Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Imagens migrantes

FOTOGRAFIA

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Registros do banco de imagens da Galeria Maria Furlani: experimentos contemporâneos em fotografia para diversos suportes
PEDRO CÂMARA
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MARIANA FURLANI
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Mariana Furlani: "A ideia é trabalhar a imagem fotográfica de maneira aplicada e exclusiva"
ALANA ANDRADE
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Registros do banco de imagens da Galeria Maria Furlani: experimentos contemporâneos em fotografia para diversos suportes
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VITOR ALENCAR
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27/10/2010
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Exposição reúne experimentos fotográficos que compõem o acervo da Galeria Mariana Furlani. Imagens registram paisagens naturais e cenários urbanos, que margeiam a abstração. O banco de imagens do projeto é composto de mais de mil fotografias, pensadas para o emprego em diversas superfícies
Aproveitar todo o potencial da fotografia como objeto de arte e levá-la para além das páginas de revistas ou paredes de exposições. Com esse objetivo, a galeria e escritório de arquitetura Mariana Furlani Arte Contemporânea (MFAC) lança seu Banco de Imagem, que reúne um rico acervo de produção visual elaborado por 11 arquitetos e uma fotógrafa.

São mais de 1mil imagens digitais que podem ser impressas em diferentes suportes - desde papel até vidro, tecido, adesivo e PVC - e utilizadas em trabalhos de ambientação, publicidade, cenografia, design e outras áreas. A prática chama-se "Arte Aplicada", e, segundo a proprietária que dá nome à galeria, trata-se de uma tendência que está apenas começando a ser explorada em Fortaleza.

O banco é constituído por imagens de paisagens naturais (praias, lagoas, vegetação) e urbanas (edificações e espaços construídos), realizadas em diferentes lugares do Brasil e de outras partes do mundo. Para garantir um resultado estético interessante (que algumas vezes aproxima-se do abstrato), os artistas lançaram mão de um olhar mais sensível e aguçado, que captasse cores, ângulos, formas e efeitos de luz e sombra diferenciados. "Há muitos detalhes de edificações, efeitos experimentais, abordagens em que se realça uma determinada forma ou luz, e até fotografias feitas tão de perto a ponto de atingirem um resultado abstrato", explica Mariana Furlani, coordenadora e uma das participantes do projeto.

Estratégia
Para formar plateia, mercado e revelar ao público as possibilidades de aplicação, parte desse banco de imagens compõe a mostra "Como Viajantes", em exposição na MFAC. São cerca de 70 peças impressas em papel fotográfico, artesanal, PVC, película e vidro. Mais de 100 peças também foram utilizadas em 16 ambientes da Casa Cor 2010, onde integram a formatação dos ambientes.

A escolha de abordar o universo dos espaços físicos e construções deu-se pelo fato de quase todos os integrantes do Banco de Imagem serem arquitetos. "A exceção é a fotógrafa Sheila Oliveira, que mesmo assim é conhecida por seu interesse em paisagens naturais e urbanas, inclusive com um trabalho publicado sobre a carnaúba", ressalta Furlani. No banco, há fotografias do litoral, das serras e do sertão do Ceará, de outros estados, como Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Rio Grande do Sul e de países da América do Sul (Argentina, Chile, Peru, Bolívia), da Europa (Espanha, Itália, Inglaterra, Holanda, Suíça) e EUA (Nova York, Califórnia).

O projeto teve início a partir de conversas entre os integrantes, que se conheciam previamente. "São todos amigos de faculdade ou colegas de trabalho", esclarece Furlani. "A princípio, cada um foi buscar no seu acervo pessoal as fotografias. Depois, dedicaram-se a construir outras novas, até reunir um conjunto suficiente para a mostra", recorda. O processo todo demorou cerca de um ano.

Para obterem um feedback do público antes de exporem as imagens, o grupo decidiu mostrar o trabalho a alguns colegas. "O boca a boca levou alguns arquitetos a solicitarem imagens para compor seus ambientes na Casa Cor. Hoje temos várias opções de materiais, a ideia é trabalhar a imagem fotográfica de maneira aplicada e exclusiva para cada cliente, fazer painéis em áreas comerciais, composições em grandes formatos, impressões em tecido ou movelaria, e tudo isso a um custo mais reduzido do que no caso de esculturas ou pinturas, por exemplo".

Entre os ambientes da Casa Cor que acolheram esse trabalho está, por exemplo, o Loft da Sustentabilidade, onde foram utilizadas imagens de água com reflexos de luz, pedaços de céu e outros elementos. "Na Sala da Arquiteta, há painéis bem grandes com detalhes de árvores e galhos, que cedem ao ambiente um caráter mais natural", enumera Furlani.

"O Flat da Fotógrafa foi outro ambiente que se adequou perfeitamente. Lá foram utilizadas imagens em vários tamanhos impressas em diferentes suportes, com molduras de cores múltiplas. E não só nas paredes, mas nas prateleiras", comemora a arquiteta. "Certamente as pessoas passarão a entender a fotografia de outra maneira, como objetos reprodutíveis e adequáveis a qualquer ambiente. Elas podem facilitar na hora de passar um conceito, uma ideia".

É arte?
Para a artista, a manipulação digital de imagem apenas agrega valor ao processo. "Imagem distorcida, recortada, isso tudo é arte. E ao ser aplicada fica mais presente na vida das pessoas", opina. "Arte é a representação do nosso modo de vida, e o consumo é uma das formas de nos apropriarmos, nos aproximarmos dela. Todo artista quer isso, viver da arte e que as pessoas tenha contato com seu trabalho", afirma.

MAIS INFORMAÇÕES
Exposição "Como viajantes"
Até dia 30 de novembro na Galeria Mariana Furlani (Rua Canuto de Aguiar, 1401, Meireles). Fone: (85) 3242.2024
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http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=874544
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