampliações. Estas duas empresas também incentivaram promoções culturais no segmento, com mostras, concursos e patrocínios a variados projetos. Hoje, o Curso Superior de Fotografia da UCS, o trabalho de inúmeras agências publicitárias e editoras e as iniciativas artísticas sinalizam um legítimo e promissor mercado para quem almeja atuar na atividade.
Texto: Roni Rigon-Repórter Fotográfico
Foto - Celso Tissot
Foto - Daniel Herrera
Foto - Joel Jordani
Foto - Daniel Herrera
Foto - Leandro Badalotti
Grupo atual do Fotoblube. Foto Ricardo Wolffenbuttel
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3 respostas para “30 anos de belas fotografias”

  1. André da Silva Aguiar diz:
    Parabéns pelos 30 anos do grupo e pela matéria, sou um apaixonado fotografo e gostaria de deixar aqui meu abraço aos colegas!
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  2. Parabéns, caros companheiros de jornadas fotográficas!!!
    De um caxiense, que há muito tempo partiu para o mundo (1976). Iniciando por Porto Alegre, onde cursei Biologia na Ufrgs e lá descobri a Fotografia, numa disciplina do bacharelado de Botânica. Desde então passou a ser meu principal ofício. E é com orgulho que acompanho esse trabalho tão criativo e dedicado de Vocês. Da Serra Gaúcha, hoje estou na beira do mar do Campeche, Ilha de Santa Catarina - terra de meu falecido pai, Alvim Dias, contemporãneo do médico Walter Brugger e do Geremia. Hoje seu sobrinho e amigo, Luís Geremia, também está aqui em Floripa. São os encontros e caminhos do destino.
    Vida longa ao Fotoclube!!! Sucesso em todos seus eventos!!!
    Quem sabe, num futuro próximo, possa matar a saudade da Serra e confraternizar com todos Vocês? Será um grande prazer!
    Recebam minhas,
    Saudações Luminosas!
    Bira Dias - Fotógrafo
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